Nunca perco uma oportunidade de citar Saramago. A propósito dos filhos:
“Filho é um ser que nos foi emprestado para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem. Isto mesmo ! Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado.Nunca perco uma oportunidade de me citar a mim próprio. A propósito de livros:
Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo”
o que me arrepia
é saber que há livros
enclausurados em estantes,
há mais de 20 anos
sem serem lidos
os meus, os que detenho
são talvez uma dúzia
os que tenho tido
tenho-os doado
É que um livro por muito amado
por muito querido
foi escrito para ser lido
e não para ser guardado
A primeira doação foi quando fui mobilizado para a guerra colonial a última foi há pouco
Com boas acções se ganha o céu, nem que seja o céu da nossa consciência.
ResponderEliminarE existe algum outro, L. ? :)
EliminarNão, não existe, estava a ser irónico.
EliminarBom dia, Rogério.
ResponderEliminarPara já, não concordo nada com o título deste postal, pelo menos, no que aos filhos respeita.
Quando é que um filho deve deixar de o ser? NUNCA!!
1- Um filho pode abandonar o ninho, quando ganha asas para voar, mas isso é o que todos os pais desejam; que os seus filhos se tornem seres independentes, autónomos, responsáveis e sigam o seu próprio caminho. Daí a deixarem de ser "nossos" - não no mau sentido da palavra, ou seja, com o sentido de posse, porque nunca o são - vai todo um abismo impossível de transpor.
Depois, não posso comparar o meu amor por um filho com o amor por um livro, por muito que esse livro me diga, e dizem!!
2- Sobre o que Saramago escreveu, só concordo parcialmente.
"...Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é expor-se a todo tipo de dor...".
Grande verdade, pois se os filhos nos dão muitas alegrias, também nos acarretam tristezas, porque fazemos nossos todos os seus problemas e pesares, assim como rejubilamos com os seus sucessos e alegrias.
Mas um filho NUNCA nos é emprestado. Somos nós que o geramos no nosso ventre, fomos nós que, por entre dor sorrisos e pranto, o pusemos no mundo. O alimentámos com carinho e amor. Que soube disso Saramago se, tanto quanto sei, nem pai foi?
3- Quanto à oportunidade que o Rogério nunca perde de se auto-citar... como não saber se essse seu poema sobre livros me foi oferecido, por si, AQUI ?
Já agora, peço que se leia a minha resposta, já que ela faz parte do kit.
Um abraço, Rogério! 😇
😊
Respostas, às postas:
EliminarPrimeira - claro que Saramago se referia ao sentido de posse e sobre o meu entendimento e comparação leia o poema de Castro Alves no comentário da Fê
Segundo - nome da filha de Saramago: Violante
Terceiro - a tua resposta à minha oferta é que provocou este meu texto...
Abraço de emoji
Rogério
EliminarCom esta sua reacção à minha opinião, sem se aperceber está a seguir o lema da outra senhora, essa mesma, a ditadura: "Quem não for por mim é contra mim". E, às vezes, não é bem assim. Olhe, rimou e é verdade!!
Li os poemas, sim, li, e gostei e concordei com ambos.
Também espalho livros, mas não os ofereço, empresto-os.
Apesar de alguns terem ido e não terem regressado.
Bom fim-de-semana.
Vamos lá a deixar clarito umas coisitas: fazendo esforço de compreensão a essa do "lema da outra senhora" só lhe digo que nunca seria contra si. Ponto.
EliminarOutra, eu nunca ofereci livros a outras pessoas, mas sim a bibliotecas.
Que seu fim-de-semana seja melhor que o meu
NUNCA estive tão de acordo contigo e com o título desta publicação, amigo do meu coração 📚 rima e é verdade.
ResponderEliminarDe vez em quando
EliminarVamos concordando
Rima e é verdade
Tenho a casa a abarrotar de livros que não releio há mais de uma década...
ResponderEliminarTodos eles estiveram, desde sempre, ao dispor de quem os quisesse ler e tirando algumas largas dezenas de que não quero mesmo separar-me enquanto por cá andar, tenho montanhas deles para doação...
Fala comigo, ok?
Forte abraço!
Embora eu sofra terrivelmente com a doação de 📚 fiz um compromisso — porque cada livro que compre, ofereço um — quer a amigos e familiares ou deixo-os nas vitrines de livros 📚 que se encontram em todas as zonas da cidade. O livro 📕 policial que estou a ler, já tenho alguém à espera dele. Claro que há livros, que os guardo até morrer.
EliminarSaudações desta vez da minha casa 🏡 em Düsseldorf.
Claro, Teresa! Compreendo-a perfeitamente... nos últimos anos, pelos motivos que são conhecidos de todos, não tenho feito as minhas releituras, mas há livros que sinto a imperiosa necessidade de ir relendo ao longo dos anos. E vai sendo, a cada ano que passa, uma leitura mais madura, mais completa e mais atenta...
EliminarSaudações da minha eterna casota em Nova Oeiras :)
Registo a disponibilidade, Maria João. Fica debaixo de olho. Estamos fazendo diligências para que a nossa Associação (a Desenhando Sonhos) venha a ter uma sede. Nessa altura falamos.
EliminarAbraço agradecido
Ok! Conta comigo!!! :)
EliminarQuando a sede existir, podem contar com uns quantos trabalhos meus.
EliminarJá tinha pensado, numa exposição tua!
EliminarMas se doas... melhor coisa não podia "ouvir" hoje!
Melhor do que qualquer palavra minha, deixo-lhe dois poemas, este poema de Castro Alves:
ResponderEliminar"Oh! Bendito o que semeia
Livros à mão cheia
E manda o povo pensar!
O livro, caindo n'alma
É germe – que faz a palma,
É chuva – que faz o mar! "
E este de Vinicius de Moraes :
"Filhos... Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Se não os temos
Que de consulta
Quanto silêncio
Como os queremos!
Banho de mar
Diz que é um porrete...
Cônjuge voa
Transpõe o espaço
Engole água
Fica salgada
Se iodifica
Depois, que boa
Que morenaço
Que a esposa fica!
Resultado: filho.
E então começa
A aporrinhação:
Cocô está branco
Cocô está preto
Bebe amoníaco
Comeu botão.
Filhos? Filhos
Melhor não tê-los
Noites de insônia
Cãs prematuras
Prantos convulsos
Meu Deus, salvai-o!
Filhos são o demo
Melhor não tê-los...
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Como saber
Que macieza
Nos seus cabelos
Que cheiro morno
Na sua carne
Que gosto doce
Na sua boca!
Chupam gilete
Bebem xampu
Ateiam fogo
No quarteirão
Porém, que coisa
Que coisa louca
Que coisa linda
Que os filhos são!"
Beijinho :)
Que oportunos poemas!
EliminarEstão complementado o tanto que por aí está dito.
Beijinho, querida amiga
È uma boa ideia essa de doar os livros.
ResponderEliminarAinda ontem estive a falar disso ao telefone.
Quanto aos filhos gostaria muito que o empréstimo terminasse quando eu fechasse os olhos para sempre!
Abraço
E já somos dois!
Eliminar(onde é que eu já disse isto?)
Abraço amigo
Gostei da reação sobre o tema Livros.
ResponderEliminarBom quando vemos os amigos discutindo a melhor forma de doar ,emprestar , ler, reler e até guardá-los como relíquias. Até tenho alguns que são mesmo relíquias, ganhei de amigos queridos ou gosto imensamente dos autores e não dou nem empresto rsrs
Amo muito ler Rogério e sempre que tenho disponíveis entrego para bibliotecas, acho super válido ,além de desentravar as estantes e oferecer opçoes para outros leitores.
Grande abraço e bons dias