Na segunda, surge um grito de alerta; na terça, o ensurdecedor silêncio do Estado português; na quarta, o "apagão mediático"; na quinta, outro alerta indispensável perante uma insistente campanha global; na sexta, mostra-se uma imprensa de sargeta.
Hoje, sábado, coube a Maria deixar cor numa semana negra.
A Maria ofereceu à avó um quadro bonito, prenda antecipada, trabalho com a marca do seu atelier inaugurado há uns anitos atrás.
Se pensarmos que tal oferenda
é uma mensagem de esperança,
que faremos nós em troca?
Perto de um milhar de estudantes manifestaram-se esta sexta-feira em
Lisboa com o objectivo de reivindicar ao Governo uma verdadeira política
de defesa ambiental e de combate às alterações climáticas.
Três pisos, 175 lojas, 28 restaurantes e seis salas de cinema. São estes os números do novo Oeiras Parque, que foi renovado 21 anos após a sua inauguração. Resultado: o shopping da linha está ainda mais bonito.
Ou dizendo de outro modo: o eucalipto da linha está ainda mais sequioso, pronto a secar tudo à volta a começar pelos centros históricos de Oeiras e Paço de Arcos, cujo pequeno comércio já definha.
Para os micro e pequenos empresários, o período do Natal, reconhecidamente "uma tábua de salvação" em tempos idos, tem os dias contados. Não sou eu que o digo mas a Marktest num artigo com um sentencioso titulo "Compras de Natal serão feitas nos Centros Comerciais".
Há 10 anos atrás, ri deste vídeo.
Hoje, ao revê-lo, tive medo.
É que a dimensão gozada
é responsável por mais de 65% do emprego
Ontem dei atenção à televisão. Ia ser discutido "Um prognóstico Reservado" e eu ouvi tudo e de tudo, porque assim, porque assado. Em vozes distintas, as exaltadas, as acomodadas e as calmas. Gosto particularmente daquilo que é dito com tino, em tom calmo e com um sorriso. Temos ao 41º minuto um exemplo disso.
Quanto ao diagnóstico, formei-o rápido:
acorrem às urgências quem devia ser atendido nos SAP(1)? Já não há disso? Então Senhora Ministra, espera o quê?
a um médico custa a formá-lo uma pipa de massa(2), e uma enfermeira também não é de graça(3)? Depois de aptos pisgam-se para os privados? Senhora Ministra, faça como na Marinha(4)!
Notas:
(1) Os SAP, Serviço de Atendimento Permanente, foram desaparecendo lentamente, sem deixar rasto... eu sei que Bruxelas tem o olho em cima da despesa... mas é o SNS que está em risco. E a Senhora Ministra sabe disso...
(2) A formação de um médico, custa ao Estado 115 mil euros
(3) A formação de um enfermeiro, custava (em 2013) ao Estado 21 mil euros
(4) Enquanto, na generalidade, médicos e enfermeiros depois de aptos para o exercício podem cavar para o privado, os médicos formados pela Marinha são obrigados a ficar por lá uns anos...
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Já ambos bateram a bota, mas deixaram semente. Na semana passada a saudação do CDS sobre 25 de Novembro de 1975 foi aprovada com a abstenção e apoio de sete deputados do PS
Votação esta quase igual àquela outra, o ano passado, quando com votos do CDS, do PS e do PSD, a Assembleia da República expressou o seu profundo pesar pela morte do Embaixador Frank C. Carlucci e recordou a sua intervenção política naquilo que o texto do CDS considerava a "consolidação democrática do regime".
Fica, para que não se perca a memória,
o descaramento
patente neste momento...
Este sermão é mesmo inconveniente!
Sobretudo para quem despende um tempo imenso na bicha (leia fila) para a raspadinha,
ou gastando uma pipa de massa a jogar na lotaria,
ou gastando todo o salário no euromilhões,
pensando ter, num só dia, a sensação de ser um bilionário.
Este sermão também não vai cair bem a quem se esteja nas tintas para as desigualdades sociais... e mais...
A semana, tal como a outra e aquela antes dela, foi de lástima. Este Mundo, não tendo emenda, não se recomenda. Mas vá lá, registe-se uma notícia de esperança, esta:
A cimeira dos BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e
África do Sul – realizada em Brasília revelou que o grupo está vivo,
apesar das mudanças no Brasil e do enfeudamento total do país aos
Estados Unidos. O pragmatismo russo e chinês, aproveitando as
oportunidades para continuar a abrir espaços económicos onde a crise
neoliberal deixa o seu rasto, sobrepõe-se à desafinação política e
consegue convergências de interesses aparentemente improváveis. (ler tudo n´O Lado Oculto)
Não embarco na ideia do fim da História. Nos anos 80 e 90, o pós-modernismo foi a versão cultural do
neoliberalismo. Nós aprendemos a criar em cima de um tripé: a estética (a busca da beleza), a técnica (a oficina da
arte, o saber fazer) e a ética (não há criação fora de um contexto
comunitário). Se faltar um dos pés, o tripé cai. O que realiza fisicamente uma
obra é a sua partilha. O que o pós-modernismo nos vem dizer é que essa parte da
ética não interessa para nada, não há compromisso. Que, na arte, pode haver
neutralidade, pode não haver relação com uma comunidade. É mentira. Há sempre
um compromisso. Mesmo que o compromisso seja afixar um não-compromisso.
José
Mário Branco
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transcrição integral do trabalho de Fernando Campos,
publicado no "Sítio dos Desenhos"
Tenho, de entre muitas frases-feitas, uma máxima que de vez em quando repito: "se todos os dias são dias de qualquer coisa, façamos qualquer coisa todos os dias". Passei o dia de ontem sem me ter apercebido de alguma coisa ter acontecido.
Em Junho passado, talvez no dia certo, ouvi algo muito acertado sobre o direito das crianças serem felizes...
Aproveito introduzir este filmezinho, sobre um direito das crianças a terem um amigo para a vida inteira... até como forma de fugir à sua institucionalização.
Isto de ser desenhador de sonhos dá trabalho. Mas como todo o trabalho tem retorno, cumpro um sonho: levar um numeroso grupo a ver a última peça encenada pelo Armando Caldas. Faleceu em Março e aqui, como sempre faço aos imortais, rendi-lhe a devida homenagem. Hoje renovo-a e sexta-feira também o farei, em colectivo.
E aqui deixo imagens e palavras de quem lhe queria (quer) bem...
Hesitei se havia de escrever esta canção,
porque a vida não se pode resumir numa canção.
Mudar de vida?
Mudar de vida é uma questão que ainda não está resolvida.
Mas o que é a minha vida, se não a própria vida que está contida em toda a força perdida, em toda a vida perdida, consumida, passada, repassada, ultrapassada como se não fosse vida...
A minha vida? Não há!
A cada vez maior interpenetração entre o governo da
Suíça, a Nestlé e outras grandes multinacionais e a estratégia helvética
de cooperação para o desenvolvimento representam uma ameaça cada vez
mais premente sobre os recursos aquíferos de todo o planeta. A ganância
privatizadora da água que move as maiores empresas globais do sector
alimentar encontra em Genebra uma poderosa alavanca que mina o acesso
universal à água como um direito humano fundamental.
Não sei quantas as milhentas vezes que usei a palavra esperança até perceber a paciência que é preciso ter para esperar com fé que alguma coisa aconteça.
A Rita fala disso, e vai mais longe. Fala e canta a sobrevivência depois de ter soletrado outra canção.
Lembram-se da minha promessa?
Claro que o que prometo cumpro!
Embora não fosse lá apenas por ter prometido. Competia-me a mim o que a mim próprio me tenho vindo a impor: registar
...e, é assim, quem regista não fica registado...
...e acrescento, mais este texto (também da minha lavra)
Os bons vi sempre passar
No mundo graves tormentos;
E para mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado:
Assim que só para mim
Anda o mundo concertado.
São palavras ditas por José de Castro em 1972, retiradas de uma edição do Ministério da Educação Nacional - Instituto de Meios Audio-Visuais de Educação, e que pode ouvir na totalidade aqui.
José de Castro nasce em Paço de Arcos, no dia 16 de Novembro de 1931 e Morre no dia 6 de Outubro de 1977, com 46 anos de idade. Militante do PCP é, desde a sua morte, lembrado em romagem ao seu memorial, na vila que o viu nascer.
Amanhã lá estarei, não apenas para o homenagear mas para me juntar ao protesto.
«Enganou-se quem julgava que, com Trump e Bolsonaro,
a vitória das direitas americanas era irreversível. O regresso em força
dos movimentos sociais, persistentes e corajosos como em poucos lugares
do mundo, no Equador e no Chile (onde a democratização não tocou no neoliberalismo económico herdado da ditadura), o esvaziamento de Guaidó na Venezuela e o regresso do kirchnerismo dão
razão a Álvaro García Linera, o vice-presidente boloviano que agora se
exilou no México: “Lutar, vencer, cair. Levantarmo-nos, lutar, vencer,
cair, levantarmo-nos. Até que se nos acabe a vida.”»
Na imagem, militares no activo e na reforma manifestaram-se em Lisboa, num
desfile que terminou junto à Assembleia da República e que visava alertar
para a «dramática realidade» da «família militar» na sequência dos
cortes nos rendimentos.
Não, não foi hoje mas sim em Março de 2014...
Hoje, é notícia outra coisa, que em breve poderá vir a ser comunicado oficial, e diz assim:
"Sabendo-se que em 2019 está em vigor um Salário Mínimo Nacional (SMN) de 600 euros, sendo que na Administração Pública esse Salário Mínimo é de 635,07 (tudo valores que vigoram desde 1 de Janeiro de 2019), fica a questão fundamental de saber se é intenção do Governo não alterar o Salário Mínimo na Administração Pública?
Ou será que dentro de horas/dias serão finalmente anunciados os aumentos (inexistentes há DEZ anos) para a Administração Pública, estipulando-se então a partir de agora um SMN global (Administração Pública e Privados) nos 635 euros?
A AOFA recorda que o maior problema (aliás sobejamente identificado e reconhecido pelo próprio MDN) quer de recrutamento quer de retenção de Efectivos nas Forças Armadas reside na cada vez menor atractividade das Forças Armadas precisamente por via dos reduzidíssimos rendimentos que auferem os Militares, como aliás o Senhor Presidente da República publicamente fez referência há poucos meses no ato de promulgação dos elevados aumentos de rendimentos verificados na área da Justiça.
Aguardemos pois pelas próximas horas para que de forma mais sustentada possa a AOFA tomar posição oficial. As expectativas são, naturalmente, muito elevadas em relação ao que se possa estar a preparar para a Administração Publica e de forma muito particular para os Militares das Forças Armadas, sob pena de 2020, além de ser mais um ano profundamente negativo poder mesmo ser, como já alertámos por diversas vezes o ano do início da ruptura das FAs!"
Todos anos acontece romagem.
Nesta, chovia como Deus mandava
e como as imagens ilustram.
À esquerda
estava quem estava.
A actriz, lia uma página já encharcada
e antes que perdesse
por mais uma gota,
e outra, e outra,
a visão do texto, saltei
da assistência
e dei a devida cobertura
à... cultura
Sobre o actor, e para quem seja ele um desconhecido, procurei palavras que lhe dessem da curta vida os actos que lhe merecessem homenagem tão sentida. Do que apurei podia ser esta a síntese a caber na sua lápide:
José de Castro, nasce em Paço de Arcos, no dia 16 de Novembro de 1931 e Morre no dia 6 de Outubro de 1977, com 46 anos de idade, no seu funeral, levou sobre o seu caixão, uma bandeira do PCP.
Não lembraria ao Diabo, falar na Bíblia sem citar Saramago. Rita fundamenta e detalha porque considerava Saramago ser a Bíblia um livro que não se pode deixar nas mãos de qualquer adolescente...
E porque trago a Rita a falar disto?
Pode lá haver sermão se não falarmos em escrituras?...
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Num Março há muito passado, deixei de fazer balanços semanais. Regresso, pois temo que continuamos, distraidamente, a caminhar
para o buraco.
Domingo foi dia de sermão. Disse a Greta Thunberg, «se as soluções dentro do sistema são tão impossíveis de encontrar, talvez tenhamos de mudar o próprio sistema.» Disse a Rita, « é mais fácil imaginar o fim do mundo que o fim do capitalismo. Convido todos vocês para irmos na contra-mão, e pensarmos um jeito de destruir esse modelo que está destruindo o planeta.»
Segunda-feira foi o dia da abertura da Web Summit e durante três dias nada se disse da notícia «O Partido Comunista Português (PCP) quer dez anos de garantia para
dispositivos electrónicos» (...) pois «Actualmente, o tempo de vida útil de um smartphone é de três anos. Os
custos ambientais e económicos desta discrepância são gigantescos e
incomportáveis»
Na terça-feira fiquei sem palavras e na quarta lembrei o centenário de Sophia e o bem que ela escrevia
«Os ricos nunca perdem a jogada
Nunca fazem um erro. Espiam
E esperam os erros dos outros»
Li na sexta-feira, lá na barbearia, assim «Portugal, País chave da revolução tecnológica onde anónimos sem-abrigo
são heróis na descoberta de recém-nascidos em contentores do lixo - em
boa hora salvos e de boa saúde – na realidade virtual das horas da
chave, abraçados e beijados e provavelmente nomeados para futuros
comendadores, com a promessa de que a revolução tecnológica – e a outra –
se venham a cumprir.
Hoje, sábado, surge a interrogação:«Porquê esta obsessão sobre o muro de há trinta anos?
(...) Depois da queda do Muro de Berlim, restavam apenas 11 no mundo. Actualmente, a cifra subiu para 70 »
O presidente Lula discursou no final da tarde desta sexta-feira,
instantes depois de sair da Superintendência da Polícia Federal em
Curitiba.
Do discurso, destaco:
«- vocês não têm noção do significado de eu estar aqui com vocês. - não prenderam um homem. Tentaram matar uma ideia! Uma ideia não se mata! Uma ideia não desaparece! - carácter e dignidade a gente não compra! Eu adquiri tudo o que eu tenho na vida de uma mulher que nasceu analfabeta e me ensinou a ter dignidade: a dona Lindu. Que me faz dizer p´ra essa gente: eu saio daqui sem ódio. Aos 74 anos, o meu coração só tem espaço para o amor. O amor vai vencer neste país! - obrigado pelo grito "Lula livre"!»
«O Partido Comunista Português (PCP) quer dez anos de garantia para dispositivos electrónicos, electrodomésticos e veículos até 2025.
O objectivo do PCP é acabar com aquilo que é conhecido como obsolescência planeada, que acontece quando as empresas criam, por meio de hardware ou software, um produto que fica obsoleto ou deixa de funcionar num período de tempo inferior ao que a tecnologia permite, para forçar os consumidores a comprarem novas gerações desse produto.
O partido cita um estudo do Gabinete Europeu do Meio Ambiente, uma rede de organizações não governamentais de ambiente, que diz que o aumento de um ano no prazo de vida de telefones portáteis, aspiradores, máquinas de lavar roupa e computadores portáteis pode representar uma diminuição de quatro milhões de toneladas em emissões de dióxido de carbono. «Actualmente, o tempo de vida útil de um smartphone é de três anos. Os custos ambientais e económicos desta discrepância são gigantescos e incomportáveis», escreve ainda o PCP.
O PCP quer também evitar a obsolescência através de software. «São proibidas linhas de código introduzidas na programação de qualquer aplicação que visem diminuir o tempo de vida útil ou a eficácia de um dispositivo, salvo nos casos em que tal funcionalidade seja referida e seja um objetivo publicitado da aplicação.»
Neste dia ocorre-me citar Sophia
no poema que mais me toca.
É uma selecção quase sem sentido
pois, na verdade, foram trinta e cinco aqui
domingo a domingo
liturgia a liturgia
citando Sophia
Os Gracos
«Os ricos nunca perdem a jogada
Nunca fazem um erro. Espiam
E esperam os erros dos outros
Administram os erros dos outros
São hábeis e sábios
Têm uma larga experiência do poder
E quando não podem usar a própria força
Usam a fraqueza dos outros
Apostam na fraqueza dos outros
E ganham
Tecem uma grande rede de estratagemas
Uma grande armadilha invisível
E devagar desviam o inimigo para o seu terreno
Para o sacrificar como um toiro na arena.
Em Outubro de 2011 rendia eu homenagem a Steve Jobs, no ano da sua morte. E escrevia eu, com aquele inocência de quem não tem a mínima ideia da dimensão da coisa, "Eh pá, sempre que firmes uma ideia ou um ideal ou uma convicção não a
assumas sem ouvir o seu contrário ou, pelo menos, o outro lado da
questão." até aqui tudo bem. Pensava assim e penso. Onde eu errava era na afirmação seguinte, quando me dirigia a mim mesmo, dizendo "E lembra-te, uma coisa boa só o é se for partilhada ou por
todos usada."
E qual era o meu erro? A consideração "coisa boa". De facto, e falando da tecnologia web, é um erro considerar aplicativos, tais como os jogos, uma coisa boa dada a larga escala de uso e de partilha. Estamos a falar de dezenas de milhões, que em simultâneo usam nas redes sociais jogos, que começam por utilizar por mera curiosidade.
Alguns exemplos que são referência para quem vai estar estes dias na Web Summit: com cerca de 9,5 milhões de utilizadores diários o 'The Sims Social' superou o 'FarmVille' que contava, em 2011, com 8,3
milhões de jogadores que acediam ao jogo com frequência. Mas em primeiro
lugar, reinava distante o 'City Ville', com cerca de 13,7
milhões de utilizadores por dia. No segmento jovem, o jogo League of Legends já alcançava, em 2016, a marca de 100 milhões de jogadores por mês. Esta dimensão não pára de aumentar, assim como a correspondente tradução financeira...
Na Web Summit há um mundo com os olhos postos nisso e a empreender negócios à volta dos jogos, que na sua larga maioria se destinam a seguir tendências e, dentro delas, a inovar. Negócios cujo sucesso depende do consumo. E que o consumo, para ter volume, deve ser massivo.
Lanço hoje os sermões. Continuo, assim, nesta labuta de dar o meu contributo para mudar o mundo. Verdade se diga, não temos adiantado muito. Nem as Homilias de Saramago, nem as Liturgias de Sophia, nem Eu, temos conseguido outros avanços que não seja deixar marcas e testemunhos de uma persistência que a poucos atinge ou influencia.
Os sermões aparecem agora como outro recurso. E começo por uma onda que, para muitos é luta e para outros moda...
Podia, para o tema, escolher a Greta. Depois de comparar os discursos, escolho a Rita.
«Dizem que amam os vossos filhos mais do que tudo o resto e, no entanto, estão a roubar-lhes o futuro mesmo à frente dos seus olhos.
Até começarem a concentrar-se no que é preciso fazer, mais do que no que é politicamente viável, não haverá esperança. Não se resolve uma crise sem a tratar como crise. Precisamos de deixar os combustíveis fósseis no subsolo, e temos de pôr a tónica na equidade. E se as soluções dentro do sistema são tão impossíveis de encontrar, talvez tenhamos de mudar o próprio sistema.»
«Na nossa era do capitalismo desenfreado, do capitalismo financeiro, do capitalismo das acções, em que a gente passa a não ter nenhum tipo de responsabilidade sobre como o dinheiro é feito e como o dinheiro é gasto, é mais fácil imaginar o fim do mundo que o fim do capitalismo.
Convido todos vocês para irmos na contra-mão, e pensarmos um jeito de destruir esse modelo que está destruindo o planeta.»
A Rita tem objectivos declarados mais claros e apesar de não andar por aí a ser badalada em todas as revistas e jornais, blogues e redes sociais é a Rita que supera a dúvida de Greta, quanto ao sistema.
E é assim, que à Rita concedo o privilégio de vir a ocupar este espaço.
Domingo a domingo aqui a trago
A luz que assim vês até a podes neutralizar com os pés Mas mesmo que lhe sequem a água ela continuará lá, não se apagará
até que seja dia!
Minha luz, não tem diferença
daquela outra, de Jorge de Sena
que ele diz ser
uma pequenina luz bruxuleante e muda
como a exactidão como a firmeza
como a justiça.
Apenas como elas.
Mas brilha.
Não na distância. Aqui
no meio de nós.
No ano passado e eu dizendo que em puto, fazia o que faziam os outros. "Pão, por.. Deus", pedia eu. E não pedia muito. Bastavam uns tantos doces e um rebuçado no fundo do saco e aí me detinha, sentado num qualquer degrau, com outros, a fazer partilha.
Depois de puto, ainda não muito crescidote, ficava a uma qualquer esquina, mãos nos bolsos, a roer-me de inveja observando os que, então, se entregavam à tradição. Foi assim, até deixar de ser assim. Palavra que não dei pela chegada do Halloween, primeiro em filmes e desenhos animados, depois em campanhas dos supermercados e, por fim, nas salas de aula, onde apenas alguns professores salvam a tradição e relembram cantilena chilreada pela catraiada:
“Bolinhos e bolinhós
Para mim e para vós.
Para dar aos finados
Qu’estão mortos, enterrados.
À porta da bela cruz
Truz! Truz! Truz!
A senhora que está lá dentro
Assentada num banquinho.
Faz favor de s’alevantar
P’ra vir dar um tostãozinho”
E pronto, aqui chegado, saúdo o reposto feriado ao mesmo tempo que deploro e lamento quanto é injusta a memória quando é curta. É que este feriado foi-nos roubado e só nos foi devolvido por acção daquele tal partido... Não se lembra qual?