(reeditado)
Foi há cerca de 30 anos, finais da década de 70, que passeei Minha Alma Celta pela noite de São João, no Porto. Passados tantos anos não consigo lembrar quantos foram os sorrisos e toques recebidos com aqueles alhos floridos de nome para mim estranho. Não sei quantos, mas foram muitos. De quando em quando, uma ou outra rapariga mais atrevida, esfregava-me o rosto com aquela haste florida e era provocatório o sorriso.
Não me recordo de levar com um único martelinho, mas por certo já os por lá havia...
Não me recordo de levar com um único martelinho, mas por certo já os por lá havia...
Aprofundando as origens dessa tradição, dei-me a várias leituras e escolhi esta:
«A história do alho porro é anterior à era cristã e as fogueiras de São João cruzam fronteiras. Ao contrário do que muitos julgam, há festas populares e fogueiras de São João de Florença ao Brasil. A tradição repete-se um pouco por todo o mundo cristão, que nalgum momento da sua história se cruzou ou herdou o legado da presença celta.
Os celtas, essas gentes que fundaram o primeiro burgo que haveria de dar origem à povoação romana de Portus Cale [o berço do Condado Portucalense], eram politeístas e correram boa parte da Europa antes de Cristo ter nascido na Galileia. Por isso, não queriam saber da festa de São João para nada. Mas celebravam com pompa e circunstância o Solstício de Verão, que quase coincide no calendário com o dia do santo.
Nessa grande festa de homenagem à Deusa-Mãe Natureza, os celtas faziam fogueiras e ofereciam ervas aromáticas à divindade. Os festejos de S. João [como os de muitos outros santos cristãos] recuperaram este ritual pagão.
As ervas aromáticas que são queimadas variam consoante a latitude do globo - o alho porro pode ser substituído pela alcachofra -, mas a origem do ritual tem um fim comum: espantar o mau olhado, garantir proteção para o ano inteiro e homenagear a fecundidade dos seres humanos e culturas. Tudo em honra da grande Deusa-Mãe: a Natureza que tudo nos dá e garante a sobrevivência das espécies.»
A "tradição" do martelinho de plástico é mais recente, coloco as devidas aspas pois a um hábito de 50 anos, importado de uma criativa festa da Queima das Fitas da Universidade do Porto, tenho relutância em considera-la tradição. Embora a população do Porto a tenha adoptado como tal, o martelinho não tem o mesmo significado que o alho, nem o mesmo odor. Não vou ao ponto de considerar que é uma ruptura com a memória celta, com os seu valores, com essa herança, mas alimento a esperança do regresso ao alho.
Alinho com o abandono do plástico. O ambiente, esse, agradece.
Também alinho consigo e não abro mão
ResponderEliminarNa preferência pelo alho-porro odorífero
Martelinhos e marteladas é que Não
O martelo pode ser até mortífero.
E agora, vou ver a importância do alho- porro, nas tradições Sanjoaninas.
PS- Quem anda sempre numa lufa-lufa não pode admirar-se de ficar desmemoriado, ou melhor, ter lapsos de memória, agora vir assustar o pessoal, é que está mal...Tudo ficou resolvido com uma consulta online?
E nós aqui tão perto...!
Tudo de bom!
Querida Janita,
Eliminaraquilo que ia ver já está no vídeo ... quanto ao susto pregado, eu próprio andava assustado... e quanto à consulta ela é ficção, ou melhor, resulta de um reflexão a três.
Tudo o de melhor!
Era ao vídeo que me referia, Rogério! :)
EliminarDeixei-o para o fim, e sim, já calculava que seria assim.
Boa semana.
A tradição do alho porro é anterior à era cristã.
ResponderEliminarUm ritual pagão que, como muitos outros, foi “reciclado” na celebração popular do São João para venerar o solstício de verão 🌻
É mem´isso!
EliminarComo é referido
este é post reeditado
no outro, no seu comentário
diz ter-se comovido
Acho que deixou parte da sua alma no Porto, certo?
Alho porro... só na sopa.
ResponderEliminarAcabas de desvalorizar um importante documento histórico...
EliminarPor distração? Por teres tal propósito?
Estou contigo e voto no belo do alho-porro! :) A era do plástico não pode nem deve durar muito mais e não é um martelinho colorido que consegue fazer-nos esquecer a florida haste do alho-porro.
ResponderEliminarLá pelos blogs do sapal do Sapo andei a desgarrar em quadras e só o alho-porro foi exaltado na desgarrada.
Forte abraço, meu amigo!
Corria o ano de 1977, por aí, quando mergulhei na multidão que ocupava, não só a "baixa" do Porto, como todas as avenidas e ruas. Talvez um ou outro martelinho... Memorável (acho que me deitei já o sol raiva!)
EliminarQue bem essa desgarrada...
Abraço forte, minha amiga!
Meu caro Rogério
ResponderEliminarConfesso que não sou nada adepto do martelinho de plástico, faz-me lembrar aquelas vuvuzelas "tipo corneta" que alguém se lembrou de replicar em plástico no campeonato do mundo. Iam colocando tudo surdo, tal era a barulheira para além de serem de plástico.
Se é tradição, deve usar-se o tradicional. Alho porro sim! Martelinho de plástico não.
Um abraço
Caro camarada Xavier,
EliminarQuando o plástico invade o tradicional, está tudo mal...
Abraço