Choram-lhe os olhos, por dentro
(razões para um poema)
(razões para um poema)
Choram-lhe os olhos, por dentro
sob um céu azul
que se reclama inocente
e inimputável
A magra nuvem
passa ausente
esquecida da função
O vento mal se sente
Um dia de meados de Maio
De um Maio ora vermelho, ora tímido,
Um dia em que as lágrimas se diluíram
nas bátegas da ultima chuvada
que há pouco se suicidara
na beira da estrada
Choram-lhe os olhos, por dentro
Mágoa?
Desgosto?
Impotência?
Raiva?
Explosão?
Ou um sentimento misto
de tudo isso
pela omissão
de um povo ainda omisso
na sua aparente submissão?
Neste momento,
choram-lhe os olhos, por dentro
Por dentro,
pois ninguém o verá chorar
Terá a face firme e limpa
quando um outro dia chegar
Rogério Pereira
Caro Rogério
ResponderEliminarCostumo dizer que não comento poesia para não "estragar". Mas senti que não é só um poema. Há também uma forte "imagem" no seu conteúdo, que nos faz sentir um arrepio que nos trespassa e sem dar-mos por isso os nossos olhos ficam bassos.
Emocionante!
Abraço
Rodrigo
tem um "ditado" que diz: o que os olhos não veem o coração não sente, então, concordo que decifrar um poema depende muito da visão de cada um e do autor que o fez, é como digo: "tudo depende do lado que se está", para mim, do lado que estou e de acordo com a minha visão, a última parte define sobre o que conversamos ontem, acredito numa guerra silenciosa que se fez um dia e outra muito maior que se fará um dia também, só não tenho certeza de quando, mas a certeza de que ela já está em andamento, ah isso tá! e quanto ao choro propriamente dito, necessariamente ele não precisa ser de lágrimas. Parabéns! obrigada pelo carinho!
ResponderEliminarSem dúvida que sim, nesse dia não haverá lágrimas nem por dentro nem por fora ... e se teimarem serão as da alegria mais pura.
ResponderEliminarObrigada pelo carinho, Rogério.
Beijinho
Ná
Que dizer se tudo está dito neste poema que eleva, que reforça a confiança no futuro, que afaga...
ResponderEliminarUm beijo
Aparente submissão?
ResponderEliminarNão creio!
Real submissão... isso sim!
Um abraço.
Neste momento não sou capaz de me exprimir por palavras.
ResponderEliminarE descobri que o que sinto ultimamente, é aqui descrito desta forma brilhante.
Choram-me os olhos...
beijinhos
Isso é que é esperança! Ainda bem! Mas já começa a falhar...
ResponderEliminarBeijinho
Creio já lhe ter dito que não sei comentar poesia, mas gostei da imagem que o seu poema encerra
ResponderEliminarAs lágrimas , tal como a chuva, renovam e fazem renascer. Ele que as deixe correr livres, soltas, sem medo ou omissões.
ResponderEliminarA poesia nãos e comenta: gosta-se ou não! Aliás , é assim um pouco com todas as manifestações artísticas, acho.
ResponderEliminarE deste poema gostei e por isso o partilhei no facebook!
Bons sonhos.
Amigo Rogério.
ResponderEliminarChorar sem o alívio das lágrimas é o sofrimento mais profundo que alguém pode sentir.
Sei que quando um outro dia chegar, o dique se romperá e as lágrimas lhe correrão livremente pelas faces.
Esperemos, com Fé, esse dia, meu amigo.
Deixo-lhe a minha profunda admiração e um grande abraço.
Janita
Rogério
ResponderEliminarOs meus choram por dentro e por fora.
As palavras certas, à espera de uma edição!
Beijo
Laura
Quando não se vêm as lágrimas que nos saem, a dor é grande. Resta-nos a esperança.
ResponderEliminarGrande poema Rogerio.
beijinho
cecilia
Já tinha lido este poema e repeti.
ResponderEliminarA força do amor que vence num sorriso de esperança todas as chuvas que possam atormentar a alma, por dentro...
Muito forte e muito lindo!
Beijos
Branca
Sorrio para fora, para combinar com a força e determinação das lágrimas para dentro. Sorrio para fora porque sei que elas são fundamentais no ritmo das mudanças. Sorrio para fora para que elas sequem pouco a pouco lá dentro, depois de cumprida com a bela missão de irrigar a alma.
ResponderEliminarUm grande bj querido amigo
Muito bom!
ResponderEliminar"Cancao com lágrimas".
Num tempo de palavras tão gastas, de conteúdos desacreditados pelo desencontro sucessivos com os actos, é a poesia que aconchega o coração dos homens, famintos de esperança. Porque diz o que de nenhuma outra forma pode ser dito e porque humanamente nos aproxima, numa linguagem sem diferenças, sem poderes, sem jogos, sem interesses. Uma linguagem onde nos sentimos profundamente iguais, a dos sentidos.
ResponderEliminarAdorei este poema, Rogério! Simplesmente...
Obrigada!