AS NOSSAS PREOCUPAÇÕES ESTÃO NAS DESIGUALDADES E NA GLOBALIZAÇÃO
-
Uma amiga (amizade virtual, mas ainda assim, amiga sincera) postou ontem um excelente texto a que deu o titulo "O fatalismo de um mundo desigual”. Não resisti e, um tanto fora do meu estilo, avinagrei-o com o seguinte comentário:
“A sua reflexão encaixa nas preocupações de muitos e nomeadamente na minha. Ao dizer "A Humanidade, hoje, luta contra si própria e não o entender é reduzir as possibilidades que as democracias e os Direitos Humanos conquistaram desde meados do tão recente século passado e agravar o risco e a taxa real de sobrevivência da espécie....". Sem visões catastrofistas partilho inteiramente esta afirmação. Ao longo da minha existência (nasci 1 mês antes do armistício) pude observar, e de alguma forma beneficiar, conquistas espantosas em todos os ramos do conhecimento e em pouco mais de meio século. O progresso científico e tecnológico poderia ter dado à Humanidade outras condições e o acesso a uma existência mais feliz. Mas não. O progresso moral não acompanhou aqueles avanços e, cada vez mais, aquele acesso é apenas possível a uma reduzida população de "eleitos". As elites apagam-se bajulando o poder. O poder reforça-se utilizando as apagadas elites. Por cima, o poder económico gere o sistema e manipula os políticos e os governos. A imprensa está com os poderosos, em todos os níveis da sua complexa hierarquia de valores…Será que isto pode deixar de ser assim? Acho que sim, até pelo que disse a Ana Brito (outra comentadora do post) "O curso das "civilizações" não é linear, nem sequer garantido, porque anexo ao progresso é sempre possível o regresso". Tal regresso pode estar ligado ao fim de um recurso que tem estado na base do paradigma actual: o petróleo. Infelizmente está mais aí do que está na capacidade de quem tem consciência de que isto, se não é exactamente assim, a muito se lhe aproxima…Há outras saídas?
-
UM SISTEMA BASEADO NO BAIXO CUSTO DO PETRÓLEO TERÁ CONTINUIDADE?
UM SISTEMA BASEADO NO BAIXO CUSTO DO PETRÓLEO TERÁ CONTINUIDADE?
Enquanto escrevia e comentário que acima transcrevi, tinha a memória de um post aqui colocado, em 28 de Maio, dizia eu aqui a propósito do desastre na Plataforma petrolífera da BP:
"Está por avaliar tudo. E tudo poderá ser o quê? A BP voltará a ser a mesma? As seguradoras vão assobiar para o lado? Quanto custará passar a explorar dentro de parâmetros aceitáveis de risco? Sejam quais forem as consequências em termos financeiros, estamos em presença de um risco elevado de aumento do preço do barril. Avizinha-se a prática de preços na ordem dos que chegaram a ser praticados no ano de 2008.(...) O mundo, não será mais o mesmo..."
Hoje, respondendo a uma daquelas minhas questões, a imprensa dá conta de que a BP não será a mesma. Os investidores consideram que há uma probabilidade de 35% de a BP falir em cinco anos devido aos custos astronómicos da limpeza da maré negra e das multas.
Poderá o Mundo sobreviver à falência da BP? Lá poder, pode. Mas não será a mesma coisa...
-
O FIM DA GLOBALIZAÇÃO, SEGUNDO JEFF RUBIN
"Não digo que estejamos a ficar sem petróleo, mas antes que estamos a ficar sem petróleo que podemos pagar para queimar. (…) É mais uma questão económica. (…) Não vamos colapsar, mas encontrar uma nova forma de organizar a nossa economia. Para sermos sustentáveis num mundo de petróleo a três dígitos temos de voltar ao passado, a um modelo local e regional de economia em que as trocas com o outro lado do mundo apenas acontecem porque o petróleo é barato. A distância custa muito dinheiro e comer mangas e papaias todo o ano vai obrigatoriamente deixar de acontecer”.
-
NOTA FINAL, DEVIDAMENTE AVINAGRADA
-
NOTA FINAL, DEVIDAMENTE AVINAGRADA
As preocupações não acabam, apenas irão mudar. Bem podem mascar nervosamente essa pastilha elástica que meteram na boca. Não será a última. Mas um dia destes deixarão de existir a valores acessíveis, dada a raridade da sua matéria-prima para o seu fabrico, o petróleo. E outra coisa, lembram-se da nuvenzita a impedir o tráfego aéreo? Pois, foi um bom ensaio, não foi?
Rogério
ResponderEliminarExcelente o post inicial e o tempero avinagrado que lhe acrescentou.
Acho que vamos ter que continuar a fumar, pois substituir os cigarros pela pastilha elástica não vai dar.
Abraço
Teria muito que dizer sobre isto. No entanto, reduzo tudo o que poderia dizer, à seguinte conclusão: isto ainda vai acabar mal, ai vai, vai.
ResponderEliminarOs homens não têm juízo mas vão acabar por mudar à força ou então... acabam como os dinossauros.
ResponderEliminarRogério
ResponderEliminarComo conheço o seu blogue não há muito tempo, e porque também porque não consigo arranjar tempo para o acompanhar como merece, não sabia que tinha publicado neste tema, que também me é caro, sobretudo porque quase ninguém está a par do que se passa e do que aí vem.
Está tudo muito aflito com a crise, julga que vai passar breve, mas a crise global só está no princípio.
Excelente "post". E adorei o comentário que transcreveu, embora ainda não tenha lido o artigo que lhe deu origem.
Bom fim de semana.