Tocou, repenicada, a campainha da porta sem outra razão que não fosse a do carteiro, a confirmar se estaria ou não alguém em casa para recepcionar a encomenda. Cumprido o procedimento, apalpei o objecto envelopado naquele papel pardacento, coberto de selos não habituais, oriundos do outro lado do Atlântico. E do tacto se fez luz: era um livro. Voltei o pequeno embrulho para consultar o remetente e sorri da satisfeita curiosidade. Que me manda ela aqui? Abri. Nem acreditava. Para mim vinha remetido o meu próprio livro. Nem sequer sabia que o tinha comprado(*)... E agora? Mo devolvia? Será que tinha defeito, estaria algo errado? Sacudi-o na procura de algum bilhete, uma mensagem que desse explicação. Nada. Mas de pronto reparei que, em letra bem redonda, diria desenhada, vinha na primeira página, a branca da guarda, uma extensa dedicatória. Extensa, mas não de todo estranha. Aquelas palavras me eram familiares, no estilo e na forma carinhosa. Surpreendido, isso sim, estava. Passei à página seguinte, que também estava anotada. Ainda mais escrita: nas margens, no alto do cabeçalho e no pé de página. Sem ainda me deter a ler, verifiquei, apressadamente, todas as páginas. Todas anotadas. Fui lendo de forma salteada e depois, voltei ao principio, para o ler ao correr do seu escrever. Ora comentava se sim ou não concordava , ora falava directamente com os personagens com se intrometesse no escrito ou dele fizesse parte. Ao Meu Contrário e à Minha Alma, acompanhava-lhes os humores alegrando-se com suas alegrias, sofrendo com suas dores. Ela fizera com o meu livro o que há muito fazíamos na blogosfera: Trocar palavras enlaçadas pela ternura que só as palavras sabem ter, mesmo sem se conhecerem quem as escreve. É bom ser lido assim. Não sei se algum autor guardará carinho parecido. Obrigado Gisa, foi um gesto lindo.(*) O livro foi comprado no Sitio do Livro
22 fevereiro, 2012
Carinhos...
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Meu querido amigo.
ResponderEliminarEstou sem palavras. A única coisa que me ocorre no momento é que: não poderia ter sido diferente :)
Um grande bj no teu coração.
Sua manifestação de afeto e agradecimento ficou muito interessante. Seguiu uma trilha que, de forma reta, acompanhamos, até chegar ao nome da Gisa. Posso imaginar a maneira como ela entrou no livro e, com sua costumeira sabedoria, o desnudou.
ResponderEliminarUm gesto digno de nota.
Bjs.
Hoje, a conversa não tem nada de avinagrada, pelo contrário, sabe a mel e afectos! Acho interessante o leitor , de certo modo, dialogar (ainda que posteriormente) com o escritor, num encontro de almas, de opiniões e até de carinho.
ResponderEliminarEstou desejosa de receber o teu livro que, muitos amigos comuns,
falam com extraordinário entusiasmo.
Beijo amigo
Graça
Sou das que ainda não comprei e parcos elogios dei, mas espero vir a compensar-te brevemente, e bem!
ResponderEliminarBeijo
Ná
ah.....
ResponderEliminarGostaria de ter sido eu a remetente.
Saudações a ti e a Gisa .
Barbara.
Desculpa, não completei.
ResponderEliminarFalta-me dizer o mais importante. Foi um belo gesto da tua amiga Gisa.
Efectivamente, poucos autores terão o seu próprio livro lido e anotado por um dos seus leitores.
Mereces. É único em tudo.
Parabéns a ambos.
Mais um
Ná
Uma demonstracao de muito carinho.
ResponderEliminarMuito bom teu espaço!
ResponderEliminarPassando para uma visita noturna.
Saudações!!!
Carla Fernanda
Hoje fez-se uma pausa para as palavras mais duras e avinagradas .
ResponderEliminarHoje colhem-se frutos amadurecidos nas amizades construídas e no trabalho primorosamente concluído.
Parabéns Rogério
Rogério
ResponderEliminarEsta coisa das emoções é complicada de entender. Sinto este gesto da Gisa como que um estender a todos nós, da amizade com que nos tem presenteado ao longo dos tempos (no meu caso, até me sinto para com ela ingrato).
Lindo gesto.
Pelo Rogério e por todos nós, obrigado Gisa.
São esses momentos bons que nos tornam mais humanos. Como se comprova pelo presente post, adoçaram a conversa avinagrada.
ResponderEliminarAdmirável gesto.
ResponderEliminarComo nós "nos" damos...
Obrigado pelo teu comentário no bth
Abraço
Bela malha, meu caro, um livro que ficou duplamente precioso. Uma ideia que brota de um grande afecto, assim parece, mesmo sem apurar os conteúdos.
ResponderEliminarNeste mundo que tanto alguns querem «arrefecer» é estimulante este calor. Parabéns a ambos.
Rogério,
ResponderEliminarMimos, assim, são a prova indesmentível do quanto de elevado tem o ser humano.
Bem esteve a Gisa. Parabéns para ti e para ela.
Abraço
Meu querido Amigo.
ResponderEliminarO meu carinho está guardado comigo
se palavras lindas te não digo
talvez as não saiba dizer.
Aquilo que sinto
e sempre por ti senti
está mais alto que as nuvéns.
É mais e mais belo
que a chuva na vidraça
mais forte do que o vento
que tudo trespassa.
Somente se iguala
um lindo Arco-íris
e assim sem eu querer
me deixas sem fala.
Obrigada, Rogério!
O seu comentário foi um maravilhoso carinho.
Beijinhos.
P.S. Lembro-me bem dessa homenagem bem merecida.
O que não merece alguém com tanto talento, amizade e carinho para dar?
:)
ResponderEliminarmaravilhsa homentagem
Bjinhos
Paula
Nem sei como comentar.
ResponderEliminarBoa noite.
Amigo Rogério, pois o meu/seu livro continua aqui na minha secretária, na esperança de uma dedicatória, sua! :)
ResponderEliminarOlá Rogério,
ResponderEliminarSó não comentei este post ontem à noite, porque quando o li já estava demasiado cansada, depois de enleada a recuperar o formato tradicional do meu blog, que se tinha perdido não sei como.
Achei giríssimo o gesto da Gisa. Há muito que venho reparando na ternura e na sinceridade dela por onde passa e esta forma de ler é das mais interessantes. Eu conhecia alguém que fazia isso e experimentei ler assim alguns livros, é a certeza de que foi emiuçado, estudado e de forma nenhuma lido de ânimo leve.
Parabéns para ti e parabéns para a Gisa pela forma como lê e pelo que é. Se ainda não a visitei (mas espreitei) é porque os tempos mais recentes não me têm sido propícios a alargar-me muito na blogosfera.
Beijos para os dois.
Branca
Adoro quando você me visita. Bjo!
ResponderEliminarParabéns para a Gisa que é uma amiga e tanto e para ti, autor, que és um homem generoso e com ideais!
ResponderEliminarBeijo
Há Gisas assim
ResponderEliminarBelo
Parabéns aos dois, bonito gesto, o de ambos.
ResponderEliminarabraços
cvb
Não são muitos os que quando viajam por um livro sentem vontade de com ele falar. Como outra forma não há, anotam-no, escrevendo palavras ao lado de outras já escritas, num diálogo tentado com o autor que se deseja ali ao lado, como um ser tangível, não distante.
ResponderEliminarSó os espíritos abertos à aquisição e à partilha do conhecimento e das sensações de o ter alcançado, são disso capazes.
A Gisa, pelo que dela tenho lido no seu blogue e nos comentários que deixa no meu (aqui me penitencio pelo meu silêncio, não lhe correspondendo)é um desses seres. Curvo-me perante a sua atitude linda!
Quanto ao autor, que as anotações suscitou, sendo um alma não fardada, está tudo dito.
Da minha cubata envio aos dois um kandandu grande.
Bem hajam por estarem na blogosfera.
Maravilhoso.
ResponderEliminarNunca soube de semelhante gesto...
Tão comovente!...
Parabéns a ambos.