- Que está a pensar com esse olhar tão fixo?
- Espero que a abelha saia dali e me liberte o material para eu poder pensar no que está a acontecer...
- Não percebo!, diga-me isso de outra maneira para que eu possa perceber!
- Estou à espera de poder usar o arame e reconstruir este momento que estamos vivendo...
- Com o arame constrói o pensamento para poder ter a visão do momento?... Olhe, a abelha já voou... Não se importa de eu ficar a ver como constrói a realidade trabalhando o arame?
- Fique. Veja só: pega-se assim, firmemente. Depois vai-se fazendo um pequeno arco, lentamente... mas com força. Repete-se o procedimento e surge aqui à frente outro arco quase igual. Repete-se, e assim sucessivamente, vamos desenvolvendo ciclos e ciclos com o arame...
- Faz muita força de dedos nessa manipulação?
- Neste ponto, já não... e é isso mesmo o que queria perceber... ao principio, para fazer cada ciclo, foi preciso, agora o próprio arame vai-se pondo a jeito... parece estar viciado e isso favorece a forma que lhe vou dando...
- Percebo! A partir de um dado momento os ciclos desenvolvem-se com o vício da forma inicial que foi dando...
- Isso mesmo! O arame, depois de bem manipulado, quase que automaticamente assume a forma pretendida... é uma espiral... parece uma mola, só que não impulsiona nada. Fica como a vê aqui, parada.
- Olhe, está-se a acabar o arame!...
- Vou passar a fazer círculos de diâmetro mais reduzido. Acho que chegámos ao ponto em que estamos agora...
- Mas... está a voltar atrás?
- Passámos os ciclos viciosos e, à falta de arame... digamos que temos que voltar atrás e reduzir os ciclos que tinham sido maiores. Passo a fazer ciclos recessivos... e, à frente, a fazer ciclos mais reduzidos...
- ...que vão parar?
- Quando não houver mais arame!
- O fim está à vista... foi excelente este exercício! Mas como é que saímos disto?
- Neste momento vamos a tempo... É sair destes ciclos e endireitar o arame... mas com o vício...
- Com o vício?...
- Só à martelada!
- Acho que é uma boa solução. Procuremos o martelo, então.
(saíram os dois, procurando o martelo)
Por acaso também concordo: só mesmo à martelada é que vamos lá!...
ResponderEliminarExcelente alegoria.Sim, só mesmo à martelada, porque de outro jeito, continuaremos em círculos. Muito pouco seguros, aliás...
ResponderEliminarDesculpa, esqueceste-te de mim, que também fui buscar um martelo e dos grandes!
ResponderEliminarAbraços
Queres tu dizer: O arame "foi-se" e o martelo precisa-se...
ResponderEliminarO problema p maioria, é justamente esse, meu caro... Achar o martelo! Muitos procuram uma eternidade, sem perceber q o martelo estava perto o tempo todo. Abraços!
ResponderEliminarRogério
ResponderEliminarEu acho que nem à martelada isto vai, talvez com uma marreta no sítio certo.
Adorei o texto muito bom mesmo e com muitas entrelinhas.
Um beijinho
Sonhadora
Excelente. E também acho que só mesmo à martelada....mas no "local" certo.....
ResponderEliminarMas acho que ainda vamos fazer mais círculos/ciclos, ai vamos vamos. A menos que haja martelada já:)
Rogério,
Eu percebi lá na Pena e já agradeci. Fiquei orgulhoso pela honra que me concedeste ao escolher o meu post.
Só não comentei aqui porque achei....quer dizer, fiquei com vergonha na verdade:)
Abraço
O meu martelo já está aqui prontinho a actuar :)
ResponderEliminarExcelente!!!
beijinho
Você é muito criativo. Até uma crítica consegue fazer bem humorada. Abraços
ResponderEliminarEu tenho muitos, muitos sonetos heróicos em "martelo galopado". Pelo sim, pelo não, já os ando a distribuir por aí... :)
ResponderEliminarGostei imenso!:)
ResponderEliminarPara já não sei como uma coisa destas me foi escapar. Trabalhar assim o "arame" é coisa de muita arte.
Um beijo