DESERTIFICAÇÃO
Fala a pedra com a pedra: Onde a erva?
Fala a terra com a terra: Onde o húmus?
Fala a porta com a janela: Onde a gente?
Fala a parede com o sobrado: Tens saudade dos passos?,
onde pára o espanta pardais, esse espantalho de falsos braços
que afastavam os pássaros?
Onde param as searas? e as eiras? e os cantos? e o pão?
Flor? Que é uma flor?
Flor era essa coisa de pétalas e cor que tu trazes na memória
e que segundo o calendário do tempo devia povoar esses campos?
Árvores? Que é uma árvore?
Árvore era essa coisa de raízes, folhas, ramos, frutos
que juras te ter no passado dado meiga e fresca sombra?
Água? Que é a água?
Água é essa coisa que te molhava o rosto, a roupa o corpo
e que as escuras nuvens teimam levar para outro lugar?
Ah, meu amor, este abandono
Ah, meu amor, este deserto
Se cada um de nós somos três
porque me falas
como se houvesse apenas Minha Alma?
Porque me falas
como se tudo dependesse da Primavera e nada dependesse de nós?
Rogério Pereira
Comovente e com0vida maneira de celebrar poesia, meu amigo...
ResponderEliminarUm abraço
Poesia simplificada, nua e crua. Este é dos melhores blogs que tenho o prazer de seguir, Rogério.
ResponderEliminarAbraço!
Caro Rogério
ResponderEliminarO seu poema que fala de coisas reais e sobre o qual vão os meus parabéns. Deixa no final uma interrogação que me deixou a pensar. Como disse um outro poeta "as forças da natureza, nunca ninguem as venceu". Será de facto que nada depende de nós? Será que vamos esperar que o tal "milagre" aconteça? Há exemplos de que o homem consegue, quando aproveitado o seu saber e a própria natureza dar a volta a situações adversas. Talvez fosse fastidioso enumerar algumas. Mas lembro aquela ilha onde não chovia e não havia àgua doce. Em contrapartida havia um constante nevoeiro. Sem grandes obras de engenharia, estendeu-se na vertical vários Km de rede, fez-se uma caleira em todo o cumprimento e tranformou-se o nevoeiro em água potável. Provavelmente não se supriram todas as necessidades, mas que se atenuaram é um facto. E ainda aquela aldeia onde o sol não chegava e os seu habitantes viviam em permanente escuridão. Um espelho gigante estratégicamente colocado e fez-se luz.
Um abraço (hoje) ao poeta que tambem é!
Raramente comento, caro Rodrigo, mas não posso passar sem lhe dar a minha resposta à questão posta. Gedeão, referia-se à natureza humana (Quero eu e a natureza. que a natureza sou eu. e as forças da natureza. nunca ninguém as venceu...) e não tenho duvidas sobre a capacidade do homem em lutar contra a adversidade assim como não tenho dúvidas de que a desertificação do país, nomeadamente do Alentejo (mas não só) se deve à incúria, desprezo e politicas desumanas que servem interesses que nada têm a ver com os interesses dos povos...
ResponderEliminarUm abraço para o poeta que vive em si e que se espelha nos seus textos, nos seus comentários e na sua luta.
ResponderEliminarBelas metáforas usou para caracterizar o nosso Portugal que morre à míngua (de água e não só...)
Claro que depende de nós!
ResponderEliminarJá agora, aquele seu comentário... tem a certeza que leu bem todas as palavras do título do meu post?
Bjos
Bolas, Rogerito, muito bem! Muito lindo! Parece o meu querido Manuel da Fonseca a poetar sobre o seu Alentejo!
ResponderEliminarVou copiar para o meu caderninho de versos. (nem peço autorização...)
Beijinhos poéticos ou primaveris?
Lindissimo!
ResponderEliminarPalavras sentidas meu amigo Rogério.
Beijinho e uma flor
O Poeta é um fingidor,
ResponderEliminarfinge tão completamente que chega a
fingir que é dor a dor que deveras sente .
*Fernando Pessoa*
Um Feliz Dia Internacional Da Poesia
Creio Que Existe Em Todos Nos Um
Cantinho De Poetar No Coração.
Mais Esse Dom Não Foi Dado
A Todos.
Um Abraço Carinhoso Pelo
Dia Internacional Do Poeta.
De Um Dia Tão Importante Para Todos Nos.
Tem Um Mimo Na Postagem .
Caso Gostar Foi Feito Com
Muito Carinho.
Beijos e Beijos.
Evanir.
Essa "Desertificação" é "uma pedrada no charco".
ResponderEliminarBem Haja!
O homem chegará um dia a interrogar-se sobre tudo que hoje faz as nossas delícias?? Apenas as memórias falarão? (se falarem...)
ResponderEliminarGostei deste poema forte, assustador e (quase) real!
Parabéns ao Poeta neste dia da Poesia!
Beijo
Graça
o Rogério poeta
ResponderEliminarum abraço
Embora a realidade ande perigosa é bom saber que há quem a olhe de frente e saiba dizê-lo!
ResponderEliminarbj
Poesia que sai do núcleo dum vulcão prestes a explodir, já falta pouco, nós à espera, de quê nem queremos saber, pomos a cabeça na areia, pode ser que as coisas se resolvem pela ação de quem está bem instalado na vida, que até se arroga a providencial esperança dos desesperançados, falando da sua política empresarial de bom samaritano, sem pessoas como ele não haveria empregos, íamos todos para debaixo da ponte, ele vive bem porque é "muito" inteligente, os portugueses não têm jeito senão para pedir, ele não, foge com o seu capital para a Holanda ou outros paraísos, nós aqui que nos aguentemos com a magreza cada dia que passa mais macilenta dos nossos salários e pensões (muitos de nós com mais de 40 anos a acreditar no estado Social), ele a defraudar-nos, nós caladinhos que nem ratos, só algumas vozes se tentam levantar, que logo são abafadas pelo domínio avassalador dos meios de comunicação pelo poder económico...
ResponderEliminaruff raios partam esta vida!
Um grande abraço, tudo isto é vida, mas a poesia desta vida dá um grande fadário é o que é!
A poesia também serve para permitir que a alma grite.
ResponderEliminarGostei do seu grito...
beijos
cvb
Meu amigo
ResponderEliminarA poesia sempre foi um meio de gritar o que nos vai na alma...e gostei deste grito.
Beijinho
Sonhadora
em silencio vou aqui passando, não conhecia esta sua faceta, a de Poeta.
ResponderEliminargostei, e acho que tudo depende de nós, sempre!
abraço
tens razao tens toda a razao
ResponderEliminarkis .=)
Todos os dias
ResponderEliminarsão poesia
Poesia de intervenção assim numa natureza que só morre se não lutarmos por ela, para que os nossos netos saibam o que é ver uma flôr nascer.
ResponderEliminarGostei muito.
Sempre a usar "as palavras como uma arma"! :))
Beijos
..belissimo Poeta!
ResponderEliminarCalculei que irias superar o dia mundial da poesia.
Beijinho meu
Não vou comentar.
ResponderEliminarComo noutras ocasiões já lhe disse - fico à espera do livro com poemas
Beijo
Estou aqui há um pedaço... Teria tanto a dizer.
ResponderEliminarLindo, o poema!
Um beijo
E se dependesse de nós apenas?
ResponderEliminarUm grande bj
Aqui hoje não é dia da poesia. Ou melhor, não era. Linda a sua primavera.
ResponderEliminarE nós temos ainda tanto pra fazer...
ResponderEliminarUma poesia com algo de desespero mas também de alerta. Bem construída.
ResponderEliminarMeu caro Rogério
ResponderEliminarQue lindo poema, retrato fiel do meu (nosso) Alentejo e não só.
Quando faço uma retrospetiva dos últimos sessenta anos da minha existência como ser humano, fico de seriamente preocupado com as gerações vindouras.
Como diz Graça Pereira neste Sítio "O homem chegará um dia a interrogar-se sobre tudo que hoje faz as nossas delícias?"
Um abraço militante
Há muito que me interrogo sobre tudo o que faz as delícias de tantos, mas não é de admirar porque cresci entre gente que já assim pensava e que também nascera de gente que se interrogava da mesmíssima forma...
ResponderEliminarGostei muito do teu poema, Rogério!
Forte abraço!
Infelizmente o tema continua actual.
ResponderEliminarParabéns!
Abraço