«O camarada Álvaro Cunhal dizia que estava convencido que eu nunca abandonaria o partido. Tinha razão. E aqui estou», afirmou o Nobel da Literatura, ouvido em silêncio e que recebeu uma ruidosa salva de palmas de militantes e amigos que encheram uma sala do Centro Vitória do PCP, em Lisboa.»
in TVI24 - Outubro.2008
«...As memórias pessoais que se recusou a escrever talvez nos ajudassem a compreender melhor os fundamentos da raquítica árvore a cuja sombra se recolhem hoje os portugueses a ingerir os palavrosos farnéis com que julgam alimentar o espírito. Não leremos as memórias de Álvaro Cunhal e com essa falta teremos de nos conformar. E também não leremos o que, olhando desde este tempo em que estamos o tempo que passou, seria provavelmente o mais instrutivo de todos os documentos que poderiam sair da sua inteligência e das suas finas mãos de artista: uma reflexão sobre a grandeza e decadência dos impérios, incluindo aqueles que construímos dentro de nós próprios, essas armações de ideias que nos mantêm o corpo levantado e que todos os dias nos pedem contas, mesmo quando nos negamos a prestá-las
(...) Ainda precisávamos de Cunhal quando ele se retirou. Agora é demasiado tarde. O que não conseguimos é iludir esta espécie de sentimento de orfandade que nos toma quando nele pensamos. Quando nele penso. E compreendo, garanto que compreendo, o que um dia Graham Green disse a Eduardo Lourenço: "O meu sonho, no que toca a Portugal, seria conhecer Álvaro Cunhal." O grande escritor britânico deu voz ao que tantos sentiam. Entende-se que lhe sintamos a falta.»
mesmos os que não se alinharam com as suas ideias que lhe reconheçam a grandeza...
ResponderEliminarGraham Green foi um grande escritor católico que sabia bem o que escrevia e dizia.
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