17 outubro, 2012

Salazarentos destinos, com o Povo ao fundo...

"Rosa dos Ventos" - Sagres (imagem da net)
Os tempos
Apagaram as Rosas dos Ventos
Destruíram mapas dos mares
Sextantes antigos, modernos radares
E outros apetrechos mareantes
Hoje, e esse hoje tem muitos ontens,
Diz-se haver um só caminho
E que fora dele o desastre é certo
Como se não fosse certo o desastre dentro dele

Com a mesma certeza com que se dizia haver
Um só caminho (a defesa do Império) a percorrer
A nossa  presença na Europa não se discute, como um dia
A nossa presença em África não se discutia
Negociar com os credores, soa a fuga à honra
Negociar com os os movimentos de libertação
Soava a rendição...

Na história
Há afinidades sem glória

O estranho é que seja a Rosa dos Ventos
A interrogar se outras direcções são possíveis
Talvez esquecida, como os demais
Dos seus própríos pontos cardeais
Rogério Pereira

Nota: Este post é resposta a uma pergunta que me foi posta, pela Rosa dos Ventos

24 comentários:


  1. Gosto mesmo, Rogério! Fui procurar a pergunta da Rosa dos Ventos e ao ler a sua resposta/reflexão dei por mim a questionar - para quando o livro???

    Beijo

    Laura

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  2. Escolhi este nome para o blogue precisamente por ser alguém à procura de rumo!
    Sei para onde não quero ir mas para onde quero ir é que é um problema...
    Obrigada pela resposta e pela foto!

    Abraço

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  3. Que há outras direções que podem ser seguidas disso não podemos duvidar.

    A questão é que nós não sabemos como seguir a melhor direção porque não sabemos qual é.
    Uma coisa sabemos já, até porque o estamos a sentir na própria pele, a direção que tomámos não nos está a encaminhar para bom porto.

    Que fazer, então?
    Experimentar outros rumos?
    Quais?

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  4. "Na história
    Há afinidades sem glória"

    O problema não está na rosa dos ventos. Está na posição inicial do mareante.

    Lídia

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  5. Esqueci-me de dizer que também gostei da resposta! :-))

    Abraço

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  6. Na história e na verdade, fomos os maiores nas descobertas do mundo.

    Adormecemos com os descobrimentos e a ler os Lusíadas.

    E hoje não descobrimos nada, e antes tudo foi descoberto por nós...mas não foi o suficiente...
    O tempo passou e o tempo não perdoou o adormecimento à sombra da história. E tanto o lamento!...

    Gostei do que pretende dizer.

    Maria Luísa

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  7. Olá Rogério... anda tudo desaustinado! Hoje ouvi um fórum na rádio, coisa que não fazia há uns meses e fiquei boquiaberta. Tudo desaustinado e acção concertada nem vê-la.

    Ao ler um artigo de Frederico Duarte de Carvalho, lembrei-me de si... e acaba assim:

    "Nessa altura, vão perceber que não há jornalistas. Há apenas órgãos de Comunicação Social. Sem jornalistas, pois é preciso abdicar da qualidade de ser jornalista para poder sobreviver àquilo que hoje se faz. E é por isso que eu digo que esta é uma época radiosa para quem quiser ser jornalista. A edição em livro da peça de teatro de José Saramago tem uma frase introdutória. É uma frase que eu já dizia há muito tempo, ainda antes de a conhecer nesta obra. Diz assim: “Todos faremos jornais um dia”. E é verdade. Que da noite se faça o dia."

    http://paramimtantofaz.blogspot.pt/2012/10/que-da-noite-se-faca-o-dia.html

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  8. Palmas Rogério!

    Muito merecidas pela excelente, ousada e poética resposta.

    Até fiquei com um sorriso, mas não devia pois não?

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  9. Grande desnorte em que andamos todos mercê do desnorte deste (des)governo!

    Gosto especialmente da última estrofe: "outras direções são possíveis»? Claro que sim!

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  10. O Rogério é um Senhor,
    Poeta e Escritor
    Bem que merecia um louvor.

    Bem haja!

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  11. Rogério,

    Um enorme aplauso para estes inspiradíssimos versos, para esta inspiradíssima comparação. Se calhar o Velho do Restelo é que tinha razão, na sabedoria dos anos vividos.

    Temos por cá tantos valores, é vê-los por aí ganhar prémios internacionais nas ciências, na investigação, na arquitectura e noutras áreas; temos tanta terra ao abandono, tanto mar na nossa costa, tantas potencialidades no turismo...tanto, tanto sobre o que nos podemos debruçar, só falta querer.

    Quanto ao comentário da Fada do Bosque, de que muito gostei, já há uns 10 anos ouvi na Universidade do Porto, num curso de Jornalismo o Carlos Magno dizer aos jovens aspirantes à área, que o jornalismo tinha deixado de existir, desde o momento em que se deixou de confirmar notícias. Quando existia verdadeiro jornalismo era ponto de honra investigar e confirmar a notícia, agora ela funciona apenas em cima do joelho, na base do boato. Lembro-me de ser jovem e o boato ser considerado uma coisa feia, horrível, que saía do esquema da boa formação e da educação, algo criminoso.
    Como se pode levar a sério este jornalismo?

    Mas voltando ao seu tema, genial!
    Espero o livro de poesia para acompanhar a prosa. Já tarda.

    Beijinhos
    Branca

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  12. Voltando ao Velho do Restelo, aqui a "nossa" Espanha, está pela rua da amargura e talvez a independência da Catalunha nos venha salvar de um Iberismo predador. O RU apoia este ruptura para ter o seu bastião em Gibraltar, os ânimos cada vez mais empolgados. O País Basco, irá por arrasto e quanto aos galegos, não sei que se poderá passar... (isto não faz lembrar nada do passado? Nem Guernica?). Bem fazem os de Marinaleda e há muito por aí, quem ande a Marinaleda alertar, até na rádio ouvi que à terra tudo voltará, para não morrerem de fome. Entretanto é melhor esquecer e sextante pois somos candidatos à maior área marítima do mundo, mas se tal conseguirmos quem irá beneficiar?!

    Mas não há jornalistas... pena não é?

    Ouviu o que disse o energúmeno do Van Zeller sobre os estaleiros de Viana?
    Deixamos que façam chacota do povo a este ponto?! então venha o arado, ou talvez a guerra... Alguém irá escolher por nós, pelo que se vê.

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  13. Ups! saiu um link repetido... as minhas desculpas.

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  14. Faço questão de deixar um comentário do link alertar, achoo que merece destaque:

    "Não entendo como foi possível gente experiente e de trabalho aceitarem tranquilamente a bondade de largarem a terra, a pesca e as fábricas a troco de tostões. Vi trocarem traineiras por automóveis, arrastões por casas banais a que acrescentaram piscinas com luzes. E não houve maneira de suster o absurdo. Os anos do Cavaco foram dizimadores do pouco que havia.
    Hoje, se reparar, o orçamento da defesa aumenta dez por cento e, simultaneamente, desfazem-se dos estaleiros de Viana do Castelo. Olhando para qualquer mapa de Portugal é evidente que a terra é pequena e o mar imenso. No entanto, não temos navios, embarcações, rebocadores. Não temos marinha mercante. Vamos vender o mar ou estamos destinados a usar a sucata maritima que os outros venderem «em quinta mão» ?
    Não é preciso ser inteligente para ver o «anacronismo».
    Voltando a Marinaleda: estive lá e gostei, principalmente, das pessoas. É uma vida simples, dura mas limpa e animada. Era bom que tivessemos semelhantes ou equivalentes!"

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  15. vou de imediato descobrir essa "Rosa dos Ventos"...

    gostei de teus versos - e da sua elegante resposta.

    abraço

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  16. .

    .

    . curvo.me perante a palavra . assim dita e re.dita .

    .

    . soada . aos quatro ventos .

    .

    .

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  17. Creio que obnubilados pela grande encenação que está a ser feita pelo dueto que nos governa, perdemos mesmo o Norte. Por isso me lembrei de imediato, ao ler o seu poema, daquela canção "Muda de rumo, muda de rumo...".
    Mas mudar para onde, se o Homem do Leme anda distraído com o FB e em vez de fazer o que se lhe exige, passa os dias em frente ao computador?

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  18. Sinto-me como num barco à deriva numa tempestade, a meter água por todos os lados, onde todos gritam e barafustam mas, o pior, será não confiar, nem um bocadinho, de quem vai ao leme.

    Bjos

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  19. Olá Rogério!

    Gosto quando vejo você no Alma. Gosto de como me alcança obrigado!

    Acredito que sim, dividimos um mesmo pensamento- ou a mesma coluna de pensamento... kkk

    Eu estive na total falta de luz, aprendi a tatear, não posso dizer que gostei, mas posso com toda a certeza dizer que não esbarro nos mesmo móveis.

    Quanto a seu texto... Como sempre descreve o tempo e suas curvas como ninguém. Eu realmente gosto de estar aqui. Abraços!!

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  20. Excelente inspiração e resposta!

    Temo que povo não esteja ao fundo, mas no fundo.

    beijinhos

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