A MULHER QUE CHORA BAIXINHO
A mulher que chora baixinho
Entre o ruído da multidão em vivas…
O vendedor de ruas, que tem um pregão esquisito,
Cheio de individualidade para quem repara…
O arcanjo isolado, escultura numa catedral,
Syringe fugindo aos braços estendidos de Pan,
Tudo isto tende para o mesmo centro,
Busca encontrar-se e fundir-se
Na minha alma.
Eu adoro as coisas
E o meu coração é um albergue aberto toda a noite.
Tenho pela vida um interesse ávido
Que busca compreende-la sentindo-a muito.
Amo tudo, animo tudo, empresto humanidade a tudo,
Aos homens e às pedras, às almas e às maquinas,
Para aumentar com isso a minha personalidade.
Pertenço a tudo para pertencer cada vez mais a mim próprio
E a minha ambição era trazer o universo ao colo
Como uma criança a quem a ama beija.
Álvaro de Campos
25 novembro, 2014
Poesia (uma por dia) - 72
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Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarEsta força de amor e de pertença que nos pode mover e fazer tão melhores!
ResponderEliminarBeijinhos Marianos, Rogério! :)
~
ResponderEliminar~ ~ Acontece que este mundo imundo anda demasiado repugnante para inspirar adoração, amor e ternura...
Majo,
ResponderEliminaresse mundo imundo anda tal como diz.
Mas sabe?
Há gente de um outro mundo
que eu hoje trago ao assunto
Há gente assim,
como nos fala o poeta,
com a ambição de trazer o universo ao colo...
Trazer o Universo ao colo
ResponderEliminarEmbalado aos acalantos
Dos sussurros das pessoas doces
Que de além mar enternecem
A vida dos que daqui esperam
Um dia pousar o olhar.
Bj querido amigo.
ResponderEliminarQue delícia de texto...
Foi a sensibilidade desta alma sem tamanho que o fez ser grande.
Eu aprecio a beleza das pequenas coisas, aprecio almas sensíveis e... apesar de tudo, ainda tenho fé na humanidade dos homens.
Beijinhos poéticos
(^^)
Álvaro de Campos aqui, neste excerto de "Acordar", tão perto de Sophia.
ResponderEliminar"pertenço a tudo para pertencer cada vez mais a mim próprio"
A "Unidade" como princípio fundamental da existência do homem...
Mas onde e quando?
Bj.
A MULHER QUE CHORA BAIXINHO sou eu.
ResponderEliminarOs poemas de Álvaro de Campos são pérolas da POESIA PORTUGUESA.
Abração de amizade, camarada Rogério.
Um poema que nos devolve a fé na humanidade.
ResponderEliminarAcordai,apreciai o belo e lutai por ele.
beijinho
Fê