16 maio, 2012

Plagiando poetas, em horas incertas


SONHO À VISTA
(a caminho da terra da Utopia)
Os mostrengos são cada vez mais numerosos
E rodeiam a nau voando
Não três, mas mil vezes, e mais raivosos
Na ré, de pé,
O mesmo homem do leme
Que depois de ter tremido, já não treme
Gritando o grito que o poeta lhe colocou na voz 
No mastro real,
Também igual,
Está o mesmo gajeiro
No ponto mais alto do navio, será o primeiro
A dar noticias, quando as houver que dar 
Naquela travessia
Decidida
Que ousaram desafiar
Se empenhando com todo o seu ser e querer
As ondas são vagas de meter medo
Se houvesse medo de lhes ter
A fome roer-lhes-iam a entranhas
Se houvesse sentir entranhas a roer
A incerteza espalhar-se-iam com os ventos
Se houvesse que a sentir nesses momentos
Tudo o que de mau, escuro e duro
Lhes diziam ir acontecer, aconteceu
Mas nem um só esmoreceu
(embora muitos ficassem pelo caminho
por tão dorido e sofrido ele ser)

As sereias, desistentes,
Mergulharam em desafinado cantar
O céu, que fora de breu, clareou
O mar, que fora alteroso, se amainou
E por fim a noticia esperada
Do alto da nau gritada
Sonho à vista
Sonho à vista, foi o grito repetido,
Por quem sofrendo ali chegou
Rogério Pereira 

(A imagem foi roubada a um belo pássaro azul)

26 comentários:

  1. Estamos a viver numa tenebrosa nau caterineta.

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  2. Plagiando ou não, Rogério, está belíssimo!

    Diga-me,quando ouviremos "sonho à vista"? É que a gente vem cansada, derreada e moribunda...

    Beijo

    Laura

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  3. O sonho sempre há de chegar. Naveguemos...
    Lindo poema.
    Um grande bj querido amigo.

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  4. "E pelo Sonho é que vamos..."
    Talvez já tenha deixado este verso aqui...
    Vamos sobreviver!
    Linda a adaptação!

    Abraço

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  5. Entre os que perecem e os que apanham boleia noutras naus para trilhar outros caminhos... oxalá a nau não acabe por chegar vazia...

    Bjos

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  6. Hola amigo!

    Lindo poema!

    Sonhos são alimentos para a alma
    deixar de sonhar é minguar-se lentamente.

    Bjs.

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  7. Vejo aqui a mesma imagem que escolhi :)
    Como o sonho comanda a vida, pode ser que comande esta sua nau.
    Apesar de tudo ainda não desisti de lá chegar, à terra da utopia.

    beijinhos

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  8. E a malta das naus há-de transformar o sonho em realidade.

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  9. A intextextualidade com o poema de Pessoa "O Mostrengo", que como se sabe representa uma alegoria aos medos e obstáculos impostos aos portugueses na passagem do Cabo das Tormentas, é aqui recriada numa evocação oportuníssima.
    Perfeito!

    "E disse no fim de tremer três vezes:
    «Aqui ao leme sou mais do que eu:
    Sou um povo que quer o mar que é teu"



    L.B.

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  10. Lá chegaremos a essa velocidade ou a outra.
    O sonho nem sempre é utópico e se houve plágio não sei por nada.

    Beijo

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  11. Um sonho que tarda a ser real.
    Gostei do poema.
    Beijo

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  12. Enquanto houver uma vela, que não desista de enfrentar o vento, o caminho será para sonhar o que sonhamos, e remar será como o verso do poeta!

    Um abraço

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  13. Fê,

    Bela imagem a que roubei logo que a vi
    depois queria saber de onde a tinha tirado e me perdi...

    Já emendei a mão...

    Lídia,
    sabe? Quando determinado poema nos fica na cabeça desde muita tenra idade, pensamos que acontece isso a todos ou que todos o conhecem. Reparo que não é assim... fez muito bem em colocar aqueles versos. Clarificam-me a intenção e desmentem-me o plágio.

    A todos os outros amigos,
    a esperança é um barco onde estamos todos metidos Ou lhe impomos um rumo, ou vamos ao fundo...

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  14. Lê-se e sentem-se vagas sucessivas de emoções fortes, actuais, que o presente está alteroso

    e o piloto temeroso
    medroso,
    diz-nos que cauteloso
    dizemos nós, também manhoso!

    Esperemos que a tripulação não vá às cegas pelos "avisos à navegação"...
    lançados ao mar em garrafas vazias mas enrolhadas...

    Sonho à vista?
    Sonho que se arrasta e nos inquieta
    verdade, mentira?
    Onde está a verdade?
    Não acredito na verdade!

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  15. as-nunes,

    No poema, a barca que é referida ainda nem sequer está de partida...

    Fala-me certamente dessa outra que se afunda.

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  16. Rogério, naveguei no seu poema, sonhando, penso que o sonho continua a comandar a vida.
    beijinho
    cvb

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  17. Caro amigo Rogério

    Li com atenção o seu poema e - deixe-me que o diga - senti-me assaltado por este sentimento de um misto tenebroso de medo e de revolta, pela situação a que estamos a chegar.

    O Homem é uma besta, logo não podemos acreditar cegamente no que vemos e ouvimos, vindos do verbo e da mente dos que se alcandoraram a lugares de topo na hierarquia social/política e que, depressa dão o dito por não dito e ultrapassam sem rebuços tudo o que garantiram que seria o contrário, em nome do santíssimo Voto, Ámen!

    Estou a perder a paciência!

    Abraço

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  18. Peço desculpa pelas minhas ausências. Quando prometi vir comentar um post lá para tràs, acabaram por se levantar outros valores mais altos: Hospitalização e recuperação da filha que estive e estou a acompanhar longe de casa, só dei um salto ao Porto para vir justificar as minahs faltas. Até breve.

    Beijos

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  19. Ah! Rogério, cá estou no Brasil pensando sempre nos oceanos que me separam do mundo, olho pelos mapas, pelos globos, pelo google rsrs. E estou aqui com tantos sonhos perdidos mas com esperança reencontrada em seu lindo dizer. Obrigada e abraços.

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  20. Este comentário foi removido pelo autor.

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  21. Este comentário foi removido pelo autor.

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  22. Peço desculpa pelas minhas ausências. Quando prometi vir comentar um post lá para tràs, acabaram por se levantar outros valores mais altos: Hospitalização e recuperação da filha que estive e estou a acompanhar longe de casa, só dei um salto ao Porto para vir justificar as minahs faltas. Até breve.

    Beijos

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  23. "embora muitos ficassem pelo caminho
    por tão dorido e sofrido ele ser"

    Quem nunca sofreu por um sonho idealizado e não realziado? Já sofri muitas derrotas, mas continuo com as minhas virtudes. Por isso meus olhos sempre gritam: "sonho à vista".

    Belo poema, meu amigo, belo poema da alma.

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  24. os sonhos podemos ter, sonhar é fácil...
    quantos caiem borda fora e se perdem nas vagas?

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  25. Muitos ficaram , ficam e ficarão pelo caminho mas nada impedirá a vitória!

    Um abraço, amigo.

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  26. Enquanto houver uma vela, que não desista de enfrentar o vento, o caminho será para sonhar o que sonhamos, e remar será como o verso do poeta!

    Um abraço

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