Segunda-feira foi um dia em que percebi que tinha mesmo de cumprir um compromisso há já algum tempo assumido. Escrever um livro, que, aliás já tem título: "O Caracol Mole e o Escaravelho Seu Conselheiro". Essa percepção surgiu enquanto intervalava o que se passava no Auditório da Biblioteca Municipal do Barreiro e me desloquei ali ao lado, a beber um cafezito. Enquanto o sorvia ia olhando em volta. Ali, alguém folheava o jornal do dia. Acolá, um jovem tomava apontamentos com vários livros abertos. Lá ao fundo, lá estavam eles, de bicos de pés a procurar um livro que ainda não está escrito...
Terça e quarta-feira (e, depois, durante a semana inteira) toda a imprensa carregava as tintas da disputa de protagonismos, transformando as diferenças em guerras e em discórdias insanáveis. Em duas entrevistas, eles colocaram as coisas no lugar em que as coisas marginais devem ser arrumadas:
«Eu compreendo que essa componente de encenação na política se tenha
tornado uma coisa tão marcante que as pessoas já não consigam viver sem
ela, mas nós prescindimos da encenação toda em favor da substância das
coisas».(João Oliveira)
«É engraçado ver como no início, em Novembro,
cada vez que Bloco, PCP, Os Verdes, ou o PS diziam alguma coisa
divergente, havia logo um nervosismo imenso, “ai, ai, ai que isto vai
tudo cair, porque é tão instável”. Hoje em dia começa a haver a
percepção que este acordo é estável, sólido e, independentemente de
haver diferentes posições, não está sempre tudo em causa, a cada
momento, mesmo que pensemos de forma diferente.» (Mariana Mortágua)
Quinta e sexta-feira, prolongaram os "actos de cidadania" a que me obrigo (folgas, nem ao domingo) mas que (por enquanto) me dispenso de os trazer aqui.
Hoje, sábado, estava calmamente a ler o jornal, quando um pequeno escaravelho me veio interpelar sobre o meu compromisso. "Quero ser eu a personagem do teu livro". Depois de o tranquilizar e de o pôr a salvo de qualquer gesto incauto, retornei ao artigo do dia, onde o Pacheco Pereira escrevia, sob aquele cabeçalho (onde o escaravelho antes tinha estado) com título significativo: «Quem veja nestes dias um noticiário da televisão sem som parece que o
tempo andou para trás. Passos Coelho passeia-se por feiras e encontros
de empresários, “inaugura” escolas em autarquias do PSD, tratado como
primeiro-ministro, com a postura oficial de um primeiro-ministro, com a
bandeira da lapela usada pelos membros do seu Governo e que continua a
usar para não deixar dúvidas que se considera ele próprio o
primeiro-ministro com direito ao cargo, que outros usurparam numa
espécie de golpe de Estado.» (continuar a ler)
Não há dúvida que é esta imprensa que suporta e aguenta este “primeiro-ministro no exílio”. E para a semana há mais...
Não há dúvida que é esta imprensa que suporta e aguenta este “primeiro-ministro no exílio”. E para a semana há mais...
Uma semana em cheio.
ResponderEliminarA direita está a tentar por todos os meios, derrotar o governo. Acredito que o Pacheco Pereira tem razão. Há muita gente por trás do PSD, e da sua atitude. Todo ou quase todos os que foram favorecidos pelo governo anterior.
Um abraço e bom fim de semana
Esse comentário, por acertado
Eliminarnem ao meu escaravelho terá escapado
Muito interessante, a semana aqui relatada. Já me tinha perguntado sobre alguns dos tópicos realçados, como é o caso do tal sujeito parecer primeiro ministro e o que a imprensa tem a ver com isso.
ResponderEliminarAlém disso, a segunda-feira deixou-me muito, muito expectante. Um caracol mole com um escaravelho por conselheiro!... Parece-me bem!
Lídia
Tenha um bom domingo!
E saiba que com isto nada mais quero dizer que não seja "Tenha um bom domingo!"
(E, sim, a Sophia haveria de gostar, pelo menos tanto quanto eu gostei.)
Sempre achei
Eliminarque lhe pareceria bem
por entender
que temos algumas cumplicidades
e que ambos olhamos com parecidos olhares
(e "Tenha um bom domingo" também)
isto promete: escaravelha e vai nas calmas.
ResponderEliminarum abraço e boas linhas
põe-te na bicha
Eliminara boa escrita para miúdos
é (de prioritária) leitura dos adultos
abraço e boa bacoradas
... tenho tido essa mesma estranhíssima sensação de inversão do sentido dos ponteiros do relógio, tenho...
ResponderEliminarFico à espera do desenrolar da saga do caracol mole e do seu conselheiro, o escaravelho!
Forte abraço e um bom Domingo!
Maria João
Prometo que estará escrito antes
Eliminarda boa notícia que ambos esperamos
Uma semana muito bem "caçada" em poucas palavras... :)
ResponderEliminar(agora vou ler o resto da crónica do Pacheco Pereira)
Como é que o dito cujo não se enxerga? E nenhum dos amigos e correlegionários o avisa ou não se dá conta do papel pardo que lhe foi atribuído na novela. Tanto assim que foi "reconduzido" quase por unaninidade.
ResponderEliminarMas melhor, melhor, foi o sr. Juncker, ontem, em análises gramaticais: se e quando?