COISA
Havia um linguista consagrado,
na rua onde morava,que abominava a palavra “coisa”.Dizia cada coisa da palavra coisa!Dizia, por exemplo, que “coisa”designa substância e como tal tem nome:pedra, nuvem, árvore…Logo a pedra, revoltada…que, também ela, tem nome:granito, xisto, ardósia…e logo o granito ameaçador:pois que seu apelido,
e nomes próprios:amarelo capri, giallo antico, arabesco…e a nuvem… cirro, cúmulos, nimbus...e a árvore…
E tão convincente foi a argumentaçãoque nunca mais a coisa foi coisa,e passou a ser, quase sempre,a nomeação exatado inominável.Que coisa!...Lídia Borgesin "Seara de Versos"
17 maio, 2019
Poesia (uma por dia) - 96
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Uma coisa sem ser coisa
ResponderEliminarÉ uma coisa inominável?
Gostei desta poesia
Que coisa! Quem tal diria?
Pode ser que um dia eu saiba
escrever assim poesia.
Gostei de ler.
ResponderEliminarAbraço e bom fim-de-semana
Gosto muito da poesia da Lídia e também da palavra coisa, sobretudo quando usada no plural para designar muitas ou todas as coisas, evitando com toda a propriedade que conversas e textos se transformem numa infinda e entediante designação de substantivos.
ResponderEliminarQuando usada no masculino é que a coisa muda e pode, então, passar a designar o absolutamente inominável.
O pobre linguista consagrado da rua da Lídia, desconhece as subtilezas da palavra coisa, coitado.
Abraço,
Maria João
Adorei:))
ResponderEliminarBjos
Votos de um óptimo Sábado.
ResponderEliminarHá coisas assim!...
Obrigada. Aos comentadores também.
Lídia