08 outubro, 2021

OS LIVROS, TAL COMO OS NOSSOS FILHOS, SÓ SÃO NOSSOS ATÉ QUE DEVAM DEIXAR DE O SER


Nunca perco uma oportunidade de citar Saramago. A propósito dos filhos:
“Filho é um ser que nos foi emprestado para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem. Isto mesmo ! Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado.
Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo”
Nunca perco uma oportunidade de me citar a mim próprio. A propósito de livros:
o que me arrepia
é saber que há livros
enclausurados em estantes,
há mais de 20 anos
sem serem lidos

os meus, os que detenho
são talvez uma dúzia
os que tenho tido
tenho-os doado

É que um livro por muito amado
por muito querido
foi escrito para ser lido
e não para ser guardado

A primeira doação foi quando fui mobilizado para a guerra colonial a última foi há pouco

21 comentários:

  1. Com boas acções se ganha o céu, nem que seja o céu da nossa consciência.

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  2. Bom dia, Rogério.

    Para já, não concordo nada com o título deste postal, pelo menos, no que aos filhos respeita.
    Quando é que um filho deve deixar de o ser? NUNCA!!

    1- Um filho pode abandonar o ninho, quando ganha asas para voar, mas isso é o que todos os pais desejam; que os seus filhos se tornem seres independentes, autónomos, responsáveis e sigam o seu próprio caminho. Daí a deixarem de ser "nossos" - não no mau sentido da palavra, ou seja, com o sentido de posse, porque nunca o são - vai todo um abismo impossível de transpor.
    Depois, não posso comparar o meu amor por um filho com o amor por um livro, por muito que esse livro me diga, e dizem!!

    2- Sobre o que Saramago escreveu, só concordo parcialmente.
    "...Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é expor-se a todo tipo de dor...".
    Grande verdade, pois se os filhos nos dão muitas alegrias, também nos acarretam tristezas, porque fazemos nossos todos os seus problemas e pesares, assim como rejubilamos com os seus sucessos e alegrias.

    Mas um filho NUNCA nos é emprestado. Somos nós que o geramos no nosso ventre, fomos nós que, por entre dor sorrisos e pranto, o pusemos no mundo. O alimentámos com carinho e amor. Que soube disso Saramago se, tanto quanto sei, nem pai foi?

    3- Quanto à oportunidade que o Rogério nunca perde de se auto-citar... como não saber se essse seu poema sobre livros me foi oferecido, por si, AQUI ?

    Já agora, peço que se leia a minha resposta, já que ela faz parte do kit.

    Um abraço, Rogério! 😇
    😊

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    1. Respostas, às postas:
      Primeira - claro que Saramago se referia ao sentido de posse e sobre o meu entendimento e comparação leia o poema de Castro Alves no comentário da Fê
      Segundo - nome da filha de Saramago: Violante
      Terceiro - a tua resposta à minha oferta é que provocou este meu texto...

      Abraço de emoji

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    2. Rogério
      Com esta sua reacção à minha opinião, sem se aperceber está a seguir o lema da outra senhora, essa mesma, a ditadura: "Quem não for por mim é contra mim". E, às vezes, não é bem assim. Olhe, rimou e é verdade!!

      Li os poemas, sim, li, e gostei e concordei com ambos.
      Também espalho livros, mas não os ofereço, empresto-os.
      Apesar de alguns terem ido e não terem regressado.

      Bom fim-de-semana.

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    3. Vamos lá a deixar clarito umas coisitas: fazendo esforço de compreensão a essa do "lema da outra senhora" só lhe digo que nunca seria contra si. Ponto.
      Outra, eu nunca ofereci livros a outras pessoas, mas sim a bibliotecas.

      Que seu fim-de-semana seja melhor que o meu

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  3. NUNCA estive tão de acordo contigo e com o título desta publicação, amigo do meu coração 📚 rima e é verdade.

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  4. Tenho a casa a abarrotar de livros que não releio há mais de uma década...

    Todos eles estiveram, desde sempre, ao dispor de quem os quisesse ler e tirando algumas largas dezenas de que não quero mesmo separar-me enquanto por cá andar, tenho montanhas deles para doação...

    Fala comigo, ok?

    Forte abraço!

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    1. Embora eu sofra terrivelmente com a doação de 📚 fiz um compromisso — porque cada livro que compre, ofereço um — quer a amigos e familiares ou deixo-os nas vitrines de livros 📚 que se encontram em todas as zonas da cidade. O livro 📕 policial que estou a ler, já tenho alguém à espera dele. Claro que há livros, que os guardo até morrer.

      Saudações desta vez da minha casa 🏡 em Düsseldorf.

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    2. Claro, Teresa! Compreendo-a perfeitamente... nos últimos anos, pelos motivos que são conhecidos de todos, não tenho feito as minhas releituras, mas há livros que sinto a imperiosa necessidade de ir relendo ao longo dos anos. E vai sendo, a cada ano que passa, uma leitura mais madura, mais completa e mais atenta...

      Saudações da minha eterna casota em Nova Oeiras :)

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    3. Registo a disponibilidade, Maria João. Fica debaixo de olho. Estamos fazendo diligências para que a nossa Associação (a Desenhando Sonhos) venha a ter uma sede. Nessa altura falamos.

      Abraço agradecido

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    4. Quando a sede existir, podem contar com uns quantos trabalhos meus.

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    5. Já tinha pensado, numa exposição tua!
      Mas se doas... melhor coisa não podia "ouvir" hoje!

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  5. Melhor do que qualquer palavra minha, deixo-lhe dois poemas, este poema de Castro Alves:

    "Oh! Bendito o que semeia
    Livros à mão cheia
    E manda o povo pensar!
    O livro, caindo n'alma
    É germe – que faz a palma,
    É chuva – que faz o mar! "

    E este de Vinicius de Moraes :

    "Filhos... Filhos?
    Melhor não tê-los!
    Mas se não os temos
    Como sabê-los?
    Se não os temos
    Que de consulta
    Quanto silêncio
    Como os queremos!
    Banho de mar
    Diz que é um porrete...
    Cônjuge voa
    Transpõe o espaço
    Engole água
    Fica salgada
    Se iodifica
    Depois, que boa
    Que morenaço
    Que a esposa fica!
    Resultado: filho.
    E então começa
    A aporrinhação:
    Cocô está branco
    Cocô está preto
    Bebe amoníaco
    Comeu botão.
    Filhos? Filhos
    Melhor não tê-los
    Noites de insônia
    Cãs prematuras
    Prantos convulsos
    Meu Deus, salvai-o!
    Filhos são o demo
    Melhor não tê-los...
    Mas se não os temos
    Como sabê-los?
    Como saber
    Que macieza
    Nos seus cabelos
    Que cheiro morno
    Na sua carne
    Que gosto doce
    Na sua boca!
    Chupam gilete
    Bebem xampu
    Ateiam fogo
    No quarteirão
    Porém, que coisa
    Que coisa louca
    Que coisa linda
    Que os filhos são!"

    Beijinho :)

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    1. Que oportunos poemas!
      Estão complementado o tanto que por aí está dito.

      Beijinho, querida amiga

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  6. È uma boa ideia essa de doar os livros.
    Ainda ontem estive a falar disso ao telefone.
    Quanto aos filhos gostaria muito que o empréstimo terminasse quando eu fechasse os olhos para sempre!

    Abraço

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  7. Gostei da reação sobre o tema Livros.
    Bom quando vemos os amigos discutindo a melhor forma de doar ,emprestar , ler, reler e até guardá-los como relíquias. Até tenho alguns que são mesmo relíquias, ganhei de amigos queridos ou gosto imensamente dos autores e não dou nem empresto rsrs
    Amo muito ler Rogério e sempre que tenho disponíveis entrego para bibliotecas, acho super válido ,além de desentravar as estantes e oferecer opçoes para outros leitores.
    Grande abraço e bons dias

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