Ali estão, beijando vermes
Sigamos o cherne, disse depois a mulher
Nas águas, já mais espessas,
as ondas rastejavam, e mal se sentia
o cheiro da já longínqua maresia
Sigamos o cherne, agora ninguém o proclama
Onde antes havia água tudo é lama
As ondas se esfumaram na própria espuma
Da maresia, resta tão pouca, ou mesmo nenhuma
Os que antes aceitavam beijar o cherne,
acordam beijando um verme
sem amor, sem alegria de ser beijado
O cardume não se dispersou,
apenas anda em desnorte
temendo, adivinhando, a sua sorte..
O cardume não se dispersou,
apenas anda em desnorte
temendo, adivinhando, a sua sorte..
..............................................................................................Rogério Pereira
Lindissimo
ResponderEliminarBjinhos
Paula
Eu não achei beleza nenhuma... especialmente porque se chega a um ponto, em que a bússola deixou de funcionar... mas será que a Terra perdeu os pólos magnéticos ou sou eu que já não sei ler o que diz a bússola? :(
ResponderEliminarCom a a corrente é que não vou! Prefiro batalhar contra.
Um abraço
O original de O'Neill é belíssimo.
ResponderEliminarEsta versão serve para não nos esquecermos do cherne e para nos acordar para a luta!
Bom dia
ResponderEliminarFabuloso este poema Rogério.
As figuras são reais e o cherne anda apodrecido, mal cheiroso. Tornou-se lamacento e escorregadio naqueles mares que perdem a vida diariamente.
Nem Santo António agora é respeitado naquelas conversas de família.
Os peixinhos não voltarão a escutá-lo. Andam envergonhados.........
tristes por tantas diabruras e mal querer.........
Caro Rogério
ResponderEliminarO problema do "Cherne" não o do O`Neill, mas o outro foi o de ter sido criado num "aviário" à custa de farinha de engorda. O problema é que outras figurinhas da mesma espécie (e da mesma criação) andaram e andam por aí a lixar-nos o presente e o futuro. E a gente que se "amanhe".
Abraço
Excelente poema, meu caro.
ResponderEliminarPena que o cherne (o verdadeiro, o peixe ele mesmo) seja insultado com tal comparação.
Tudo de bom
Hoje estou aqui para agradecer sua amizade .
ResponderEliminarE desejar um Santo Natal a você e sua familia preciso acarinhar minhas lindas
amizades fico temerosa de deixar alguém sem passar no blog.
Esta postado no meu blog um presente de Natal feito com muito carinho.
Caso gostar esta a seu dispor e louvo a Deus pelo previlégio de conhecer você.
Que perdure para sempre esse carinho essa amizade tão linda te amo ..te amo..
Beijos no coração .
FELIZ NATAL..
Vou continuar te seguindo e te amando sempre.
De mãos dadas rumo ao futuro.
Evanir
Sorte rima com morte...
ResponderEliminarAcordaremos ainda a tempo?
De facto
ResponderEliminara canalha continua à solta
Oportuno, satírico, caustico.
ResponderEliminarMas porque me estou a preparar para o Natal, aqui venho deixar-lhe votos de uma Paz imensa, de beijinhos e abraços de todos os que lhe são próximos.
Bom Natal!
Beijo natalício
O falar do mar, de peixes, no dia de hoje, leva-nos para além do poema. É a pesca e os pescadores, de novo, a serem atingidos pelas manobras desse "cardume" inqualificável.
ResponderEliminarBelo diálogo com O'Neill.
L.B.
Belo poema ou a arte de falar do "fénico" com talento.
ResponderEliminarCaro Rogério
ResponderEliminarExcelente forma de falar do verme.
Espero que o peixe não o processe por difamação e tal comparação.
Beijo e uma flor
Nunca percebi essa de as pax andarem sempre em desnorte e nunca em dessul!
ResponderEliminarSerá porque não têm bússolas?
O Polvo
ResponderEliminar(Sermão de Sto António aos Peixes)
“Mas já que estamos nas covas do mar, antes que saiamos delas, temos lá o irmão polvo, contra o qual têm suas queixas, e grandes, não menos que S. Basílio e Santo Ambrósio. O polvo com aquele seu capelo na cabeça, parece um monge; com aqueles seus raios estendidos, parece uma estrela; com aquele não ter osso nem espinha, parece a mesma brandura, a mesma mansidão. E debaixo desta aparência tão modesta, ou desta hipocrisia tão santa, testemunham constantemente os dois grandes Doutores da Igreja latina e grega, que o dito polvo é o maior traidor do mar.
Consiste esta traição do polvo primeiramente em se vestir ou pintar das mesmas cores de todas aquelas cores a que está pegado. As cores, que no camaleão são gala, no polvo são malícia; as figuras, que em Proteu são fábula, no polvo são verdade e artifício. Se está nos limos, faz-se verde; se está na areia, faz-se branco; se está no lodo, faz-se pardo: e se está em alguma pedra, como mais ordinariamente costuma estar, faz-se da cor da mesma pedra. E daqui que sucede? Sucede que outro peixe, inocente da traição, vai passando desacautelado, e o salteador, que está de emboscada dentro do seu próprio engano, lança-lhe os braços de repente, e fá-lo prisioneiro. Fizera mais Judas? Não fizera mais, porque não fez tanto. Judas abraçou a Cristo, mas outros o prenderam; o polvo é o que abraça e mais o que prende. Judas com os braços fez o sinal, e o polvo dos próprios braços faz as cordas. Judas é verdade que foi traidor, mas com lanternas diante; traçou a traição às escuras, mas executou-a muito às claras. O polvo, escurecendo-se a si, tira a vista aos outros, e a primeira traição e roubo que faz, é a luz, para que não distinga as cores. Vê, peixe aleivoso e vil, qual é a tua maldade, pois Judas em tua comparação já é menos traidor!”
Padre António Vieira, 1654.
"apenas anda em desnorte" - em desnorte andou ele sempre, por isso fugiu para Bruxelas onde, para cherne, navega em águas tão paradas, tão turvas, que mais parece um cachucho...
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