12 novembro, 2011

A CPLP... Porque não faz parte de um Plano B?

"Insanidade é estar a fazer as mesmas coisas e esperar resultados diferentes"
Eisntein

"Minha  pátria é minha língua"
Fernando Pessoa

"Angola é um país no qual o Japão tem muito, muito interesse. O  Brasil tem o mesmo interesse. Portugal, idem  aspas. Porque é que não colaboramos?"
Akira Miwa

As duas primeiras citações constam de um artigo de opinião - O redescobrimento do Brasil - assinado por um brasileiro, Carlos Nepomucemo, publicado no semanário Expresso de hoje (não disponível on-line). A leitura recomenda-se e o citado artigo termina assim:
"Não seria um erro estratégico colossal ignorar o Brasil e outros países de língua portuguesa como se está a fazer?"
A terceira citação é minha, de um post  editado em Agosto de 2010 e o senhor citado é o actual embaixador do Japão, em Portugal. Vejamos o que este senhor disse mais:
“O interesse do (vosso) Governo está muito voltado para o centro da Europa, o que acho natural. Mas isso traz efeitos secundários.Com esse sucesso europeu, o país tende a esquecer a importância que poderia ter no resto do Mundo, fora da Europa. Sobretudo agora, num momento em que assistimos às dificuldades económico-financeiras em toda a Europa. Penso que o Governo português e o sector privado deveriam repensar sobre a sua dependência um pouco exagerada do mercado europeu.”
“... como ministro Finanças e como primeiro-ministro (Cavaco Silva) visitou várias escolas japonesas e tinha ficado agradavelmente surpreendido com o conhecimento histórico das crianças sobre Portugal. Vocês deviam fazer o mesmo nas escolas, ensinar a cultura e a história dos países por onde passaram. É uma pena não o fazerem. Faz parte da memória. Não a manter é quase esquecer o passado. Falo também da índia, da China. Estão a perder a vossa memória.”
“Há muitas semelhanças entre portugueses e japoneses (…) A maneira de ser, o modo de reagir é muito igual. À parte o nosso relacionamento histórico, temos muito em comum. O japonês é mais português que espanhol. Para nós a Espanha é um país muito interessante, sim, mas por causa da diferença. Portugal é como se fosse o Japão europeu".
“Apesar do nível económico fraco, o nível de compreensão cultural e artístico (dos portugueses) é muito superior” (ler tudo aqui)
Não se pense que só de fora nos vêem assim e nos sugerem alternativas relativamente ao "rumo que a barca leva" (lembram-se do "pensar fora do paradigma do quadrado"? e dos "avisos dos faroleiros?"), também por cá se ouvem, a "deshoras" de serem escutados, alertas e recomendações ajustadas. João Ferreira do Amaral, na segunda-feira passada, no Programa "Prós e Contras", ao 16º minuto da parte dois, dizia coisas que não se repetiram, nem foram comentadas depois (se lá forem, não deixem de escutar António Espanha). Também na Antena 1, em entrevista a Luís Bento, membro do "Grupo de Paris" (relacionado com a Ética e Responsabilidade Social), se fazem apelos à discussão de alternativas à Europa e à consideração da alternativa CPLP. Não o fazer é afundar-mo-nos  no abismo e, o pior, com a consciência de que será isso mesmo que vai acontecer, assumindo a insanidade de que fala Einstein...  

Seja então a CPLP o nosso "Plano B". Vamos discuti-lo?

13 comentários:

  1. Pois é, foi para continuar a ter a oportunidade de me encontrar com ideias destas que decidi regressar à blogosfera.
    CPLP?
    Que seja, sim, o nosso "Plano B". De há muito que o entendo.
    Abra-se a discussão.
    Voltarei

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  2. Caro Rogério
    Não tenho grandes achegas para dar, mas é claro que o futuro passa por aí. Para além da lingua e do conhecimento, há a história.
    Não tenho dados à mão mas penso que só para Angola já vão parte considerável das nossas exportações.
    Vamos difundir mais esta ideia de que se a Europa, a dos "ricos" nos quer tratar como "indigentes" mostremos que somos capaz de fazer coisas.
    Boa!

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  3. Rogério querido,

    Talvez se os países considerados de segunda classe pelos "ricos" se unissem, independente da língua, desde que aliassem a valorização do homem, o respeito e cuidado pela natureza, às ambições econômicas, seria uma saída com perspectiva de sucesso.
    Por isto também tenho paixão pelo Japão. Tudo que é pensado para o país é ensinado às crianças, desde pequenininhos: “... como ministro Finanças e como primeiro-ministro (Cavaco Silva) visitou várias escolas japonesas e tinha ficado agradavelmente surpreendido com o conhecimento histórico das crianças sobre Portugal. Vocês deviam fazer o mesmo nas escolas, ensinar a cultura e a história dos países por onde passaram. É uma pena não o fazerem. Faz parte da memória. Não a manter é quase esquecer o passado. Falo também da índia, da China. Estão a perder a vossa memória.”
    Obrigada pelo excelente artigo!

    Girassóis nos seus dias. beijos.

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  4. E acha que este governo é capaz de pensar nisso? Duvid+ó=dó! Só pensam em sacar, sacar, sacar ao povo!

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  5. o resto do mundo ja esta a fazer isso

    apesar de tudo a Uniao europeia acaba por ser menos unidas que o resto do mundo desunido

    Bjinhos
    Paula

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  6. E sem a memória e a história morremos na praia onde,um dia, plantámos o orgulho e partimos espalhando a nossa identidade. E fomos tanto, no nada que agora somos...

    Um abraço

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  7. Olá, "minha pátria é minha língua", adorei esse trecho de Fernando Pessoa.
    O texto é pra quem está a par do assunto, vou deixar, mas penso que as coisas vão melhorar, vão sim. Fé!
    União!
    Um beijão pra ti do Brasil, me faz a visitinha de domingo, eu agradeço e te espero.
    Mery*

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  8. Discutamos, sim!

    Acresecento só uma coisa: as criaturas não têm uma Plano "A", quanto mais um Plano "B"...

    Bom domingo.

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  9. Muito proveitosa a minha passagem por aqui, hoje.

    A questão do "Pensamento" está indiscutivelmente na base da evolução ou regressão das sociedades.
    Mas as vozes dos pensadores são na atualidade sobaproveitadas e até silenciadas porque este modelo económico revela-se ainda muito interessante para os senhores do dinheiro.
    Mesmo perante a situação dramática que se vive nos países periféricos como o nosso, encarar outras possibilidades, refletir para encontrar alternativas não é sequer uma ideia seriamente considerada.
    Continuo a pensar que o destino de Portugal se cumprirá com os olhos postos no mar, de costas para a Europa. O mar não é só romantismo e nós, os Portugueses, sabemo-lo bem. Pelo menos aqueles que mantêm viva a memória.

    Um beijo

    Obrigada

    L.B.

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  10. ... porque não há um plano B

    Os mercados estranguladores
    são tartufos

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  11. Amigo Rogério, alguns dos nossos jovens, já estão a optar pelo Plano B. Eu conheço alguns.
    Tal como "ofereceu" lá na Turista, levei dois mapas dos seus! Obrigada por aumentar a minha colecção. :)

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  12. Muito bom o que li por aqui e é uma pena que entretanto já muito se tenha desperdiçado na CPLP, nomeadamente em Moçambique onde outras línguas já tentaram ganhar terreno.

    Façamos então todos uma força para que a grande comunidade de países de língua portuguesa possa mostrar o que vale.

    Beijos

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  13. Foi uma pena o virar costas ao «nosso mundo» africano.

    O europeismo sempre foi a visão de uns tantos míopes.

    Miopes e de memória curta, ou então é falta de cultura.

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