02 fevereiro, 2022

QUEM SECOU O MEU ALENTEJO? QUEM ESTOIROU COM O MEU SONHO?

 

Sim, apesar da promoção ser o que estava sendo, eu acalentava o sonho. Sonhava, há dez anos atrás, ver o meu Alentejo de "celeiro da nação" passar a ser a região onde tudo se desse. Sonhava com a autonomia alimentar e com tudo aquilo que agora a realidade nega. E tenho o pesadelo como certo, o da fome. É que a terra, desnutrida e cansada não dará nada...

Quem, depois de alguém, veio estoirar de vez com o meu sonho? Quem semeou o pesadelo?

16 comentários:

  1. Como todos os "Eldorados" o sonho do Alqueva, subaproveitado, tal como já onze anos atrás lhe disse, vai terminar em pesadelo e já está a sê-lo.
    A Natureza vai dando a sua mãozinha, descontente com o que lhe faz esta gentinha.

    Abraço e noite boa!

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    1. Janita, apenas uma pequena correcção: Alqueva está a ser sobreaproveitado para um só destino, o cultivo super-intensivo. Há uma concentração do uso de tal recurso.

      Ficou sem resposta a pergunta: de quem a culpa?

      Abraço

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    2. A culpa, Rogério? Talvez da pouca importância que quem de direito atribui às nossas potencialidades naturais e vai perdendo tempo e recursos, com desgastes sucessivos entre greves, manifestações e campanhas eleitorais, sede de poder, revanchismos e outras coisas que tais.

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    3. Esta resposta e o silêncio gerado em redor do tema justifica que regresse a ele, com linguagem mais directa e com a coisa mais documentada...

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    1. Brancas nuvens negras.
      Como o seu agastamento ou infinita paciência, em nada contribui para melhorar a situação do Alqueva, ou qualquer outra, creio que melhor seria usar o seu espaço apresentando soluções práticas que trouxessem melhorias ao País, - já agora ao mundo - que atravessa uma forte crise politico-económica, ambiental e sanitária, ao invés de vaguear por caminhos utópicos e fantasiosos, que não enchem barriga às ovelhas cujos pastos secaram, tão pouco às crianças famintas que morrem lentamente na Etiópia. É que só paciência não chega para tanta carência.

      Obrigada!

      Rogério.

      A mim também me dá ganas, não é só a si.
      Mas como não tenho sabedoria para resolver as situações,
      peço-as aos sabichões.

      Obrigada!

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  3. A cultura intensiva é um crime e ainda por cima está na mão de estrangeiros!

    Abraço

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    1. Ah, pois é!
      E há quem não tenha a mínima ideia d´isso ter acontecido...

      Abraço

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  4. O capitalismo sempre foi extremamente hábil em destruir sonhos e semear pesadelos... Este e muitos outros sonhos, projectos, objectivos, têm vindo a ser mais ou menos paulatinamente transformados em pesadelos.

    Preocupa-me a ausência dos VERDES na AR.

    Abraço, Rogério!

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    1. Eu retiraria o advérbio de modo.
      Na verdade, tem sido à bruta e perante a passividade de todos os governos.

      Quanto ao PEV... dói

      Abraço

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    2. Então tem sido extremamente hábil em ser bruto, já que não consigo retirar o advérbio...

      Dói e muito!

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  5. Enquanto alentejano considero que o maior problema do Alentejo é a desertificação humana. Em cinquenta anos o meu concelho - e quase todos os outros, diga-se - perdeu metade da população. Se ninguém se importou com isso, por que se hão-de preocupar vinhas, olivais ou paineis solares por todo o lado? Bem ou mal, ambos podemos acreditar que mal, para os que por cá restam esse é um mal menor.

    Cumprimentos

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    1. Caro recém-chegado
      a este espaço
      vinhas e olivais
      não estariam a mais

      se houvesse equilíbrio
      no seu plantio
      e se este não fosse intensivo

      daqui a uns anos
      nem vinho nem azeite
      apenas terra árida
      e cansada

      Saudações alentejanas

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  6. Meu caro Rogério
    Como Alentejano que sou, filho de assalariados agrícolas e tendo passado toda a minha infância no Alentejo profundo, cedo me apercebi do mal que as culturas super intensivas iriam colocar especialmente no Baixo Alentejo.
    Em primeiro lugar, Salazar com a sua teoria de que o Alentejo era o celeiro de Portugal, autorizou o abate de milhares e milhares de azinheiras e sobreiros, arvores essas que sustentam a erosão dos solos, ao mesmo tempo que criam uma riquíssima bio diversidade. Devido à erosão dos solos era cada vez mais necessário, a colocação de nitratos e azotos para que se conseguissem produções aceitáveis, contudo baixas se comparadas com países da Europa. Com as alterações climáticas e a baixa precipitação levou os níveis freáticos a níveis tão baixos que a concentração de nitrados e outras substancias superaram os níveis aceitáveis para o consumo humano, assunto que não interessa muito à nossa imprensa.
    Aos poucos e especialmente nos anos 60 do seculo passado, com a migração e imigração o meu Alentejo foi desertificando.
    Milagre! nasceu Alqueva, como sempre não aprendemos nada, todos diziam finalmente o Alentejo tem água, esqueceram-se que o capital não tem pátria nem terra e eis que aqueles que já haviam destruído tudo na Andaluzia, compraram ou alugaram a preço da uva "mijona" como diz o nosso povo tudo voltou ao mesmo, as mono culturas intensivas e superintensivos sem qualquer controle, retirando todo o beneficio sem deixar qualquer mais valia nosso país, quem vê aquelas vastíssimas zonas de oliveiras, entre as quais nada se vê nascer é o pronuncio da terra queimada, quando o aluguer acabar ou baixar a produção o lucro desce e o capital irá encontrar outra Alqueva qualquer por esse mundo fora e nós ficaremos ainda mais pobres.
    A luta continua

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    1. Tudo isso, meu amigo
      a seca extrema, a terra à míngua
      veio pôr ao de cima

      Seca mais que prevista
      que teve Plano proposto (em Setembro)
      rejeitado na AR pelos mesmos de Sempre

      A luta contínua!

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