«António Costa entendeu passear uma escova de dentes na Assembleia da República e as direitas tresmalhadas perguntaram-lhe:
Está a passear o seu bóbi?
Costa respondeu
- não estão a ver que é uma escova de dentes?
Já nos passos perdidos olhou para a escova de dentes e disse:
Anda Bóbi, conseguimos enganar as direitas tresmalhadas»
Agora, após a "anedota" (com aspas), o pagamento da promessa ao meu genro:
Como Professores, membros da comunidade educativa e autores de
diversos espaços de discussão sobre educação, temos opiniões livres e
diversificadas.
Porém, não podemos ficar indiferentes quando está a ser orquestrada
uma tão vil e manipuladora campanha de intoxicação da opinião pública,
atacando os professores com base em falsidades.
Tais falsidades, proferidas sem o devido contraditório, por membros
do Governo e comentadores, deveriam ser desmontadas com factos e não
cobertas ou reforçadas pelo silêncio da comunicação social, que deveria
estar mais bem preparada para que a opinião pública fosse informada e
não sujeita a manobras de propaganda.
Serve este manifesto para repor a verdade dos factos:
- O Governo, pelo Ministério da Educação, a 18 de novembro de
2017, assinou um acordo com os sindicatos de professores, onde se
comprometeu a recuperar todo o tempo de serviço. É, por isso, falso que essa intenção seja uma conspiração da oposição ou resulte de uma ilusão criada pelos sindicatos de professores.
- A recuperação total do tempo de serviço também foi proposta pelo PS.
O PS, em dezembro de 2017, recomendou a total recuperação do tempo de
serviço, conforme se pode verificar no diário da república (Resolução da Assembleia da República n.º 1/2018). É, por isso, falso que o PS nunca apoiou a recuperação integral do tempo de serviço congelado.
- Os valores apresentados pelo Governo sobre o custo da recuperação do tempo de serviço docente são falsos.
Foi prometida há perto de um ano uma comissão para calcular os custos
reais e até hoje não conhecemos o resultado do seu trabalho. Os números
reais que estimamos, líquidos, rondam os 50 milhões de euros anuais,
caso se opte pela solução da Região Autónoma da Madeira, de recuperar os
9 anos, 4 meses e 2 dias, no prazo de 7 anos. O Governo já apresentou
por diversas vezes contas inflacionadas, com totais baseados em médias
erróneas. Um grupo de professores verificou-as e constatou, segmentando
os dados, a sua falsidade (https://guinote.wordpress.com/2019/01/21/as-nossas-contas/). Ora, uma mentira dita muitas vezes nunca se transformará em verdade.
- A recuperação dos 2 anos, 9 meses e 18 dias em 2019 foi proposta do Ministério da Educação.
Aliás, um recente decreto-lei do governo, que ainda aguarda
promulgação, apresentou a possibilidade a todos os professores de
recuperar parte desse tempo já em 2019. É, por isso, falso
que o Governo não tenha verba no orçamento de 2019 para recuperar parte
do tempo de serviço congelado. E, se o decreto do Governo é
constitucional, então qualquer lei que a AR apresente, afirmando algo
semelhante, também será.
- A recente proposta aprovada na Comissão da Educação não altera um cêntimo ao Orçamento de Estado de 2019. O orçamento de 2020 ficará a cargo de próximo Governo, ainda por decidir nas próximas legislativas.
- A proposta que tanta perturbação criou ao atual Governo e seus
seguidores mediáticos nem traz nada de especial: a negociação
continuará, ficando apenas assumido que, em parcelas e gradualmente, os 9
anos são para considerar na carreira (e não “devolver”, termo que cria a ilusão falsa
de que se vai pagar o que ficou perdido para trás e que nunca ninguém
pediu). Os professores perderam milhares de milhões com os cortes
salariais durante a crise financeira, mas é falso
que seja recuperar isso que está a ser discutido. O que se discute
agora é se o tempo de trabalho efetivamente prestado desaparece (ou não)
da carreira dos professores.
- O Primeiro- Ministro, na sua declaração de eventual e coativa
demissão, falou em falta de equidade e que a votação parlamentar punha
em causa a credibilidade internacional. Lembre-se que mesmo as contas
inflacionadas do Governo apontam apenas para um acréscimo no défice de
0,2 a 0,3 pontos percentuais. Quanto à credibilidade internacional, não
foram os salários dos professores e restantes funcionários públicos que
levaram a uma intervenção por parte da Troika. Aos bancos, que agora se
descobre que foram causa primeira do descalabro financeiro, por via de
empréstimos e investimentos ruinosos, nunca é contestado qualquer
capital para novas injeções financeiras, nem se alega falta de
credibilidade internacional por se continuar sem apurar
responsabilidades.
O passado mostra que não se ganham eleições a vilipendiar um dos
grupos profissionais mais estimados pelos portugueses. Nem repetindo
falsidades para amesquinhar um grupo profissional que tem mostrado
dignidade na luta, na adversidade e na solidariedade com o todo
nacional.
Mas isso não anula a verdade simples: os portugueses em geral, mesmo
os que não conseguem passar a barragem da comunicação social para se
expressar, respeitam e compreendem os professores e não vão ser
enganados por políticos que acham que, com barulheira e falsidades, se
faz mais uma habilidade para evitar desgraças eleitorais.
Há coisas mais importantes que contar os votos da próxima eleição.
Uma delas é o respeito pela verdade e pela dignidade de uma classe
profissional que todos os dias dá o seu melhor pela formação dos futuros
cidadãos.
Portugal, 6 de maio de 2019
Subscrevem o manifesto (por ordem alfabética):
Anabela Magalhães
Escola Portuguesa
Assistente Técnico
Blog DeAr Lindo
Atenta Inquietude
ComRegras
Correntes
Escolarizar
Na Minha Opinião
O Meu Quintal
Primeiro Ciclo
Professores Lusos
Não sendo professora, não me cabe subscrever este manifesto, mas transcrevo estes dois trechos que sublinharia, se o soubesse fazer aqui, nesta caixa de comentários;
ResponderEliminar..."O Governo, pelo Ministério da Educação, a 18 de novembro de 2017, assinou um acordo com os sindicatos de professores, onde se comprometeu a recuperar todo o tempo de serviço. É, por isso, falso que essa intenção seja uma conspiração da oposição ou resulte de uma ilusão criada pelos sindicatos de professores."...
..."O passado mostra que não se ganham eleições a vilipendiar um dos grupos profissionais mais estimados pelos portugueses. Nem repetindo falsidades para amesquinhar um grupo profissional que tem mostrado dignidade na luta, na adversidade e na solidariedade com o todo nacional. Mas isso não anula a verdade simples: os portugueses em geral, mesmo os que não conseguem passar a barragem da comunicação social para se expressar, respeitam e compreendem os professores e não vão ser enganados por políticos que acham que, com barulheira e falsidades, se faz mais uma habilidade para evitar desgraças eleitorais."...
Maria João