22 fevereiro, 2022

HOJE, NO "SUL SERENO" NÃO ACONTECEU POEMA

«Depois de mais um dia longo de secura e Sol, de preocupações diversas e momentos de breve felicidade, repenso como uma pandemia tantas vezes se prolonga em caminhadas assassinas de lagartas de colunas militares...lições da História - cada vez menos estudada nos bancos do nosso sistema educativo.

Há dias assisti a um documentário sobre a Eritreia e percebi que nem uma só vacina para a covid-19, nessa parte do mundo, fora administrada - um horror sobre todos os que, ali, vi.

Como pode o ser humano não respeitar a vida e a paz de outro ser humano? 

Agora, quando procuro descortinar pelo meio das ondas de propaganda e de medo legítimos, o meu computador devolve-me o mapa dos territórios disputados pelo planeta que, juntos, habitamos. 

(Deixo, aos mais curiosos, um link na legenda)

http://metrocosm.com/disputed-territories-map.html

Hoje não acontece o poema. Mesmo que empenhado, ele seria fútil. Mesmo que com as palavras exactas, ele seria o verniz balofo de uma desumanidade anunciada. Não me apetece a Poesia, quando a Humanidade teima em desperdiçar o planeta que pisa e o sopro de vida a que um de nós é dado o direito de possuir.

Eu já pisei territórios disputados, ouvi rajadas e vi destroços. Não içarei, por aqui, nenhumas bandeiras, pois elas são, tantas vezes, a mortalha dos homens!»

cópia integral do texto publicado no "Sul Sereno"

12 comentários:

  1. Obrigada meu amigo, pela partilha e, sobretudo, pela amizade.
    Que tenhas um dia repleto da força que te reconheço! Beijinho

    *a que cada um

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    1. Não me agradeça, eu é que estou grato à existência do seu espaço.

      E com tenho raízes alentejanas,
      mais que amigos
      somos primos

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    2. Sem dúvida alguma, parente!
      (Assim se diz por cá.)

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  2. Comentei lá e, sim, existem situações em que a poesia não tem voz!

    Abraço estreito para vós e tudo de bom

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    1. Não tem voz?

      Ora escuta o que a Ana diz:

      «Hoje não acontece o poema.
      Mesmo que empenhado,
      ele seria fútil.
      Mesmo que com as palavras exactas,
      ele seria o verniz balofo
      de uma desumanidade anunciada.
      Não me apetece a Poesia,
      quando a Humanidade teima
      em desperdiçar o planeta
      que pisa e o sopro de vida
      a que um de nós é dado
      o direito de possuir.»

      Se isto não é poema
      então não sei o a poesia seja.

      Abraço amigo

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  3. A Poesia é parte integrante do ser humano. Pode ser um silêncio, uma lágrima, um trovão, um grito, uma dor. Estará sempre presente enquanto o homem for homem. É certo que, por vezes, é difícil ver em que medida este se distingue das feras.
    Sobre as bandeiras, escrevi lá, que só a BRANCA me interessa, verdadeiramente.

    Bj.

    Lídia

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    1. Lídia,
      tudo o que nos vem da alma
      pode ser sentido como poema
      A Ana, ao negá-lo
      fê-lo

      Quanto à bandeira branca, em muitos casos significa rendição... prefiro profanar-lhe a brancura com o desenho de uma pomba!

      (faz o exercício que o mapa propõe)

      Bjs

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  4. Sinto-me dividida nesta situação.
    Os EUA e a Nato não cumpriram as regras do jogo mas a Rússia também não.
    A poesia morre perante tanques de guerra!

    Abraço

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    1. Na guerra
      é difícil
      descortinar
      qualquer regra

      Não há poema
      que se destrua à bomba

      Abraço

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  5. Hoje tenho dificuldade em comentar, porque a grandeza da dor destas palavras e das imagens mo impede.

    Deixo-vos um beijinho comovido.

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  6. Há situações em que as palavras não conseguem dizer daquilo que nos vai na alma. É o que me acontece depois de ler este post.
    Abraço e saúde para ambos.

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