22 fevereiro, 2012

Carinhos...


Tocou, repenicada, a campainha da porta sem outra razão que não fosse a do carteiro, a confirmar se estaria ou não alguém em casa para recepcionar a encomenda. Cumprido o procedimento, apalpei o objecto envelopado naquele papel pardacento, coberto de selos não habituais, oriundos do outro lado do Atlântico. E do tacto se fez luz: era um livro. Voltei o pequeno embrulho para consultar o remetente e sorri da satisfeita curiosidade. Que me manda ela aqui? Abri. Nem acreditava. Para mim vinha remetido o meu próprio livro. Nem sequer sabia que o tinha comprado(*)...  E agora? Mo devolvia? Será que tinha defeito, estaria algo errado? Sacudi-o na procura de algum bilhete, uma mensagem que desse explicação. Nada. Mas de pronto reparei que, em letra bem redonda, diria desenhada, vinha na primeira página, a branca da guarda, uma extensa dedicatória. Extensa, mas não de todo  estranha. Aquelas palavras me eram familiares, no estilo e na forma carinhosa. Surpreendido, isso sim, estava. Passei à página seguinte, que também estava anotada. Ainda mais escrita: nas margens, no alto do cabeçalho e no pé de página. Sem ainda me deter a ler, verifiquei, apressadamente, todas as páginas. Todas anotadas. Fui lendo de forma salteada e depois, voltei ao principio,  para o ler ao correr do seu escrever. Ora comentava se sim ou não concordava , ora falava directamente com os personagens com se intrometesse no escrito ou dele fizesse parte. Ao Meu Contrário e à Minha Alma, acompanhava-lhes os humores alegrando-se com suas alegrias, sofrendo com suas dores. Ela fizera com o meu livro o que há muito fazíamos na blogosfera: Trocar palavras enlaçadas pela ternura que só as palavras sabem ter, mesmo sem se conhecerem quem as escreve. É bom ser lido assim. Não sei se algum autor guardará carinho parecido. Obrigado Gisa, foi um gesto lindo.
(*) O livro foi comprado no Sitio do Livro 

25 comentários:

  1. Meu querido amigo.
    Estou sem palavras. A única coisa que me ocorre no momento é que: não poderia ter sido diferente :)
    Um grande bj no teu coração.

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  2. Sua manifestação de afeto e agradecimento ficou muito interessante. Seguiu uma trilha que, de forma reta, acompanhamos, até chegar ao nome da Gisa. Posso imaginar a maneira como ela entrou no livro e, com sua costumeira sabedoria, o desnudou.
    Um gesto digno de nota.

    Bjs.

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  3. Hoje, a conversa não tem nada de avinagrada, pelo contrário, sabe a mel e afectos! Acho interessante o leitor , de certo modo, dialogar (ainda que posteriormente) com o escritor, num encontro de almas, de opiniões e até de carinho.
    Estou desejosa de receber o teu livro que, muitos amigos comuns,
    falam com extraordinário entusiasmo.
    Beijo amigo
    Graça

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  4. Sou das que ainda não comprei e parcos elogios dei, mas espero vir a compensar-te brevemente, e bem!

    Beijo

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  5. ah.....
    Gostaria de ter sido eu a remetente.
    Saudações a ti e a Gisa .

    Barbara.

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  6. Desculpa, não completei.
    Falta-me dizer o mais importante. Foi um belo gesto da tua amiga Gisa.
    Efectivamente, poucos autores terão o seu próprio livro lido e anotado por um dos seus leitores.

    Mereces. É único em tudo.

    Parabéns a ambos.
    Mais um

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  7. Muito bom teu espaço!
    Passando para uma visita noturna.

    Saudações!!!

    Carla Fernanda

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  8. Hoje fez-se uma pausa para as palavras mais duras e avinagradas .
    Hoje colhem-se frutos amadurecidos nas amizades construídas e no trabalho primorosamente concluído.

    Parabéns Rogério

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  9. Rogério
    Esta coisa das emoções é complicada de entender. Sinto este gesto da Gisa como que um estender a todos nós, da amizade com que nos tem presenteado ao longo dos tempos (no meu caso, até me sinto para com ela ingrato).
    Lindo gesto.
    Pelo Rogério e por todos nós, obrigado Gisa.

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  10. São esses momentos bons que nos tornam mais humanos. Como se comprova pelo presente post, adoçaram a conversa avinagrada.

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  11. Admirável gesto.
    Como nós "nos" damos...

    Obrigado pelo teu comentário no bth

    Abraço

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  12. Bela malha, meu caro, um livro que ficou duplamente precioso. Uma ideia que brota de um grande afecto, assim parece, mesmo sem apurar os conteúdos.

    Neste mundo que tanto alguns querem «arrefecer» é estimulante este calor. Parabéns a ambos.

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  13. Rogério,
    Mimos, assim, são a prova indesmentível do quanto de elevado tem o ser humano.
    Bem esteve a Gisa. Parabéns para ti e para ela.

    Abraço

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  14. Meu querido Amigo.
    O meu carinho está guardado comigo
    se palavras lindas te não digo
    talvez as não saiba dizer.
    Aquilo que sinto
    e sempre por ti senti
    está mais alto que as nuvéns.
    É mais e mais belo
    que a chuva na vidraça
    mais forte do que o vento
    que tudo trespassa.
    Somente se iguala
    um lindo Arco-íris
    e assim sem eu querer
    me deixas sem fala.

    Obrigada, Rogério!
    O seu comentário foi um maravilhoso carinho.

    Beijinhos.

    P.S. Lembro-me bem dessa homenagem bem merecida.
    O que não merece alguém com tanto talento, amizade e carinho para dar?

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  15. Amigo Rogério, pois o meu/seu livro continua aqui na minha secretária, na esperança de uma dedicatória, sua! :)

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  16. Olá Rogério,

    Só não comentei este post ontem à noite, porque quando o li já estava demasiado cansada, depois de enleada a recuperar o formato tradicional do meu blog, que se tinha perdido não sei como.

    Achei giríssimo o gesto da Gisa. Há muito que venho reparando na ternura e na sinceridade dela por onde passa e esta forma de ler é das mais interessantes. Eu conhecia alguém que fazia isso e experimentei ler assim alguns livros, é a certeza de que foi emiuçado, estudado e de forma nenhuma lido de ânimo leve.

    Parabéns para ti e parabéns para a Gisa pela forma como lê e pelo que é. Se ainda não a visitei (mas espreitei) é porque os tempos mais recentes não me têm sido propícios a alargar-me muito na blogosfera.

    Beijos para os dois.
    Branca

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  17. Parabéns para a Gisa que é uma amiga e tanto e para ti, autor, que és um homem generoso e com ideais!

    Beijo

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  18. Parabéns aos dois, bonito gesto, o de ambos.

    abraços
    cvb

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  19. Não são muitos os que quando viajam por um livro sentem vontade de com ele falar. Como outra forma não há, anotam-no, escrevendo palavras ao lado de outras já escritas, num diálogo tentado com o autor que se deseja ali ao lado, como um ser tangível, não distante.
    Só os espíritos abertos à aquisição e à partilha do conhecimento e das sensações de o ter alcançado, são disso capazes.
    A Gisa, pelo que dela tenho lido no seu blogue e nos comentários que deixa no meu (aqui me penitencio pelo meu silêncio, não lhe correspondendo)é um desses seres. Curvo-me perante a sua atitude linda!
    Quanto ao autor, que as anotações suscitou, sendo um alma não fardada, está tudo dito.
    Da minha cubata envio aos dois um kandandu grande.
    Bem hajam por estarem na blogosfera.

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  20. Maravilhoso.
    Nunca soube de semelhante gesto...
    Tão comovente!...
    Parabéns a ambos.

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