30 maio, 2019

Razões para uma tão elevada abstenção - II (Falha a educação para a cidadania?)

O texto acima é um print screen de parte da acta da Assembleia de Freguesia da minha União de Freguesias. Saudava eu, então (Janeiro de 2017), a presença de cerca de duas dezenas de jovens sentados no espaço destinado ao público.

Aquela presença de jovens do ensino secundário, nunca antes tinha acontecido... e não voltou a acontecer...

Resolvi sondar todos os meus camaradas com assento nas Assembleias das 5 freguesias do concelho, a resposta foi, resumidamente, "nunca!". E é um nunca extensivo a 4 mandatos. Isto é, em 12 anos x 5 freguesias, apenas uma única vez aquilo que devia ser rotina.

Conclusão: Os pilares da democracia, a composição e correspondente distribuição de poderes do Estado e o funcionamento dos órgãos não são explicados nas escolas. 
Assim, grassa a ignorância e...
quem ignora não estima. 
Fui espreitar o programa curricular, na área da cidadania, do ensino secundário. Está tudo explicado! Tá lá tudo, tanto que, por demasiado, só se pode esperar como resultado... 
...o que se vem registando!

    8 comentários:

    1. Áreas temáticas incompletas.
      Depois o que acontece:
      O cidadão ou a cidadã não vota porque pensa que o seu voto não vai fazer diferença nenhuma (nós sabemos que isto não é verdade); não vota porque não gosta dos candidatos; alguns dirão que nem sabem onde ir votar; que é longe; que faz muito calor; que faz muito frio; mas que chatice... melhor sentar-me em frente da televisão e ver um jogo de futebol...

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    2. VOZES AO ALTO
      porque não basta ter razão
      Abraço
      amigo

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    3. Talvez por excesso, talvez por incompletude dos conteúdos programáticos mas sobretudo porque, como deixas bem claro, tão raramente aconteçam a participação e o contacto presencial que cria os verdadeiros elos entre o cidadão embrionário e a sua autarquia...

      Abraço

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    4. Catarina,

      Julgo que o teu comentário já pressupõe conhecimento. A minha tese é que os jovens nem chegam ao ponto de não gostar... é que nem sequer conhecem...

      Puma

      A razão está sempre do outro lado da razão, onde mora a ignorãncia.
      E quem não sabe não estima, nem usa...

      Maria João,

      Embora tenha situado no contexto local, o exemplo dado vai no sentido mais geral do funcionamento de um órgão de soberania. É que há distâncias enormes entre as freguesias e a Assembleia da República...

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    5. Nas escolas podem e mandam os diretores.
      Nas escolas impera a gestão não democrática e o esvaziamento das estruturas intermédias onde deveriam participar os jovens.
      A cultura da infantilização é uma estratégia antiga que promove a abstenção e o medo de participar: Os jovens são irresponsáveis para que a sua opinião tenha valor. Há gente mais habilitada para o fazer.

      Nas escolas ensina-se a não colocar em causa a escolha por nomeação em vez da eleição por democracia direta.
      Os jovens apreendem no seu dia dia os comportamentos e as atitudes promotoras de passividade que transferem para fora da escola.


      O problema não são os conteúdos programáticos!

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    6. RC
      Assim é. Mas o director tem aliados
      e como pano de fundo os tais conteúdos programáticos
      que lhes serve de chapéu...

      «A cultura da infantilização é uma estratégia antiga que promove a abstenção e o medo de participar: Os jovens são irresponsáveis para que a sua opinião tenha valor.»

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    7. Passei por uma AF, por uma AM e por uma vereação( sempre na oposição) e nunca vi jovens a assistir às reuniões, contudo vejo-os muitas vezes nas galerias da AR.
      Penso que a abstenção foi transversal a todos os níveis etários!

      Abraço

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    8. Rosa dos Ventos,

      A AR é longe. A AF é perto e dá para entender como funciona a Democracia. Depois compete ao professor falar sobre com se insere o Poder Local dentro do Sistema Democrático...

      E tem razão, a abstenção tem sido transversal a todos os níveis etários... mas então leia o que se segue e que publicarei logo:
      "Razões para uma tão elevada abstenção - III (O 4º poder corrói os pilares da Democracia?)

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