Dia do consumidor e dos seus direitos. Que ironia celebrar este dia. Por certo o celebra quem defende o direito de optar numa suprema liberdade de aceder a tudo, entre o público e o privado, esquecendo que hoje a opção é determinada por ter ou não condições para, pura e simplesmente, se manter... consumidor. Celebrarão também aqueles que limitam suas exigências à transparência no processo de privatizações dos operadores de serviço público, cuja posse, por parte do Estado, deveria ser considerada como a sua própria génese e razão de existir. Vale tudo, desde que a transparência e a visibilidade dessa transferência seja devidamente garantida oferecendo-se, assim puro, o espectáculo da perda do sentido do próprio Estado.
Não o celebrarão os outros. Não o celebrarão os que colocam como direito primeiro do consumidor o direito a um salário mínimo digno, sem o qual deixarão pura e simplesmente de ser gente.
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Há mãos e vozes atadas
no fundo de cabazes de misérias,
amargo pão que o diabo amassou. Entala-se
entre a fome e os dentes
na boca dos homens
para que não possam gritar...
...........................................................................(recuperado de um comentário da Lídia Borges)
Caro Rogério
ResponderEliminarComento com palavras suas.
"Não o celebrarão os que colocam como direito primeiro do consumidor o direito a um salário mínimo digno, sem o qual deixarão pura e simplesmente de ser gente".
Acrescento: gente que deixou de ser consumidora (compradora) mas passou a viver da "caridade" alheia.
Temos muito pouco o que comemorar nesse 15 de março. O consumismo que reine entre nós esta acabando com nossa morada!
ResponderEliminarAbração,
Rodrigo Davel
...e ainda bem que nunca foi institucionalizado o Dia do Crédito ao Consumo. Estaria neste momento com os dias contados.
ResponderEliminarE cada palavra sua, Rogério, é o reflexo da realidade.
ResponderEliminarEstes dias, irritam-me.
Beijo
É Rogério, estes dias também me irritam e é tudo tão verdade o que dizes.
ResponderEliminarBeijos
Para uma grande maioria o "comércio" está fechado. Que dia...
ResponderEliminarHoje escrevia sem que nada o impusesse, algo assim:
ResponderEliminarHá mãos e vozes atadas no fundo de cabazes de misérias, amargo pão que o diabo amassou. Entala-se entre a fome e os dentes na boca dos homens para que não possam gritar...
L. B.
Olá Rogério
ResponderEliminarGostei muito do seu texto!
No entanto, não gosto que nos chamem "consumidores". Devíamos ser tratados apenas e inteiramente como pessoas, e abolir essa palavra que me parece inventada por este maléfico capitalismo que cada vez mais acentua o fosso entre ricos e pobres. Que valoriza o "consumidor" e desvaloriza os que não querem ou não podem "consumir".
"Consumidor" é ainda pior que "utente", paciente,... e outras palavras estranhas com que nos apelidam, conforme dá jeito.
Eu respiro muito mais do que "consumo", e não me chamam "respiradora". Por isso, recuso-me a ser apelidada de ""consumidora"
Um grande abraço
Lídia,
ResponderEliminaré tão ajustado o que escreveu
que não resisto a fazer integrar na versão inicial do meu texto.
Querida Manuela,
Essa é a outra face da mesma ironia... Mas como compreende estou já pouco preocupado com a semântica...
Andamos a celebrar o DMC há 50 anos e chegamos este ano há conclusão que alguns dos problemas que pareciam ter sido resolvidos há 30, emergem agora com a mesma acuidade de então. Ironias...
ResponderEliminarTenho implicância com o termo "consumir". Consumir é extinguir, terminar, acabar, no entanto, é um ato venerado por muitos tendo em vista toda máquina que põe em funcionamento. Máquina essa que nos consome dia a dia, pior, nos consome com nossa aquiescência.
ResponderEliminarUm grande bj querido amigo