"(...)É preciso juntar forças. Somar gentes que se oponham à política da troika e que sejam intransigentes nesse combate. Juntar partidos, movimentos e cidadãos que não se reconheçam no capitalismo. Construir uma esquerda com a ambição de vencer que esteja comprometida com a luta pela a igualdade. A crise é uma máquina de liquidação dos direitos sociais e políticos da maior parte da população.(...)" - Uma esquerda comprometida
"(...)Em Portugal e na Europa, a esquerda está dividida entre a moleza e a inconsequência. Esta esquerda, às vezes tão inflexível entre si, acaba por deixar aberto o caminho à ofensiva reacionária em que agora vivemos, e à qual resistimos como podemos. Resistir, contudo, não basta.(...)Uma esquerda corajosa deve apresentar alternativas concretas e decisivas para romper com a austeridade e sair da crise, debatidas de forma aberta e em plataformas inovadoras.(...)" - Manifesto para uma esquerda livre
Fecho o tema que abri (aqui), não com o relançar de polémica (e bem podia fazê-lo) mas com algumas perguntas, que bem podem ficar no ar. Respostas? O tempo se encarregará de as dar:
1ª Pergunta: Qual dos dois documentos, dos quais apenas retiro enxertos, é o mais aberto, inclusivo e consequente para a desejada unidade das esquerdas?
2ª Pergunta: Tendo sido hoje anunciado, pelo líder parlamentar do PCP, Bernardino Soares, que o partido vai apresentar um novo projecto de resolução sobre a renegociação da dívida e requerer um debate potestativo no Parlamento sobre a matéria, é, esse facto, mobilizador ou não para outras forças e vontades lhe reforçarem a posição e desenvolverem um contexto de discussão, ou mesmo apoio? Não seria matéria para os subscritores do tal "manifesto" se pronunciarem?
3ª Pergunta: Porque o destino da Grécia parece estar em vias de estar traçado, porque hoje surgem notícias disso mesmo, e de que a Grécia nem perderá forçosamente com isso (ler aqui), e ainda porque o Relatório da OCDE trás notícias que a avaliação da troika não poderá deixar de considerar, estão ou não todas as forças que se opõem à politica das troikas disponíveis para um entendimento comum?
Há exactamente um ano e dois dias, eram estas "as propostas concretas" de uma
esquerda que nem pode ser acusada nem de mole nem de inconsequente...
Caro Rogério
ResponderEliminarA ausência de comentários neste seu post (coisa rara) é sintomática. Talvez porque os habituais comentadores não tenham muito a dizer e outros evitem ferir a susceptibilidade do meu caro.
Neste tema o Rogério já disse tudo. Criticou logo à nascença o movimento promotor do manifesto. Confrontou o manifesto com um artigo (post) de opinião e claro que a resposta já existe. O PCP e a sua política consequente contra o capitalismo.
Na manifestação de 15 de Outubro de 2011 encontrei um quadro clandestino do PCP (sim ainda os há) que claramente ia com uma missão, ver o que se passava e tentar falar com alguns dos organizadores, dada a sua função de dirigente de uma organização que se pretende manter aparentemente distante do PCP (daí a clandestinidade). Deu para conversar alguns minutos e transmitir-me a preocupação e o que procurava descobrir. Quem é que controla isto? Era a sua interrogação.
Penso caro Rogério que no geral o comportamento do PCP tem sido justo no que defende, nas propostas e soluções que apresenta. Mas não pode continuar a agir como se a esquerda “consequente” ali comece e acabe. Há uma esquerda muito mais numerosa que está órfã e não se reconhece no PCP, no BE e até já nem no PS. Poderá ser a tal esquerda “livre “ e muitos desses homens e mulheres querem e sentem a necessidade de fazer mais do que escrever em blogues e no facebook.
Desculpe qualquer coisinha e a extensão.
Abraço
Rodrigo
Caro Rodrigo
ResponderEliminarVejo que esqueceu, completamente, a primeira parte deste tema
Três comentários ao seu:
Primeiro: A (muito possível) ausência de comentários terá a ver muito mais do que aquilo que disse;
Segundo: O Rodrigo se pensa, como diz, que "no geral o comportamento do PCP tem sido justo no que defende, nas propostas e soluções que apresenta" poderia interrogar-se de seguida porquê o silênciamento sistemático desse comportamento e dessa justeza? Porque não fazer dessas suas propostas uma base de entendimento?
Terceiro - É pouco compreensível que os tais órfãos procurem o seu espaço à custa de posições anti-PCP que nada diferem dos da imprensa instalada (omissão e distorção)e da direita e do tal chamado centro-direita (que ainda não sei o que é). Se há forças de esquerda que se querem afirmar que se afirmem com um projecto. E esse, tarda.
A questão do seu diálogo com o tal seu amigo clandestino, a resposta é difícil caber no âmbito de um comentário
Amigo Rogério,
ResponderEliminarPenso que em Portugal é muito difícil unir as várias tendências de esquerda.
Para começar teríamos que definir que se entende por "esquerda". Nesse contexto, não considero o PS um partido de esquerda porque apoia as ideologias do sistema capitalista tradicional.
Sobra portanto o PCP e o BE com assento parlamentar em termo de partidos políticos. Muitos pequenos partidos não têm voz.
Contudo, os defensores de uma esquerda social e justa não se limitam aos partidos políticos, muitos movimentos e muitas pessoas partilham esses ideais.
Discordando com muitas das ideias do PCP, reconheço, pessoalmente, que tem sido um dos únicos a apresentar soluções para os vários problemas económicos e sociais, não se limitando apenas a constatá-los.
Defendo uma desestruturação total do tipo de sistema políticos em que a nossa sociedade assenta, o fim desta hierarquia partidária, a criação de vários grupos a nível local que decidam das necessidades e as transmitam ao nível de decisão seguinte. Teríamos portanto uma inversão nas decisões de baixo para cima. Este tipo de esquema dispensa a filiação partidária e torna o políticos profissionais dispensáveis.
Na ausência de uma tal democracia participativa, com o que temos actualmente, penso ser muito difícil um consenso que reúna a chamada esquerda.
Um abraço
Rogério,
ResponderEliminarSó lhe digo que é como diz o primeiro documento, é preciso "Juntar partidos, movimentos e cidadãos que não se reconheçam no capitalismo. Construir uma esquerda com a ambição de vencer que esteja comprometida com a luta pela a igualdade."
Beijinho
Ou me engano muito ou este diálogo (aqui) é sintomático do que se passas ao nível dos partidos de esquerda, em Portugal.
ResponderEliminarQuem lidera quem e o quê, parece mais importante do que contrariar, a uma só voz, para que se ouça, as políticas neoliberais que têm levado o país à ruína.
L.B.
Ora aí está, secundo plenamente a Lídia Borges.
ResponderEliminarA verdade é essa, o que os políticos carreiristas pretendem é o seu espaço no espectro político, para uns lugares na AR, nas Câmaras, Juntas e outras instituições públicas e público-privadas.
Essa é que é a questão. Enquanto assim for, vai ser muito difícil bloquear o neoliberalismo galopante que domina o país e a Europa, pelo menos.
Ou seja, contra a força do bloco neoliberal e de direita do PPD e do CDS (quiçá do PS, uma ala muito forte) só uma União das forças de esquerda. Doutro modo vai ser muito difícil contrabalançar o absolutismo das maiorias absolutas neoliberais que nos têm arrastado para a desgraça, para a diferenciação de classes, cada vez mais acerrimamente. Agora já começam a esboçar uns esquemas para ver se se consegue que os pobres não fiquem completamente lisos, quando não quem é que vai pagar a fatura da Dívida e as suas mordomias?
Ainda hoje no Parlamento
ResponderEliminarPS/PSD/CDS
responderam às questões
Não vou esmiuçar as questões nem tampouco dar respostas concisas, pois para tanto me falta o saber e a arte de "jogar" com as palavras.
ResponderEliminarDefendo uma só esquerda, mesmo sabendo que em tempo algum em Portugal ela existiu, desde que se derrote a direita (PS incluído).
Não vejo porque não hão-de governar o País todas as esquerdas unidas, independentemente das suas naturais divergências.
Beijinho
Ná
Não me vou pronunciar sobre a pergunta que faz, porque não é através de extractos que se podem fazer comparações.
ResponderEliminarDigo-lhe, no entanto, que o pior para a esquerda é que um partido se queira apropriar dela. Mas isso é uma história muito antiga e não vale a pena chover no molhado...
Infelizmente já não tenho ilusões de que alguma vez a esquerda se una a tempo de evitar o pior, é demasiado honesta e coerente e dessa forma se radicaliza nas filosiofias ideológicas de cada um, enquanto que a direita se une no objectivo comum que é a obtenção de capital e consequentemente um cada vez maior poder económico.
ResponderEliminarA esquerda só se une quando já não há nada a fazer, perante a desgraça, aí são todos por um e um por todos, como muito bem sabemos que aconteceu antes de 1974 e nos primeiros dias de 1975. Logo depois foi vê-los uns para cada lado o o retrocesso progressivo dos valores defendidos. É pena, mas é o que se constacta.
A este tema talvez ainda volte, porque demasiado delicado e neste momento não tenho condições para desenvolver.
Beijos
Branca
A unidade estabelece-se no direito ao trabalho e no direito ao consumo. No entanto estes direitos têm sido adulterados quanto à sua finalidade. A luta contra os trabalhadores pode revestir aspectos diversos: desde a não criação de emprego à criação do consumismo.
ResponderEliminarSe se abandonar a perspectiva de classe toda a discussão me parece inútil.