06 janeiro, 2010

Ainda assim, parabéns ao Expresso


Parabéns ao Expresso, que continua a merecer a minha leitura atenta desde que nasceu, há 37 anos. Se faço das suas edições objecto constante de avaliação de indícios de informação golpista não é para denegrir a sua imagem de marca, é por razões de prevenção. Pior, muito pior que a gripe A e outras funestas pandemias é o contágio da “cultura golpista” que por aí anda e à qual os jornalistas não parecem estar imunes. Na análise que tenho vindo a fazer, tenho descoberto indícios fortes das acções que imputo serem determinadas pela mão do PiG. Disso mesmo continuarei a fazer denúncia.
Contudo, se o Expresso se mantiver nesta linha, à falta de melhor, continuará a ter-me por leitor. Acho que ainda mantém razoável imagem. Não falo da imagem que quer dar de si próprio mas sim daquela que a ERC deu, em 2007, no seu relatório de monitorização e onde compara o Expresso ao Sol. Aí, em 397 artigos analisados, escreveu-se:

• A maior parte das manchetes do Expresso no período analisado incide sobre actividades de organizações económicas. Quanto aos protagonistas das manchetes, o Expresso destaca, com frequência igual, representantes de organizações económico-financeiras, secretários-gerais e presidentes de partidos. No Sol, as manchetes analisadas dividem-se em igual número por temas da sistema judicial - em especial casos de justiça - e de política nacional – em especial escândalos/irregularidades políticas. Os protagonistas com mais visibilidade nas manchetes do Sol são pessoas envolvidas em processos judiciais e o primeiro-ministro.
• No Expresso, os principais actores da política nacional são os ministros, enquanto no Sol, além dos ministros, identificam-se com igual peso os secretários-gerais e presidentes de partidos. No Expresso, esses protagonistas têm um peso igual de artigos com valência/tom positivo e negativo. Já no Sol, os mesmos protagonistas surgem mais associados a valência/tom negativo do que positivo. Contudo, a grande maioria dos artigos dos dois semanários representa os protagonistas, quer da política nacional quer das outras áreas temáticas
• O Sol apresenta mais artigos com fontes não atribuídas e também com fontes confidenciais do que o Expresso, sendo que este apresenta uma maior diversidade de áreas de proveniência das fontes de informação.
• O tema relações laborais possui referência diminuta na primeira página do Expresso não estando presente em qualquer artigo do Sol. Também os actores desta área possuem presença reduzida nos dois semanários, sendo menor no Sol. O Sol não tem, no período analisado, artigos com fontes da categoria relações laborais. O Expresso regista quatro artigos em que recorre a estas fontes, maioritariamente, centrais sindicais, federações e sindicatos.
• Nos artigos com fontes da economia, finanças e negócios, as grandes empresas e grupos económicos constituem as fontes mais frequentes de ambos semanários, seguidas, por ordem de saliência, pelas organizações económico-financeiras. Estas duas subcategorias têm maior peso em termos proporcionais na amostra do Sol.

Pena que este tipo de monitorização se tenha deixado de fazer (ver relatório na integra). Também andará mão do PiG lá pela ERC?

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