31 março, 2012

Causas do buraco, o tal que estamos pagando e que se vai alargando - 2


Tenho por certa a ideia que o grande buraco (que, ameaçadoramente, mantenho aí ao lado) resulta, além do que foi dito, de se ter metido na tal gaveta a regionalização e, a par com outras medidas conhecidas, se ter assegurado a  desertificação do país...
Em 23 de Junho de 2010, era este meu espaço uma ainda uma imberbe criança, mas já atrevida e a entrar na dança interveniente nos temas que, mais tarde, tanto iriam doer à gente, quando publiquei esse mapa aí ao lado. Chamei a esse post "Regionalização, a evolução registada". Desde essa data muito se passou sem que se passasse mais nada além da confirmação, com pequenos acertos, do mapa então desenhado... Como sempre, o pessoal, o povo, reage tarde. Enquanto a coisa ia acontecendo, em tempo lento, paulatinamente, passo a passo, a caminho da desertificação, fechando isto e mais aquilo e depois outra coisa, para depois se acabar com outra ainda, as populações iam refilando, mobilizando-se pontualmente, num caso ou outro, mais organizadamente. O grande buraco foi sendo mais e mais cavado.
Foi preciso pôr preto no branco (no tal livro que por acaso é verde) que se iam acabar com mais que muitas freguesias e que os municípios vinham a seguir, para se reagir. Pois é, vai ter que ser e eu quero ir ver. Hoje, depois de almoço, espera-se alvoroço. Não, ainda não será contra tudo isso que tem vindo a acontecer. Ou será? Vá-se lá saber...

Se quiser saber mais sobre o que aqui digo. Força, vá lá saber!
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Foi assim:






(Reedição deste post às 22 e 15 h)

10 comentários:

  1. Talvez o povo daqui a uns 40 anos reaja. Se alguns militares quiserem, claro.

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  2. Parece que acabámos por cair numa inércia da qual ninguém quer sair! Muito se fala mas nada se faz! Falta de vontade ou cobardia?

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  3. Foi salvo erro em 74 que apareceu a nível editorial um título interessante,"A Raia de Portugal, a Fronteira do Subdesenvolvimento". De António Pintado. Porto, Afrontamento. É de supor que este estudo se baseou numa realidade que se foi aprofundando e ganhando volume,incluindo como factor a emigração,em anos anteriores ao 25 de Abril. Que se passou desde então para cá?
    Em 2011 o contingente de emigrantes se não ultrapassou o número dos anos 60 pelo menos muito perto ficou. Até os ajudaram. Os convites à emigração, as concepções de "Portugal é Lisboa e o resto é paisagem" com o corolário do famoso "Jamais" (embora por motivo ínvios...), a destruição de ligações internas de caminho de ferro (Ai que bom o TGV, tão europeu...- enquanto as unidades industriais nacionais que o poderiam promover foram igualmente destruídas), o malogro ou o logro das "scuts".
    Coragem gentes! Começa-se a compreender que a fronteira do subdesenvolvimento chegou a Lisboa e até parece que em Lisboa, hoje, a Anafre acompanhada de jovens(quantos terão trabalho?) realiza uma manifestação.
    Que invertam, que invertamos, todo um processo.

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  4. Este mapa de Portugal está de mestre! Quando a região a alienar estiver mesmo alienada (e nós também!) basta manter um município em Lisboa e dali de ree todo o resto do país.

    os comentadores anteriores falam em "reagir". Quem? Este povo que somos nós? DUVID+O=DO!!! Vejam como foi a greve em Espanha e como foi a nossa. Somos mesmo "bons alunos" e mais nada!

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  5. Neste momento tudo parece estar à venda, sobretudo a moral e a solidariedade.
    Não sei se a solução teria melhor sorte, em Portugal nada parece resultar e tudo parece demorar mais e custar mais…
    Há um aproveitamento “pessoal” de tudo o que é feito e o país, tal como os portugueses, parecem ficar sempre para trás.
    Bom fim-de-semana

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  6. De tão desastrado naufragar


    somos um mar
    humilhado
    nauseado
    de tão desastrado navegar

    obscenos
    os ventos juntaram-se
    pela falha de virtudes de homens bons
    e generosos
    [com arte & engenho para a
    epopeia fecundante
    impreterível]
    e pela burla
    bem urdida nos porões do capital

    mas a nossa voz continua opaca
    sem clamores
    de aviso
    de rebeldia
    sem timoneiro é remo vão de movimento
    [as vozes são poucas
    são cata-ventos
    nas mãos da voz do dono]

    enfraqueceu a vibração do grito
    firme
    à mentira
    resistente
    ao despotismo
    neste terreno onde abundam
    [piratas
    infames]
    os malfeitores da nossa indignação

    gritemos
    indignados
    porque o tempo é de desgraça
    prendam-se
    os sábios ricos
    banqueiros e delfins
    que arruinaram a pátria
    [tão bem instalados que eles são…]

    O mar fecha-se sujo
    pejado
    poluído
    pelo asqueroso invisível dos icebergs
    e já é um deserto
    onde remamos
    gastos
    com a miragem de maçãs

    Conquistem-se
    outras velas
    outro vento
    outro rumo
    porque
    se a injustiça nos queima
    também engorda a revolta nos ventres
    que vão parir [enfim]
    a água e os remos
    para o barco do movimento





    Poema: Nilson Barcelli

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  7. Eu vivo na Região a alienar. Mas não ando alienada.

    Não sei bem onde passa a linha delimitadora entre Portugal e a minha região. Se passar pelo centro de Viseu, acha que se mudar de casa ficarei já integrada na de Portugal?

    Há um fosso cada vez mais fundo, uma espécie de vala comum...

    Beijo

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  8. Às vezes achamos que, de dentro do buraco, nínguem nos ouve se gritarmos. Pagam-se caros os erros que deixamos que se cometam, por ficarmos em silêncio... eu sei!


    Um abraço, Rogério.

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