26 outubro, 2012

Classes sociais e outras coisas mais...


Um estupendo desenho numa metáfora porreira.. vou descodificá-la (à minha maneira)

Com o socialismo metido na gaveta, não foi preciso muito tempo para lá ir também parar um conceito perigoso: o de classe social. Isso, e tantas outras coisas (que não vêm agora a propósito) deram terreno a que se avançasse com a injecção de dinheiro, que compensasse  o que foi para o galheiro... E que foi para o galheiro a troco da entrada de dinheiro? O que foi para o galheiro, foi a produção industrial (com o emagrecimento violento da classe operária, reduzida a pouco mais que nada). O que foi para o galheiro, foi a produção agrícola  (com a numerosa redução de assalariados agrícolas e camponeses, convertidos em imigrantes e malteses). O que foi para o galheiro, foi quase tudo o que era pesqueiro (com a dramática diminuição de pescadores-marinheiros). O que foi para o galheiro, foi a frota mercante (com a quase prática extinção desses operários do mar). 
Em troca acontecem dois factos relevantes:
  • os sectores da construção civil, do comércio e serviços crescem como o caraças; 
  • passámos todos a ser classe média... 
E agora?  Voltamos a ter operários, camponeses, assalariados rurais, pescadores, marinheiros e outras coisas mais? E com consciência de classe?... 

Ah!, e se conhecerem alguém dessa outra classe emergente, que faz da vida uma caridosa missão de ajudar toda a gente, avisem. É que o gajo de lá de cima precisa de mudar a cuequinha e de calçar uns chanatos... podem ser dos mais baratos!

8 comentários:

  1. Quem? Classe Relvas? Classe Passos? Eu ERA da chamada classe média e sempre vive mais ou menos. Agora lançam-me uma carga de imposto que me classificam de classe média alta e nunca vivi com tantas ansiedades e medos. Ainda agora escrevi no blog da São que isto só lá vai à bomba e, se fosse preciso, eu até era mulher para lhas lançar!

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  2. O que querem é deixar-nos amedrontados mas não podemos deixar que isso aconteça!

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  3. Com uns chanatos calçados vai ficar na classe média alta.

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  4. Não há classe média, é tudo classe média alta....para as finanças, claro.

    Estamos todos transformados em assalariados e vivemos como eles.


    Abraço

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  5. Rogério,
    não sei se percebi onde querias chegar. Percebo que por redução das actividades produtivas as respectivas classes profissionais foram reduzidas. Talvez isso se reflicta nas eleições e nas dificuldades em mobilizar para a luta. Mas ao colocares a questão de todos se sentirem pertencerem à classe média queres dizer que o problema foi de facto se passar a viver acima das nossas possibilidades?

    Abraço

    José Luís

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  6. A raiz de tudo o que nos está a acontecer foi quando entrámos no euro e fomos acabando com tudo, excepto cimento e serviços.
    No caso da Islândia, agora estão a sair-se bem mas, não esquecer que nunca deixaram de ter a sua própria moeda.
    Há quem fale em voltar atrás mas não será a mesma coisa, porque isto de andar a trocar e a destrocar para outra moeda, vai ser apenas outra catástrofe para emendar a primeira.
    Ficaríamos com dinheiro que não vale nada, ninguém nos venderia fiado, inflação, falta de bens essenciais, como comida e medicamentos, porque mesmo que queiramos produzir o que precisamos, falta dinheiro para investir.
    Ainda hoje em Paris e em Bruxelas ficaram centenas de desempregados com o fecho de fábricas.
    O problema está a espalhar-se por toda a Europa... as únicas classes que vão sobrar é pobre, muito pobre e paupérrimo e como já disse, algures noutro blogue, mais uma vez, temos que "agradecer" à Alemanha que consegue voltar a pôr a Europa num caos.
    Claro que os espertalhaços que andaram a cuidar da vidinha deles, agora ou depois, ficam sempre bem com o seu pé de meia bem acomodado fora da Europa.
    Agora o que está a dar para essa gente é investir nos Brics (especialmente no Brasil, Índia e China)

    Bjos

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  7. Como é meu hábito, só venho a este espaço se for confrontado com perguntas directas. Nunca passo ao lado de uma pergunta.

    Caro José Luís, o que eu pretendo dizer é que não só rebentaram com a actividade produtiva como levaram de nossa cultura os valores do trabalho. Antes havia o orgulho de ser "mestre da arte" hoje há a reclamação de se ter o poder de compra da classe média... A classificação das classes pelo seu nível de rendimento é uma classificação de alienação em que o cidadão, depois de perder a noção do seu valor no sistema de divisão de trabalho, se vê confinado a juízos e critérios em que apenas o qualificam pela sua capacidade aquisitiva. A questão é mais complexa, mas se entenderem isto, pouco falta para se entender o resto. Quanto à justificação do empobrecimento se dever a "termos vivido acima das nossas possibilidade", a resposta é um claro não. A ISA colocou o dedo na ferida quanto situou o problema na adesão ao euro. Darei uma resposta mais detalhada em futuro post.

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