20 fevereiro, 2022

HOMILIAS DOMINICAIS (citando Saramago) - 119 [outros tempos, semelhantes tormentos, diferentes vítimas]

Noutros tempos, aqueles que dão cenário e contexto ao livro "Levantado do Chão" o Alentejo era tido e referido como "celeiro da Nação". Como tudo muda, o Alentejo já não é o mesmo. Acabo de ler que “É inconcebível que importemos 95 por cento do trigo mole para fazer pão. Andamos a comer açordas com pão feito com cereais da Ucrânia e do Azerbaijão”
 
Serve esta introdução para evidenciar que não foi por se dar primazia a culturas mais rentáveis que ceifeiras, camponeses e outros trabalhadores rurais terão melhorado as suas condições de vida. Pioraram e procuraram outras vidas. Já não há nem ceifeiras, nem camponeses alentejanos. Foram, como se dá testemunho, substituídos por outros "Oriundos, em particular, de África e Ásia" (...) "estas pessoas constituem a mão-de-obra escrava do Alentejo”
 
Que falta nos faz Saramago, para nos falar desta nova realidade que dispensa os verdugos de outros tempos para continuar a saga da exploração do homem pelo homem, como era então e no livro se conta.

HOJE A HOMILIA É DITA

 

6 comentários:

  1. O que faz falta é a Reforma Agrária e nós lembramo-nos quem acabou com ela.

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    1. A Reforma Agrária
      ou acontece
      ou a terra morre
      e com tal morte
      sobra (mais) fome

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  2. A mão-de-obra barata, com escravatura, é o que prolifera por esse mundo fora. Realmente os trabalhadores do Alentejo também eram escravos do trabalho e por isso procuraram outros modos de vida. Será que encontraram, neste país que cada vez mais só dá oportunidades a alguns?
    Uma boa semana com muita saúde.
    Um beijo.

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    1. Analisei, há pouco
      para onde tende a demografia
      Nem sei que te diga
      querida amiga

      Beijo

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  3. Amigo Rogério, lamento mas não consigo ouvir o vídeo ( o meu problema auditivo mo impede).
    Coloco aqui uma frase de Saramago sobre o mesmo:

    "O livro chama-se Levantado do Chão porque, no fundo, levantam-se os homens do chão, levantam-se as searas, é no chão que semeamos, é no chão que nascem as árvores e até do chão se pode levantar um livro"

    Concordo com o comentário da Graça, a escravatura, e não só no trabalho na terra, são as "novas oportunidades" de trabalho.

    Um beijinho

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    1. O livro de Saramago, além do que é dito sobre o que lá está escrito, no conteúdo e na forma, é um documento histórico sobre um momento heróico

      Beijinho

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