O dia tinha decorrido até ali com uma actividade intensa. Primeiro, escrever o resumo e as conclusões da última reunião do Partido, depois enviar à Heloísa o documento que lhe tinha prometido na última reunião da coordenadora da Coligação e por fim, integrar num único guião, os diferentes alinhamentos das intervenções dos convidados a participar na iniciativa agendada para a próxima terça-feira, introduzir alguns ajustes e validá-los com os parceiros e, por último, distribuir o guião final a toda a gente. Ufa! 5 da tarde, como o tempo passa!
Sem outro compromisso, o sol primaveril desafiava a um passeio. E dei-o. Fui a caminho da Torre e ao passar por uma árvore aconteceu o que jamais esperaria poder acontecer, o reencontro com o mesmo melro com o qual trocara, há tempos, melódicos trinados. De pronto não o reconheci quando ele começou e lançou um canto a que nem sequer liguei. Ele insistiu e pareceu-me então que sim, que era ele. Fiquei mais atento a escutá-lo até perder a dúvida. Sim, era mesmo ele. Fiz então o que fizera antes, lancei-lhe um tímido assobio, depois outro e depois outro ainda, mais afinado. Houve um silêncio, como se o pássaro quisesse interpretar a minha mensagem posto que ele voltou à liça num chilrear harmonioso, com volteios entre agudos e graves finalizando com chilrear desafiante. Respondi-lhe imitando-lhe parte e depois mais criativo fui inventando sons que nem antes tinha avançado. Estivemos assim um tempo, ora ele, ora eu até que se calou como se tinha calado. Percebi que o nosso diálogo tinha chegado ao fim. Antes que partisse, quis registar-lhe a imagem. Parecendo ter percebido, fez pose aguardando a foto e logo que aconteceu o clique, partiu e eu prossegui o meu passeio.
Fui ver o mar, exactamente no ponto onde acaba o rio.
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Que post maravilhoso Rogério. Adorei foto e texto.
ResponderEliminarAbraço, saúde e bom domingo
Maravilhoso? Esse elogio
Eliminardá-me alento
por vezes sempre consigo
mas quase sempre tento
Abracinho, rimado
É realmente um texto maravilhoso acompanhado pela respectiva fotografia.
ResponderEliminarÉ a PRIMAVERA a sorrir para ti, Rogério 🌻
Acho que sim
EliminarEla me sorri
E eu me sinto
Vivaldi
Um melro em busca de uma amizade, decerto ainda hoje ele te recorda e ao assobio que lançaram ao desafio.
ResponderEliminarAcredites ou não
Eliminareste melro é meu irmão!
Dialogar com um melro cantante e desafiador, usando de sopro afinado, não é para qualquer um, não senhor. Logo, digno de ser narrado.
ResponderEliminarE o seu interlocutor, Rogério?- estaria nesse diálogo interessado?
Por favor, não se abespinhe... Se pergunto, é porque vejo o rabo dele pra cá virado!
Bom dia!
Neste Domingo ensolarado. :)
Nunca resisto a um bom desafio...
EliminarÉ ele que vem ter comigo
à minha janela ao meu caminho
Quanto ao ter o rabo para mim virado
será que este melro é aleijado
será que tem seu mico amarelo
implantado no rabo?
Abraço rimado!
Como sou gente de bem, respondo com poesia ao seu desdém.
EliminarMas veja bem... o melro de bico dourado, tem o dito para a frente e o rabo emplumado, para si virado...
Alberto Caeiro:
"Quando vier a Primavera"
Quando vier a Primavera
Se eu já estiver morto
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma.
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.
*_*
Desdém? Qual desdém?
EliminarSó te estava dizendo
que não terias visto bem!
Se clicares na imagem, ela ficará maior
(obrigado pelo poema)
...e se clicar com o botão do lado direito do rato e apontar o ponteiro para a primeira opção. "Abrir link numa nova guia" e depois clicar nela, ficará com a lupa à sua disposição para visualizar o melro como se ele estivesse frente ao seu nariz. Aí, vê o bico do pássaro virado no sentido oposto ao que o fotógrafo se encontrava...
EliminarPassar bem.
Mandei a imagem a um perito
Eliminare ele devolveu-me isto
https://drive.google.com/file/d/1sVQ7dhuiQmkDFwuuUPaJdQNRHxObNOQK/view?usp=sharing
Esse melro deve ser o mesmo que costumava conversar comigo nos tempos em que eu acedia à net através dos computadores do Centro de Juventude de Oeiras... Da próxima vez que o encontrares, faz soar três assobios curtos, dois longos e novamente três curtos. Ele saberá que me conheces, ou talvez te confunda comigo, sei lá... penso que não haverá por aí muitos melros dispostos a dar conversa a humanos, por isso pressuponho que seja o mesmo ladino que me desafiava diariamente.
ResponderEliminarForte abraço!
Pode ser o mesmo, quem sabe? Mas fazendo comparação com o comportamento humano, há melros que cantam e o fazem só para se ouvir, estes nossos são mais generosos e gostam de ser prazenteiros connosco...
EliminarDa próxima vez que o encontrar, farei soar três assobios curtos, dois longos e novamente três curtos.
Veremos o que acontece!
Abraço ensolarado
:) Se for o meu amigo, responder-te-á da mesma forma :)
EliminarAbç
No meio de tantos trabalhos ainda assobias ao desafio com um melro?
ResponderEliminarÉ obra!
Abraço
Nunca deixo de responder a quem considero ser da família!
EliminarAbraço, sem assobiar para o lado
Tenho aqui no meu pequeno jardim a visita diária de um casal de melros, se calhar são primos desse aí. Amanhã vou tentar dialogar com eles, e quem sabe talvez fotografá-lo. Mas não sei assobiar, o que devo fazer ? :)
ResponderEliminarUm beijinho primaveril
Que fazer?
Eliminartenho muito trabalhito
senão, ia eu aí ter
Desenvolvi essa competência...
Beijinho, à hora do pôr do sol
:)
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