12 dezembro, 2021

HOMILÍAS DOMINICAIS (Citando Saramago) - 111 ["Meditação sobre uma jangada"]

Quando em Outubro, antecipando o anúncio ao regresso a estas homilias, escrevia ir trazer Saramago para a campanha pensei imediatamente neste tema. E é isso mesmo o que venho fazendo, até mesmo quando, na anterior homilia, dei a palavra ao Papa Francisco. O tema? A Comunidade Europeia, claro!

HOMILIA DE HOJE

 «(...) Suponho que estamos vivendo o tempo em que a Europa deveria apresentar a juízo o balanço da sua gestão, 

(...) o seu pecado ou vício maior, que é a existência de duas Europas, a central e a periférica, mais o consequente lastro histórico de injustiças, discriminações e ressentimentos.

(...) Ora, não haverá no futuro próximo uma nova Europa se esta não instituir frontalmente como entidade moral, e também não a haverá se não for abolido, mais do que os egoísmos nacionais, que quantas vezes não passam de meros reflexos defensivos, o preconceito da prevalência ou da subordinação das culturas. 

(...) Nenhum país, por mais rico e poderoso que seja, deveria arrogar-se uma voz mais alta. E, já que de culturas venho falando, também nenhum país ou grupo de países, tratado ou pacto, deveria propor-se como mentor ou guia dos restantes. 

(...)Porque, enfim, se de mim se espera que ame a Europa como à minha própria mãe, o mínimo que devo exigir-lhe é que ame a todos os seus filhos por igual e, sobretudo, que por igual os respeite a todos.»

Meditação de Saramago, aqui

6 comentários:

  1. "(...) o seu pecado ou vício maior, que é a existência de duas Europas, a central e a periférica, mais o consequente lastro histórico de injustiças, discriminações e ressentimentos." Que mais acrescentar se, com lucidez bastante, José Saramago disse tanto ou tudo?
    Uma boa semana com muita saúde.
    Um beijo.

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    1. Não só os nossos não morrem, como também está bem viva (e actual) a reflexão que nos deixa.

      Saramago disse quase tudo! Compete-nos a nós acrescentar-lhe gestos pois disso está ele inibido.

      Bjinho de amizade

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  2. Com estes olhos, que estão como sabes, não consegui completar a leitura da "Meditação de Saramago".
    O excerto que aqui publicaste é, no entanto, bastante elucidativo.

    Forte abraço, Rogério!

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    1. O que trunquei era igualmente importante.
      Contudo,
      se fosse exaustivo
      a maioria não leria tudo.

      As melhoras dos teu pobres olhos!

      Abraço

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    1. Olhemos para onde Saramago olhava. Talvez a cegueira se reduza ou, quiçá, nos surja a lucidez.

      Beijo

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