SONHO À VISTA
(a caminho da terra da Utopia)
(a caminho da terra da Utopia)
Os mostrengos são cada vez mais numerosos
E rodeiam a nau voando
Não três, mas mil vezes, e mais raivosos
Na ré, de pé,
O mesmo homem do leme
Que depois de ter tremido, já não treme
Gritando o grito que o poeta lhe colocou na voz
No mastro real,
Também igual,
Está o mesmo gajeiro
No ponto mais alto do navio, será o primeiro
A dar noticias, quando as houver que dar
Naquela travessia
Decidida
Que ousaram desafiar
Se empenhando com todo o seu ser e querer
As ondas são vagas de meter medo
Se houvesse medo de lhes ter
A fome roer-lhes-iam a entranhas
Se houvesse sentir entranhas a roer
A incerteza espalhar-se-iam com os ventos
Se houvesse que a sentir nesses momentos
Tudo o que de mau, escuro e duro
Lhes diziam ir acontecer, aconteceu
Mas nem um só esmoreceu
(embora muitos ficassem pelo caminho
por tão dorido e sofrido ele ser)
As sereias, desistentes,
Mergulharam em desafinado cantar
O céu, que fora de breu, clareou
O mar, que fora alteroso, se amainou
E por fim a noticia esperada
Do alto da nau gritada
Sonho à vista
Sonho à vista, foi o grito repetido,
Por quem sofrendo ali chegou
Rogério Pereira
(A imagem foi roubada a um belo pássaro azul)
Estamos a viver numa tenebrosa nau caterineta.
ResponderEliminarPlagiando ou não, Rogério, está belíssimo!
ResponderEliminarDiga-me,quando ouviremos "sonho à vista"? É que a gente vem cansada, derreada e moribunda...
Beijo
Laura
O sonho sempre há de chegar. Naveguemos...
ResponderEliminarLindo poema.
Um grande bj querido amigo.
"E pelo Sonho é que vamos..."
ResponderEliminarTalvez já tenha deixado este verso aqui...
Vamos sobreviver!
Linda a adaptação!
Abraço
Entre os que perecem e os que apanham boleia noutras naus para trilhar outros caminhos... oxalá a nau não acabe por chegar vazia...
ResponderEliminarBjos
Hola amigo!
ResponderEliminarLindo poema!
Sonhos são alimentos para a alma
deixar de sonhar é minguar-se lentamente.
Bjs.
Vejo aqui a mesma imagem que escolhi :)
ResponderEliminarComo o sonho comanda a vida, pode ser que comande esta sua nau.
Apesar de tudo ainda não desisti de lá chegar, à terra da utopia.
beijinhos
E a malta das naus há-de transformar o sonho em realidade.
ResponderEliminarA intextextualidade com o poema de Pessoa "O Mostrengo", que como se sabe representa uma alegoria aos medos e obstáculos impostos aos portugueses na passagem do Cabo das Tormentas, é aqui recriada numa evocação oportuníssima.
ResponderEliminarPerfeito!
"E disse no fim de tremer três vezes:
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quer o mar que é teu"
L.B.
Lá chegaremos a essa velocidade ou a outra.
ResponderEliminarO sonho nem sempre é utópico e se houve plágio não sei por nada.
Beijo
Um sonho que tarda a ser real.
ResponderEliminarGostei do poema.
Beijo
Enquanto houver uma vela, que não desista de enfrentar o vento, o caminho será para sonhar o que sonhamos, e remar será como o verso do poeta!
ResponderEliminarUm abraço
Fê,
ResponderEliminarBela imagem a que roubei logo que a vi
depois queria saber de onde a tinha tirado e me perdi...
Já emendei a mão...
Lídia,
sabe? Quando determinado poema nos fica na cabeça desde muita tenra idade, pensamos que acontece isso a todos ou que todos o conhecem. Reparo que não é assim... fez muito bem em colocar aqueles versos. Clarificam-me a intenção e desmentem-me o plágio.
A todos os outros amigos,
a esperança é um barco onde estamos todos metidos Ou lhe impomos um rumo, ou vamos ao fundo...
Lê-se e sentem-se vagas sucessivas de emoções fortes, actuais, que o presente está alteroso
ResponderEliminare o piloto temeroso
medroso,
diz-nos que cauteloso
dizemos nós, também manhoso!
Esperemos que a tripulação não vá às cegas pelos "avisos à navegação"...
lançados ao mar em garrafas vazias mas enrolhadas...
Sonho à vista?
Sonho que se arrasta e nos inquieta
verdade, mentira?
Onde está a verdade?
Não acredito na verdade!
as-nunes,
ResponderEliminarNo poema, a barca que é referida ainda nem sequer está de partida...
Fala-me certamente dessa outra que se afunda.
Rogério, naveguei no seu poema, sonhando, penso que o sonho continua a comandar a vida.
ResponderEliminarbeijinho
cvb
Caro amigo Rogério
ResponderEliminarLi com atenção o seu poema e - deixe-me que o diga - senti-me assaltado por este sentimento de um misto tenebroso de medo e de revolta, pela situação a que estamos a chegar.
O Homem é uma besta, logo não podemos acreditar cegamente no que vemos e ouvimos, vindos do verbo e da mente dos que se alcandoraram a lugares de topo na hierarquia social/política e que, depressa dão o dito por não dito e ultrapassam sem rebuços tudo o que garantiram que seria o contrário, em nome do santíssimo Voto, Ámen!
Estou a perder a paciência!
Abraço
Peço desculpa pelas minhas ausências. Quando prometi vir comentar um post lá para tràs, acabaram por se levantar outros valores mais altos: Hospitalização e recuperação da filha que estive e estou a acompanhar longe de casa, só dei um salto ao Porto para vir justificar as minahs faltas. Até breve.
ResponderEliminarBeijos
Ah! Rogério, cá estou no Brasil pensando sempre nos oceanos que me separam do mundo, olho pelos mapas, pelos globos, pelo google rsrs. E estou aqui com tantos sonhos perdidos mas com esperança reencontrada em seu lindo dizer. Obrigada e abraços.
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarPeço desculpa pelas minhas ausências. Quando prometi vir comentar um post lá para tràs, acabaram por se levantar outros valores mais altos: Hospitalização e recuperação da filha que estive e estou a acompanhar longe de casa, só dei um salto ao Porto para vir justificar as minahs faltas. Até breve.
ResponderEliminarBeijos
"embora muitos ficassem pelo caminho
ResponderEliminarpor tão dorido e sofrido ele ser"
Quem nunca sofreu por um sonho idealizado e não realziado? Já sofri muitas derrotas, mas continuo com as minhas virtudes. Por isso meus olhos sempre gritam: "sonho à vista".
Belo poema, meu amigo, belo poema da alma.
os sonhos podemos ter, sonhar é fácil...
ResponderEliminarquantos caiem borda fora e se perdem nas vagas?
Muitos ficaram , ficam e ficarão pelo caminho mas nada impedirá a vitória!
ResponderEliminarUm abraço, amigo.
Enquanto houver uma vela, que não desista de enfrentar o vento, o caminho será para sonhar o que sonhamos, e remar será como o verso do poeta!
ResponderEliminarUm abraço