DESAMPARADOS
Levantam-se todos os dias
cedo ou tarde
para trabalhar
para procurar trabalho
para decifrar o latim de promessas vãs
para catar restos em caixotes do lixo
nas traseiras dos hipermercados
para descer os degraus corroídos da loucura
para mirar o horizonte embaciado, sem barcos.
Sofrem sem que uma
só esperança lhes minta.
No fim do dia voltam a casa
para a sopa que lhes afaga o corpo cansado
para os cartões no chão
onde se deitam como reis
sobre a sua pobreza.
Levantam-se,
muitos anos mais velhos, a cada dia
cedo ou tarde
para trabalhar
para procurar trabalho
para decifrar o latim de vãs promessas
para catar restos em caixotes do lixo
nas traseiras dos hipermercados
para descer os degraus corroídos da loucura
para mirar o horizonte embaciado, sem barcos.
E nenhum vento que os perturbe.
Esquecem-se de sofrer. Já nenhuma miséria lhes falta.
Lídia Borges, in "Searas de Versos"
Gostei muito de ler... apesar do tema triste mas real.
ResponderEliminarHoje, a realidade
Eliminaré pejada
de tristeza
É a fotografia de uma pintura de Géza Kukan?
ResponderEliminarNão, não é. A pintura é de Mihaela Mihailovici
EliminarVê, no google, obra impressionista
impressionante
Obrigada, Rogério. Não a conhecia.
EliminarGrata pela partilha deste poema que desconhecia. Tão cruo, tão real, que não pode deixar ninguém indiferente.
ResponderEliminarAbraço e saúde
Não ficámos indiferentes
EliminarAbraço, impressionado
Não conhecia este poema que é um murro no estomago por ser uma realidade pura e dura. Por aqui havia uns quantos mas felizmente depois de muitas tentativas aceitaram ir para a associação que todos os dias lhes prestava ajuda.
ResponderEliminarBeijos e um bom dia
Crescem as desigualdades...
EliminarBeijos
Dói por ser real!
ResponderEliminarAbraço
Cada vez, mais a realidade dói...
EliminarAbraço, entristecido
Por vezes, o som das injustiças "bate" [mais] forte. Bj.
ResponderEliminarLídia Borges
Teu poema é forte
Eliminare não deixa ninguém indiferente
Bj.
Fortíssimo poema da Lídia Borges! Já o conhecia do meu constante cirandar pelas suas searas.
ResponderEliminarUm abraço para ambos!
Fazes bem em visitá-la
EliminarEla escreve com alma
Abraço de ambos!
Lídia Borges , uma grande artista das letras .Faz tempo que não a visito, boa lembrança, Rogério e muito bom gosto com o tema universal _ há tantos !
ResponderEliminarmeu abraço e carinho
É sempre bom saber
Eliminarque podemos lembrar
quem não se deve esquecer
Poema forte, esse
Abraço amigo
Belíssimo poema, retratando uma realidade cada vez mais visível.
ResponderEliminarRealidade que nos impele cada vez mais numa luta contra a miséria e contra as injustiças.
Um abraço
Cada vez mais visível e que tende a estender-se, a aumentar...
EliminarAbraço
Boa tarde Rogério
ResponderEliminarUm poema muito bem escolhido da Lídia Borges.
Cru e forte e tão real, é isso que ainda dói mais.
A imagem em completa sintonia.
Um beijo
:(