Há nos poemas de Sophia uma actualidade que registo. Parece interveniente. Parece que se cola a valores a defender aqui e agora. Parece...
As Pessoas Sensíveis
As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas
O dinheiro cheira a pobre e cheira
À roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque não tinham outra
O dinheiro cheira a pobre e cheira
A roupa
Que depois do suor não foi lavada
Porque não tinham outra
«Ganharás o pão com o suor do teu rosto»
Assim nos foi imposto
E não:
«Com o suor dos outros ganharás o pão»
Ó vendilhões do templo
Ó construtores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e de proveito
Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem
(in Livro Sexto, 1962)
A Forma Justa
Sei que seria possível construir o mundo justo
As cidades poderiam ser claras e lavadas
Pelo canto dos espaços e das fontes
(...)
Sei que seria possível construir a forma justa
De uma cidade humana que fosse
Fiel à perfeição do universo
(...)
As cidades poderiam ser claras e lavadas
Pelo canto dos espaços e das fontes
(...)
Sei que seria possível construir a forma justa
De uma cidade humana que fosse
Fiel à perfeição do universo
(...)
(in O Nome das Coisas)
Dois excelentes poemas, e muito atuais, sim.
ResponderEliminarAbraço e uma boa semana
Tens razão; a contínua actualidade e a interveniência activa são duas das mais belas características dos poemas de Sophia.
ResponderEliminarAbraço,
Maria João
Sempre actual a incontornável Sophia!
ResponderEliminarAbraço
Bom dia. Gostei de ler:))
ResponderEliminarHoje :-
Existem sussurros na brisa.
Bjos
Votos de uma óptima Segunda - Feira
Tenho esses dois livros de Poesia da Sophia.
ResponderEliminarEu separo sempre a obra do autor | da autora.