16 março, 2011

Cavaco Silva, mostrando o trapo salazarento de que se veste por dentro

Sabem, os que me lêem, que resolvi remexer na memória, para que não se apague. Dei-lhe a forma de livro on-line onde tenho vindo a publicar, num outro lugar, episódios com frequência irregular. Quando tomei tal decisão estava longe de pensar a importância profunda do meu acto e até a urgência em o fazer. A intenção não foi planeada para qualquer intervenção ou oportunidade. Decidi e pronto. Amigos que têm vindo a ler insistiram em que o deveria publicar e a isso me convenceram. Dei-lhe como título provisório “Caminhos do Meu Navegar” e, dentro das viagens que me foram impostas, dediquei, até pela cronologia da sua ocorrência, os primeiros textos ao destino Angola. Destino de guerra com o testemunho de que nem todas as almas partiram fardadas para esse desígnio idiota de adiar o futuro e sacrificar a juventude de cerca de um milhão de jovens numa guerra para tentar a sobrevivência do império colonial. Não adianta referir que era uma guerra injusta, cruel e condenada ao fracasso, porque todas as guerras o são, mesmo quando as vitórias militares podem fazer pensar, às almas fardadas que as sustentam, de que a derrota do inimigo acrescentou valor ao mundo. Pena o livro não estar acabado, pronto, editado e em condições de ser lido pelo “meu” presidente. Talvez a alma dele se desfardasse de vez ou, pelo menos, calasse o perfil salazarento de que se veste por dentro:

Importa que os jovens deste tempo se empenhem em missões e causas essenciais ao futuro do país com a mesma coragem, o mesmo desprendimento e a mesma determinação com que os jovens de há 50 anos assumiram a sua participação na guerra do Ultramar” Afirmação do chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva



A tal missão... considerada exemplar, contada por alunos de uma escola
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O ECO DA VOZ SALAZARENTA CHEGOU A MOÇAMBIQUE, AO MAPUTO

16 comentários:

  1. O "seu" presidente, Rogério? Não acredito!
    Quanto ao discurso, apenas nojento.

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  2. Ouvi-o...

    Não quis acreditar...

    Inqualificável pela ignorância e analogia.

    Beijo

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  3. Rogério
    Creio que o CBO disse tudo nas duas ultimas palavras.
    Penso que lhe disse num dos comentários que fiz ao seu "Caminhos do Meu Navegar" que o meu caro estava a prestar um serviço inestimável, contando a sua própria "estória".
    Estamos de facto muito mal "servidos"
    Recordo Alvaro Cunhal (sim eu tambem me lembro) dizer uma vez mais ou menos isto: "Costuma dizer-se que os povos têm os governantes que merecem. Mas de facto merecímos melhor".
    Abraço

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  4. Salazarento por dentro e por fora.
    No pasasdo e no presente.
    Náusea.

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  5. Sorte dos mártires jovens que de onde estão vêem esta bela homenagem em forma de reconhecimento, e que nossos jovens atuais tenham sabedoria para atuarem na busca de um mundo melhor e não busquem exemplo na forma provinciana desse "Sal- AZARENTO"... e que OS CAMINHOS DO SEU NAVEGAR transcendam essa terra poética!

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  6. Está a ficar insuportavel já sinto náuseas de ouvir falar certos carreiristas. A terra precisa ser removida com urgência, chegou a hora de fazer as cementeiras.
    Abraço

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  7. Ao fim de 36 anos são lembrados por um presidente da república aqueles que com muito sacrifício durante 13 anos tentaram o melhor para o país assumindo uma atitude de um país com vontade própria.

    Hoje, num momento ém que o país não mais tem vontade própria, os jovens de ontem, que não optaram em emigrar para lá dos pirineus, foram lembrados, finalmente por um presidente da repóblica portuguesa.

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  8. Ouvi-o, mas achei que que ouvia mal!...
    O regresso a um malogrado passado é a ideia de Futuro do "nosso" presidente.


    É um prazer lê-lo, Rogério!...

    L.B.

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  9. Um asco, porém não m'espanta, só m'avergonha. Que tristeza. E o pior é que não são lapsos. Isto é estratégia e daquela muito pensada.

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  10. CBO,
    "Meu" Presidente, pois. Meu e seu, e não apenas de nós dois... Lástima!

    Acácia Rubra,
    veja o que a Lídia Borges diz, que a MdSol clarifica e que eu sintetizo assim: as suas estiradas de regresso ao passado não são fruto de ignorância, gaffes ou pelo improviso é assunto bem pensado e no seu "perfeito" juízo

    Meus caros,
    O que vos podia dizer, está dito no que acabei de escrever...

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  11. Rogério,
    queria muito que seu livro estivesse pronto! Não só para ler e saber mais, mas para divulgar e evitar que um abestalhado, mesmo que com cargo, fale tamanha besteira.
    Já publiquei o poema.
    bjs
    Jussara

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  12. Não é só por dentro, que ele veste esse trapo salazarente, é também por fora, só que há muita gente, só está vendo agora.

    Eu moro aqui perto de onde ele nasceu, e um vizinho dele disse-me José, eu podia ter morto aquele ladrão, trabalhava para os pais dele, quando era pequeno, e o Cavaco
    estava dentre de uma canastra,que fazia de berço, debaixo das alforre-beiras, e esse vizinho ia pólo à sombra, diz ele era só deixar arrebolar a canastra pelas chapadas abaixo, e hoje não tinham-mos que estar atura-lo

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  13. Jussara,

    Vou ficar com esse adjectivo
    tão pouco comum e deveras apropriado
    "abestalhado"
    (o coiso está mesmo talhado de besta, com o devido respeito a outros quadrupedes...)

    João,
    esse seu testemunho á a medida dramática de um desespero imenso e de uma impotencia enorme...

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  14. Olá Rogério.

    Pouco tenho conseguido ver de televisão ou noticias, sabe-se lá porquê nesse dia pude. Não sou gago, mas fiquei. Não consegui senão pensar, nos estropiados dessa guerra, porque muitos desses ainda cá andam e devem ter ouvido. Os milhares de jovens voluntários obrigatórios que perderam a vida e o impasse que foi para tantos outros numa fase de idade que deveriam estar a acabar seus estudos e começar uma carreira profissional. Não esquecer os que ainda hoje sofrem disturbios causados pelo horror que passaram e sem apoio médico para suavizarem seus traumas.
    Falar no exemplo desses jovens teria sido dizer a verdade, ninguém ia para guerra voluntariamente.
    E é nesta escumalha que a maioria vota para nos governar.
    Senti-me na pele das gentes das ex-colónias ao ouvirem tal discurso e me senti envergonhado, quando quem deveria ter vergonha é o sr que dizes ser nosso presidente.

    Kandandos

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  15. O link que coloquei deve ser lido e... sentido

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  16. Sabes amigo Rogério?
    Quando ouvi o discurso, ou antes, parte dele, arrepiei-me toda como já havia acontecido com o discurso de vitória na noite das eleições presidenciais e na cerimónia de posse no Parlamento.

    Será que é essa a intenção do homem? Se é tenho que dizer que está a ser bem sucedido.

    Puxa vida... ainda bem que ele não é o meu Presidente! Vou fazer os possíveis para não o ouvir mais a ver se evito estas contracções da minha pele. Será que é alergia?

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