Procurei desesperadamente o texto de Gonçalo M Tavares (Noticias Magazine), não o tendo encontrado dei-me ao trabalho de o introduzir eu próprio:
- No fundo, viver é isto: segunda tédio, terça tédio, quarta tédio, quinta tédio, sexta tédio, sábado tédio, domingo tédio, outra segunda tédio, terça tédio, quarta prazer das cinco horas às seis, depois de novo tédio e tédio e sexta tédio e sábado tédio e domingo tédio e se tiveres muita, muita sorte terás até ao fim dos teus dias dias, a este ritmo, tédio após tédio e, de vez em quando, umas horas de prazer.- Uf, se tiveres sorte, portanto, serás um mortal entediado.- Ser um mortal entediado significa que conseguiste contornar o acidente. É isso, entende Excelência?
Gonçalo M. Tavares
Foto amavelmente cedida por Fernando Santos (chana) |
Esperei, esperei, esperei e não apareceu ninguém na esplanada. "É o mau tempo, pensei", como a dar explicação à ausência. Levantei-me e fui andando, andando, andando até me perder por caminhos por onde nunca tinha andado, fora da vista de quem passa e do alcance de qualquer janela. Estava só, só eu. Por detrás de uma vereda dei com o que não suspeitava ver: um monte de lixo. Uma lixeira a céu aberto com um sem número de coisas usadas, estragadas ou destruídas. Entre elas encontrei uma tábua. Olhei-a, tinha na textura o desenho da alma da árvore a que pertencera a tábua. Era a minha tábua de salvação... Peguei nela decidido a enfrentar qualquer acidente (ou susto).
Conclusão: num qualquer dia que julgue perdido saia do tédio, perca-se por caminhos não andados e em sítios inesperados poderá encontrar a sua tábua de salvação. É um conselho, não é uma opinião.
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PS (colocado depois de editado e de ter registado alguns comentários) - Escreve o Gonçalo:
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PS (colocado depois de editado e de ter registado alguns comentários) - Escreve o Gonçalo:
"...acidente é aquilo que introduz a dor no que se previa ser prazer ou pelo menos tédio - Sentimos saudades do tédio nos momentos de acidente"
Neste fim de semana de vendaval não encontraremos tábuas de salvação mas árvores inteiras!
ResponderEliminarNem houve tédio mas desespero de milhares sem luz e sem água!
Ninguém se atreveu a esplanar! :-((
Abraço
Rosa,
ResponderEliminarsabe, até por ser dos Ventos, que o que aconteceu foi o incontornável acidente. Segunda feira volta a pasmaceira... (para os entediados, coitados)
Falas-me de tédio, a mim que estive 36 horas sem electricidade, sem banda larga e sem rede móvel.
ResponderEliminarSe não fosse a reserva de velas andava a dar cabeçadas nas paredes.
JRD,
ResponderEliminarMeu caro, assim escreve o Gonçalo:
"...acidente é aquilo que introduz a dor no que se previa ser prazer ou pelo menos tédio - Sentimos saudades do tédio nos momentos de acidente"
Eu escrevo, os momentos de acidente são os que menos servem para procurar uma tábua de salvação...
ResponderEliminarUm conselho a seguir, sem dúvida.
Não fazer nada é abrigar o tédio como quem, inconscientemente, dá abrigo a um ladrão.
E lá se vai a "tábua de salvação".
Lídia
ResponderEliminarPerdida... já ando. Tábua de salvação? Se a encontro lá se contabiliza uma árvore a menos.
E estão para abater árvores... com alma e quase com a nossa idade. Encontrou uma lixeira a céu aberto? Se não saiu do país, não admira!!!
Beijo
Laura
Quem se deixar dominar pelo tédio, nunca encontrará a tábua de salvação...
ResponderEliminarVolto porque quero aplaudir o comentário da Laura, que ainda não lera quando comentei. Bravo!
ResponderEliminarLaura, visitou a lixeira? Está no link ao blogue do Fernando Santos...
ResponderEliminarCarlos, nada do que escrevi foi por acaso
Nos momentos de grande aflição até do infrutífero tédio se podem sentir saudades...
ResponderEliminarQuanto às tábuas de salvação, se se tiver que abater uma árvore para salvar milhões de vidas...porque não?
Beijos.
Super interessante as suas palavras. Gostei bastante! Um grande abraço.
ResponderEliminarÉ curioso... saudades, não tive - raramente as tenho - mas lembro-me de ter tido um ou outro momento de tédio, quando era mais nova. Agora a coisa mais próxima do tédio por que vou passando, são as horas de espera nas salas e corredores do hospital... mesmo assim, penso que não o vivencio exactamente como tédio... penso que o aguento estoicamente como um daqueles inevitáveis passageiros pelos quais todos passamos de vez em quando... e amanhã é dia de passar por isso :(
ResponderEliminarPreparo-me para ser "estóica"... uma estóica que tem tempo para se preparar não o deve ser... :)
Abraço grande!
Ando à deriva num mar de tédio e não encontro nenhuma tábua de salvação.
ResponderEliminarTenho que procurar na lixeira e perder-me.
beijinho
Fê
Tédio é que não, meu amigo! Claro que não e nunca...cada dia é uma descoberta e, agora, um caminho de profundo esforço, mas havemos de segurar bem a «tábua»...
ResponderEliminarBeijinho e boa semana.
Meu Caro,
ResponderEliminarConvenceste-me!
Acabou-se o tédio por aqui já estou a salvo...
Por caminhos não andados e em sítios inesperados.... só mesmo aí poderá encontrar a sua tábua de salvação.
ResponderEliminarPor caminhos conhecidos e sítios iguais, já vimos que não. Só mesmo outro grande temporal....
Abraço
Quem planta uma árvore Planta uma esperança.
ResponderEliminar~Lucy Larcom
Um abraço
O inicio do seu texto, fez-me o tempo que os patrões pagavam de semana a semana,e o pagamento era feito ao sábado. E lá no lugar onde eu nasci havia um homem que nunca trabalhava, e dizia ele assim, todos os dias é Domingo, só sábado é que não.
ResponderEliminarAquele não trabalhava mas ainda falava, e agora parece que está tudo vivendo à grande e à francesa, mesmo sem comida na mesa.
Ainda estão aqui uma tábuas.
Abraço,
José.