04 dezembro, 2020

Eduardo Lourenço e um seu pensamento...


O vídeo refere-se a uma entrevista realizada em 2014 para a exposição “Les universalistes, 50 ans d’architecture portugaise”, Cité de l’Architecture et du Patrimoine/Fundação Calouste Gulbenkian. 

 

Diz Eduardo Lourenço, a um dado momento (17min e 52seg):

«A revolução do 25 de Abril, a nossa revolução das flores, começa exatamente no momento em que a era das revoluções estava acabada na Europa, de maneira que tinham que haver aqui uma […] de último jardim zoológico da revolução que já não existia, e então o Sarte que anda sempre à procura do último país revolucionário que era a China e o Vietname que tinha acabado, Cuba não dava, a nova Cuba que estava aqui a preparar-se a ver este país, não viu nada, coisa nenhuma, viu sim uma espécie de uma festa, uma revolução festiva, uma revolução festiva quer dizer uma não revolução. Felizmente […] o 25 de novembro é ironia, uma revolução festiva foi sentida como uma libertação uma coisa sem saída e de que não tinha sujeito responsável a não ser o antigo regime na sua totalidade, inclusive o homem já tinha morrido ele não viu o fim dramático do seu próprio sonho, quem apanhou essa dramatizagem foi o Marcelo Caetano porque foi uma mistura de verdadeira revolução e de complô no sentido técnico da palavra, só os militares é que podiam fazer aquilo impunemente naquela altura. Ao fim de vários meses a comprar os jornais os franceses já estavam chateados, toujours les portugais. Só se falava daquilo.» 
Assim lido, até arrepia...

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