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Centro de Canoagem de Alvega
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Dei conta ontem de um passeio triste, passando por paisagem que fora bela, que agora a desfeava os múltiplos sinais de abandono, a desertificação, as ruínas por onde passei e que, tendo descido à beira Tejo, falei com as
águas e, por acaso, com um jovem que por ali estava e cuja conversa
guardei para a ela voltar um dia, quando calhasse.
Calhou hoje. Por detrás do edifício do Centro de Canoagem de Alvega, sem sinais de uso, o referido jovem começou por ser um vulto indistinto até me aperceber ser gente. À medida que me ia aproximando percebi não ser pescador. Já próximo, ele deu por mim, e perguntei que fazia ele ali com água pelo joelho, fato adequado para entrar Tejo dentro. Ele foi dizendo quem era e o que estava fazendo. Que era aluno da Faculdade de Ciências, que estava ali em estudo, que o estudo se inseria numa investigação relacionada com a sua tese de mestrado, que estava ali em Alvega, como já tinha estado na Barragem de Fratel e noutros pontos, a colher dados de qualidade da água. Depois referiu fases seguintes da investigação, sem grande detalhe, mas que deu para perceber que ele acreditava na ressurreição do rio, e do regresso de muitas espécies, desde que, e que...
À medida que ia falando, ia eu pensando que ele era uma luzinha de esperança...
À despedida, perguntou se eu era lá da terra. Eu disse quem era e o que fazia ali. Ele comoveu-se e eu também.