Minha filha João - Quando para lá foi, para aquela quintinha perto de Alvega, aquilo tinha eira e beira, que o mesmo é dizer que, sem ser nenhum paraíso, havia o que era preciso. Foi há meia dúzia de anos, quando as dificuldades de manter emprego em Lisboa os fez encarar outro projecto de vida ... Os netos, ele e ela, passaram a ter a escola à distância de uma corrida de bicicleta, a farmácia à mesma lonjura. Para as necessidades da mesa (e a gente miúda, come que se desunha) havia a fruta da época a colher das árvores. As hortas eram abundantes e viçosas e as saladas tinham outro gosto. Para o conduto, a oferta era farta: havia patos, havia galinhas e frangos, coelhos, cabras e muito peixe de rio, pois que ali fica o Tejo, correndo perto. O pão e o peixe de mar, tinham venda à porta, com carácter regular. As idas a Abrantes, eram esporádicas e mais para recordar o citadino bulício ou ir à feira anual, do que por necessidade, pois essas idas eram mais que quinzenais. Já em tempos tinha referido, a propósito de um postal, que tal felicidade estava em risco, com o fechar da escola e da farmácia e com a A23 a valer custos inesperados. Meu genro teve de partir e nasceu, entretanto a Maria, que conta já com dezasseis mesitos, bonitos.
Ontem a pequenina Maria, estava com febre alta e a minha filha João teve de ir a Abrantes, veio de lá medicada, mas avisada que a pediatria ia fechar... Terá de passar a ir a Torres Novas... Vinha desolada... Acho que a eduquei e dei exemplo a lutar contra as adversidades mas, confesso, ter sido insuficiente nesse meu desígnio e as fraquezas começam a fazerem-se sentir...
Ministro das finanças alemão - Os jornais, todos sem excepção, mostram o ministro Gaspar a cochichar com o seu "parceiro" alemão. Embandeiravam em arco, pois tal ministro dizia ao tal Gaspar que lhe aceitava o pedido de, se não houvesse objecção parlamentar (acho que o parlamento alemão ainda funciona), que as condições iriam ser amenizadas. Assim, a Alemanha estaria disponível para flexibilizar as condições do programa de assistência financeira... Acho que ainda estou em dúvida sobre o que me confrange mais, se ver um ministro meu a pedir a um outro estado o que deveria ser decidido a nível de uma comunidade, se o clamor disso na nossa imprensa e seus colunistas, acocorados perante sinais tão lamentáveis da nossa perda de soberania...
Amigo Rogério, não sei quais são os desígnios dos nossos governantes para o interior! Não consigo entender estas medidas de encerramento de todos os serviços públicos...
ResponderEliminarFico com uma raiva que nem calcula!!
Há muito tempo que me apetecia sair da cidade mas com o miúdo na escola e, ano após ano, a ver que vai tudo de mal a pior, cá vou ficando contrariada porque sem um mínimo de serviços públicos fica impraticável viver no interior.
ResponderEliminarAté podiam dá-lo aos espanhois... porque para os nossos governantes Portugal reduz-se ao litoral... uma tristeza.
Bjos
Rogério,
ResponderEliminarVivo num interior ainda mais a montante - entre a Covilhã e Castelo Branco - imagine o que as pessoas por aqui sentem. Resistir é a palavra de ordem, e a resistência faz-se de muitas formas.
Abraço
Meu amigo, num país tão pequeno como o nosso, custa ver perder-se aldeias, vilas e até cidades só porque em Lisboa assim o decidem.
ResponderEliminarEu vivi e gostei de viver em Sines e quando os meus filhos nasceram tive que sair, pois só tinham em Lisboa os cuidados de saúde que necessitavam. Portanto compreendo muito bem a situação da sua filha.
beijinhos
A pieguice virou-se contra o piegueiro. Aquele ar submisso do Gaspar dobrado sobre o ministro alemão era confrangedor.
ResponderEliminarConfrangedor é também o estado a que têm conduzido este país. O teu primeiro retalho é um dos exemplos. Uma absoluta vergonha. Infelizmente parece que só o Otelo tem coragem para dizer aquilo que os comentadores burgueses apelam de loucura.
Todos os dias, as condições de vida das pessoas sofrem ataques. É uma escalada irracional que não sei aonde nos levará.
ResponderEliminarNunca imaginei que o retrocesso tivesse pernas tão grandes.
Um beijo
Estes governantes são realmente a vergonha da nossa cara. A fazerem o "trabalho de casa" - que nojo!
ResponderEliminarO retrocesso galopante que se está a verificar no nosso país, vai levar-nos aos tempos do completo ostracismo do interior.
ResponderEliminarComo impedir que tal aconteça?
Fazem-se manisfestações e mais manisfestações, o povo indigna-se e tudo segue igual.
Haverá alguma forma de resistência eficaz que altere o rumo deste caminho sem retorno, para onde nos estão a empurrar?
entre mas politicas e maus habitos
ResponderEliminarquem sofre e quem nao pensava numas e nao tinha outros
Bjinhos
Paula
Janita,
ResponderEliminarEngrosse-se o caudal do protesto... Na verdade, "eles" sabem que há mais audiências aos reality shows do que povo na rua... quando essa gente acordar...
Em vez de se andar a perder demasiado tempo com idiotas úteis... há, isso sim, é que abrir os olhos para isto: AMEAÇAS... era uma coisa já esperada...
ResponderEliminarSim, quem é que:
- andou a promover os defensores do endividamento irresponsável;
- andou a silenciar os anti-endividamento irresponsável???
{etc...}
Resposta: a alta finança (capital global).
-> Sem dúvida que o objectivo final de tudo isto [Biliões para os banqueiros = Dívidas para as populações] é a implosão das soberanias!
-> A superclasse (alta finança internacional - capital global, e suas corporações) não só pretende conduzir os países à IMPLOSÃO da sua Identidade (dividir/dissolver identidades para reinar)... como também... pretende conduzir os países à IMPLOSÃO económica/financeira.
-> Só não vê quem não quer: está na forja um caos organizado por alguns - a superclasse: uma nova ordem a seguir ao caos... a superclasse ambiciona um neo-feudalismo.
NOTA:
-> As famílias não são independentes/autónomas... todavia, devem as famílias abdicar da sua Identidade?... Resposta: Nâo!
-> As Nações não são independentes/autónomas... todavia, devem as Nações abdicar da sua Identidade?... Resposta: Não!
--->>> Apesar de os portugueses não serem a nação mais antiga da História... será que os portugueses devem abdicar da existência duma Pátria sua?
RESPOSTA: NÃO!!!
-> Muito muito mais importante do que a crise... é o DIREITO À SOBREVIVÊNCIA!!!
-> A sobrevivência é uma coisa difícil e complicada: 'n' civilizações já desapareceram.
Resumindo e concluindo: Não vamos ser uns 'parvinhos-à-Sérvia'.... antes que seja tarde demais, há que mobilizar aquela minoria de europeus que possui disponibilidade emocional para se envolver num projecto de luta pela sobrevivência... e SEPARATISMO!...
ANEXO:
1.
-> Uma NAÇÃO é uma comunidade de indivíduos de uma mesma matriz racial que partilham laços de sangue, com um património etno-cultural comum.
-> Uma PÁTRIA é a realização e autodeterminação de uma Nação num determinado espaço.
-> Ora, existindo não-nativos JÁ NATURALIZADOS com uma demografia imparável em relação aos nativos... como seria de esperar, abunda por aí muita conversa para 'parvinhos-à-Sérvia'.
2.
-> Como é óbvio, a Nação mais antiga da História - os Judeus - não abdica duma Pátria sua.
-> Ao contrário dos Judeus que fizeram uma TRANSIÇÃO BRUSCA... eu penso que a transição para o separatismo-50-50 deveria ser uma TRANSIÇÃO GRADUAL (de algumas décadas).
3.
-> Nazis na desmultiplicação: o que caracteriza o Nazismo não é o ser 'alto e louro'... mas sim a busca de pretextos (adoram evocar/inventar pretextos) com o objectivo de negar o Direito à Sobrevivência de outros!...
-> Manobrados pela superclasse, andam por aí muitos nazis na desmultiplicação: quer na forma falada quer na forma escrita, eles desmultiplicam-se na busca de pretextos... com o objectivo de negar o Direito à Sobrevivência de outros... nomeadamente, as Identidades Étnicas Autóctones.
--->>> Já ninguém dúvida que os capitalistas selvagens são uns nazis muito activos:
- promoveram a exploração de escravos... para benefício do desenvolvimento económico...
- promoveram holocaustos massivos sobre povos economicamente pouco rentáveis (ex: alguns povos nativos da América)... para benefício do desenvolvimento económico...
- hoje em dia já andam por aí a ameaçar países que tenham políticas proteccionistas... pois isso é considerado um entrave ao desenvolvimento económico global...
Rogério
ResponderEliminarAqui, neste interior, não há nada. Não há saúde, porque os Centros de saúde fecharam e alguém que viva no norte do distrito e tenha um AVC necessita de pelo menos de 45 minutos para chegar ao Hospital central; não há Cultura, a não ser a do café e a dos copos; não há Educação porque as escolas estão a fechar e os miúdos têm de apanhar os transportes às 7:00 e quando chegam às escolas, alguns meia hora depois, as ditas ainda estão fechadas e ali ficam à chuva e ao frio à espera.
Estamos cada vez mais desprotegidos. Como é que , nós pais, podemos estar descansados quando um filho sai de casa às 7:00 e nos aparece as 19:30?
Quando vamos a um Hospital ( como e aconteceu há tempos) com uma dor repentina no peito e que se estendia pelo braço esquerdo, pago a taxa, vou à triagem e me enfiam numa sala onde já estavam cerca de 10 pessoas. Perguntei quem era a última e, passado um bocado entra uma senhora que interroga outra "Então ainda aí está?" Perante isto perguntei à interrogada desde que horas estava à espera - "desde as 10:00". Eram quase 16:00. Levantei-me, vim-me embora, depois de ter assinado o livro de reclamações, e fui a uma clínica particular.
Quando um dos meus cães está doente exijo que o tratem com respeito porque pago para isso e a nós, nós somos tratados como vermes. Esquecem-se que na cadeia da Natureza, até os nojentos dos vermes são necessários e que todos descontamos para a Assistência na Saúde.
SE me acontecer alguma coisa, que me deixem ficar estendida ma rua, morta. Assim serei notícia, abrirei telejornais, abalarei e incomodarei a consciência de alguns... Não a de quem nos governa para quem eu, PESSOA COM DIREITOS, sou um NÚMERO COM DEVERES...
ESTOU MUITO ZANGADA! MESMO MUITO!
Logo na manifestação, lembre-se de mim. ESTAREI LÁ e AQUI na rua, MESMO QUE SOZINHA.
Um beijo
Laura