13 março, 2016

Marcelo Rebelo de Sousa, o "marcelismo" e o "Tornado"

O "marcelismo" há muito que superou o seu próprio criador. A televisão foi o capital semente em que Marcelo investiu e que, ao longo do tempo, se foi ramificando, germinando,  nas redacções dos jornais. É simplicista, e também limitativo, afirmar que estas se lhe terão rendido ao charme. Ao contrário, foi (ainda é, e vai ser) o 4º poder a dar-lhe a sustentabilidade. E será com esse charme que ele irá tudo fazer para reconstruir o "arco da governação" em nome da conciliação nacional.
Tivéssemos outra imprensa, a denuncia-lhe contradições e a forma hábil com que se insinuava e manipulava os humilhados e ofendidos, e Marcelo não teria sido eleito nem o chamado "fascismo cultural doce" seria hoje um risco, se não já uma realidade.
Enquanto Marcelo debitava homilias dominicais, as redacções iam sendo paulatinamente saneadas de competências plurais, isentas ou alinhadas com ideias contrárias à inevitabilidade do caminho único e das inevitabilidades. Enquanto essa imprensa troca jornalistas consagrados por jovens precários e lhes encomenda conhecidos recados, ela ao mesmo tempo que abre a porta a "politólogos", comentadores e opinadores convidados que diariamente promovem a "reconciliação nacional" e a imagem presidencial.
A imagem de centenas de crianças a emoldurar o cenário na noite da posse e gritando "Marcelo! Marcelo!" é premonitória e faz-me regressar a tempos idos do fascismo amargo e cinzento onde os nomes aclamados eram outros...

Há esperança? Claro! Apresento-lhe uma ponta, havendo outras. Esta chama-se "Tornado" e passará a ser o meu jornal diário!


9 comentários:

  1. Desde que ouvi o mês passado uma entrevista na rua, em que uma senhora, que me pareceu uma simples mulher do povo (embora saiba que as aparências iludem) dizer que adorava o Cavaco Silva, tudo me parece possível. O Marcelo? Pois não votei nele, e terá que correr muita água debaixo da ponte, para que reconheça que estou enganada, ou não, no juízo que dele faço. Por enquanto o "Rei"desfila majestoso. Quando a neblina se esfumar, veremos se assim continua, ou se vai nu.
    Já coloquei o Tornado nos favoritos para ler sempre que puder.
    Um abraço e uma boa semana

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    1. Fez bem Elvira
      Um bom jornal não muda o mundo
      Mas ajuda (e muito)

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  2. Aqui está um Tornado que eu não conhecia, de todo...

    Obrigada, Rogério, tentarei manter-me atenta!


    Maria João

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  3. Gracias pela informação, é questão de ir espreitando para ver se se trata realmente de jornalismo independente ou é apenas mais do mesmo... ;)

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    1. Reúne todos os requisitos
      para ser o que se proclama

      Basta que seja uma cooperativa que junta profissionais que foram afastados!

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  4. «A imagem de centenas de crianças a emoldurar o cenário na noite da posse e gritando "Marcelo! Marcelo!" é premonitória e faz-me regressar a tempos idos do fascismo amargo e cinzento onde os nomes aclamados eram outros.»

    Senti o mesmo e não gostei nada!

    Lídia

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  5. Ainda há jornalistas? Uma profissão de chatos a inquietar almas?
    Inventaram os profissionais da comunicação, avençados ou pagos à peça a preço de uva mijona e depois os comentadores-senadores que levam o presunto para manter o rebanho entretido. O exemplo perfeito está no Marcelo que se afirmou como "outsider", o monarca da República, mas com um discurso formatado ao pormenor. Durará muito tempo a imagem de graça?

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  6. Depois da investidura, finalmente, parece começar a ir ao sítio. De qualquer modo, Belem já tem outro ambiente e a saída do outro pelo menos deixa sair o mofo...

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