PENÚLTIMO ACTO
A noite em fundo
e o desalento prostrado
à boca de cena
A acusação nos rostos,
cortados em tão pouca vida...
A penumbra sobre o palco, dói!
E os olhos cheios de palavras:
Não quero as roupas usadas,
os sapatos que os vossos pés desprezaram,
o gesto de lavar culpas nas vossas mãos.
De que servem as orações, as confissões
se até esta sopa quente que me dais,
esta sopa que, na noite gélida, me aquece, me salva,
tem o sabor amargo da contrição.
O que quero eu?... Sabeis o que eu quero?
É a vida que me roubais
A coberto da mentira
das vossas pseudo-filosofias
das vossas fomes e iras...
Sabeis o que quero?
Romper as vossas leis de uma só face
A vossa hipocrisia que castra
o meu legítimo direito à decência.
Porque fingis querer agora salvar-me
Esquecidos que sois do motivo
por que devo ser salvo.
(...)
Lídia Borges,num comentário, em 2012
03 dezembro, 2018
Banco A_lamentar - II
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Recordo-me bem destas palavras da Lídia. Foi há tanto tempo que me espanto de as ter tão presentes.
ResponderEliminarAbraço para ambos
Bom dia- Poético. Gostei muito de ler.
ResponderEliminar.
* Cama vazia - desatino da minha agitação *
.
Beijo e/ou abraço
ResponderEliminarFui lendo ao mesmo tempo que pensava: "isto bem podia ter sido escrito por mim". E podia mesmo.
É a expressão possível do que sinto quanto à caridade "sazonal".
Bj.
Lídia