06 março, 2012

José Gil, o filósofo e o pensamento de... magazine

Antes de dar este título fui confirmar no dicionário se magazine queria mesmo dizer magazine, não fosse o uso inapropriado do termo espatifar todo o argumento deste escrito. Estava exacto, correcto. Magazine queria mesmo dizer magazine. Pois magazine foi mesmo, sem tirar nem pôr, o formato escolhido pelo director da edição de ontem do Público para lhe emprestar uma tiragem elevada. Há quem diga que foi por ser à borla, a custo zero. Eu acho que foi pela insinuante e habilidosa montagem da capa que o Público se fartou de "vender". É que muitos terão se interrogado, como eu, "Ele vale zero?". Vamos ver o que vale um filósofo, e foram todos a correr o Público ler. Mas vamos à sua escrita. Numa das partes, onde penetrando em matéria incontestável como é a da psicanálise, o filósofo propõe-se medir o que pré-anuncia ser imensurável. Diz ele: "Esta secção mede a relação de adesão e pertença subjectiva a uma comunidade". Uhau, exclamaria a minha-filha-mais-nova se o tivesse podido ler. É que as pertenças colectivas são, de facto... subjectivas. Eu é que estou todo trocado ao ter escolhido um herói da antiguidade Clistenes, a quem se deve a lei que instituiu que o poder deve pertencer a um colectivo e que quem ameaça a Democracia deve ser condenado ao ostracismo. Esta sabedoria de outrora nunca teria vingado se fosse conhecido o pensamento de José Gil (ainda bem que os Islandeses também o ignoram e deixam a psicanálise para as opções dos verdadeiramente doentes que escolhem tal técnica de terapia). Mas continuando, diz ainda o filósofo:
"Quando os políticos fazem apelos à coesão nacional não pensam nos factores essenciais que reforçam ou dissolvem o ego no seu investimento na comunidade. Quer dizer que não pensam nas forças e energias que são bloqueadas pela imagem que cada um tem de si. Saber qual o peso do ego contribuiria para perceber os factores que o enquistam e reforçam. Quando se fala de egoísmo, altruísmo, individualismo do que se está a falar é do ego. O ego é uma força de bloqueio, mas nunca se pensa nele. É um factor que não se pode medir mas tem efeitos mensuráveis. Por exemplo, um dos efeitos é a inveja que pode bloquear um sistema de funcionamento na sociedade portuguesa. Todo o discurso em Portugal sobre competitividade, produtividade, empreendedorismo depende de forças vitais e de afectividades. Para que haja coesão, esforço colectivo é preciso que se dê a possibilidade ao ego de se dissolver com entusiasmo num investimento que o ultrapasse e dê força à comunidade."
Repito esta parte para não me esquecer: "Todo o discurso em Portugal sobre competitividade, produtividade, empreendedorismo depende de forças vitais e de afectividades... " Tenho de vos dizer que não exijo que todos os pensadores sejam marxistas, conheçam o trabalho de Goebbels ou que saibam de economia, mas acho, com o diacho, que bem poderiam, disso, saber um pouco... Com sorte está o ministro Gaspar, a partir deste escrito vai-nos tratar do ego e, assim, criar o entusiasmo que falta a quem trabalha... fica por saber como tratar do ego de que já perdeu o emprego.

NOTA FINAL: Este post, foi-me imposto pelo diálogo, agitado, entre Minha Alma e Meu Contrário, reagindo a que tão ilustre pensador os ignore. Digo Eu.

10 comentários:

  1. Afectividade no emprego???
    Emprego efectivo SIM, ou pelo menos EMPREGO.

    Não conhecia a "sumidade" o melhor era dar-lhe um chá de sumiço dos XL.

    Beijo

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  2. Há cada vez mais quem fale sem ter nada para dizer. Já aprendi a não tentar compreender o incompreensível.

    L.B.

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  3. Caro Rogério
    Garanto-lhe que não tenho qualquer frustação pela minha pobreza intelectual. Assumo isso sem qualquer preconceito. A minha universidade foi a vida e acho que aí fui aprendendo algumas coisas.
    Em períodos de "velocidade de cruzeiro" era fácil para os pensadores repetirem o que já estava "pensado" numa fase em que a humanidade está numa encruzilhada em que nenhum dos manuais já escritos apresenta soluções os tais "pensadores" dizem coisas que qualquer cidadão comum percebe que não bate certo.
    Fez bem em questionar.
    Abraço
    Rodrigo

    http://ocantinhodomestre.blogspot.com/2012/02/subscrever-comentarios-por-email-na.html
    Informação importante para quem quer que os comentários no blogue sejam vistos à posterior por quem comentou.

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  4. Sobre o artigo, como não li, não vou opinar, mas o parágrafo final, não vou deixar passar. Acredita mesmo que
    O Gaspar é capaz de entusiasmar alguém?

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  5. Na Islândia não deve haver um filósofo assim, mas também não medo de existir...

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  6. "Sumidades" é o que por aí não falta... bastava usar o senso comum para mais de metade dos problemas da humanidade ficarem resolvidos.
    Estamos a atravessar uma época de mudança e antes de mudar... vamos esbarrar contra a parede... depois será um começar de novo... se o Planeta Terra... nos der tempo para isso.

    Bjos

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  7. Prefiro a complexidade do simples

    no pensamento de Saramago

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  8. Carlos,
    Para mim era espectável não ir opinar. Tal como nossos juízes, isso de não ler a "prova" original dá para absolver... (pedia-se o julgar um texto transcrito. Tal deixará o nosso génio em sossego... não será questionado, no todo, tão cedo...)

    Puma, vou nessa
    está encontrado o tema da próxima Homilia
    (caixa, alta. Pois claro)

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  9. Os políticos têm as mesmas posturas em todos os países. E os filósofos podem até ajudar os homens a entenderem o significado de algumas delas. Mas ninguém detém a verdade, assim como não se consegue reduzir o ego de quem acredita ter um poder "divino", capaz até de elevar o daqueles que não conseguem sobreviver no desemprego.

    Abraços

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  10. É necessário criar e divinizar essa criação
    para que ela salte à ribalta e nos traga o pão
    aos pobres e carenciados
    deste País tão desgovernado.

    Belo texto!

    Maria Luísa

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