P.S. Tragicamente, este sublime escrito (que hoje reli no AVENTAR) não perde a actualidade, antes pelo contrário. Passe o machismo da catacrese final; para o caso, tanto faz.A mim parece-me bem.
Privatize-se Machu Picchu, privatize-se Chan Chan,
privatize-se a Capela Sistina,
privatize-se o Pártenon,
privatize-se o Nuno Gonçalves,
privatize-se a Catedral de Chartres,
privatize-se o Descimento da Cruz,
de Antonio da Crestalcore,
privatize-se o Pórtico da Glória
de Santiago de Compostela,
privatize-se a Cordilheira dos Andes,
privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu,
privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei,
privatize-se a nuvem que passa,
privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno
e de olhos abertos.
E, finalmente, para florão e remate de tanto privatizar,
privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez
a exploração deles a empresas privadas,
mediante concurso internacional.
Aí se encontra a salvação do mundo…
E, já agora, privatize-se também
a puta que os pariu a todos.
– José Saramago, em “Cadernos de Lanzarote – Diário III”.
05 dezembro, 2018
SARAMAGO e a sua inquietante actualidade
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Estas palavras de Saramago fizeram História, penso que não haverá que as não conheça. Incluindo os grandes incentivadores e adeptos das privatizações.
ResponderEliminarAbraço, Rogério.
Privatizam sobretudo aquilo que geraria riqueza para todos nós e fica para o Estado o que dá prejuízo!
ResponderEliminarAbraço
Não conhecia...
ResponderEliminarAhahahahah!
Muito bem! Muito bom!
~~~~~~
E quem dá luz verde para privatizar o que é do Estado?
ResponderEliminarNunca percebi bem isto das privatizações bem como as consequentes reclamações.
Concordo com Saramago...claro!
Já agora privatize-se TUDO!
Privatiza-se tudo. Se pudessem até o ar que respiramos era privatizado.
ResponderEliminarSaramago sempre atual.
Abraço e bom fim-de-semana