01 junho, 2014

Geração sentada, conversando na esplanada - 63 (Dia Mundial da Criança)

(ler conversa anterior)
“O homem degeneraria sem a criança que o ajuda a renovar-se”
Maria Montessori, que cito, no meu livro

Já tínhamos falado de tudo, do Marinho, do Costa, do Tribunal Constitucional, do tempo e do empate. Mas nenhum de nós tinha ainda olhado o relógio, nem o rafeiro do senhor engenheiro tinha deixado de brincar com o atrevido melro, sinais mais que evidentes que a conversa podia a qualquer momento ser retomada. Ia a ser, quando o som estridente do telemóvel veio anúnciar a chegada de uma mensagem. Fui ler, tinha escrito "Vou andando". Nem procurei recordar pois tinha presente aonde ia. Voltei-me para o velho engenheiro e disse com ar prazenteiro:
- "Vou brincar com o meu neto!"
- "Brincar? Brincar a quê?"
- "Não sei... talvez às guerras..."
- "Às guerras? Tem a certeza que é brincadeira que se tenha? Julgava-o pacifista!"
- "E sou, é por isso que nestas guerras é o meu neto que define as regras. Eu sigo-as, só quando discordo..."
- "Percebo, ele é quem comanda. Ele é o seu general!"
- "Não, eu sou o inimigo, mas ele estabelece as regras comigo."
O velho sorrio: "agora não lhe entendo a metáfora"
- "Não é metáfora, é mesmo o que se passa. No jogo, claro!"


...

8 comentários:


  1. Há reticências por aqui a indiciar "reservas" ao dito.
    Ainda assim estou um pouco como o interlocutor. Não entendi muito bem a parte do "inimigo".

    As crianças são mesmo "o melhor do mundo", mas só alguns acreditam nisso.

    Um beijo

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  2. estabelecem as regras, são os generais e decidem as armas...

    e trepam para as costas quando se armam em cavaleiros...

    abraço, meu caro Rogério

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  3. Ai como ser avô abranda os corações repletos!
    (Também quero...)

    Beijo

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  4. Nem acredito,
    que haja
    quem não tenha brincado
    ao faz-de-conta
    Eu fiz de conta que era seu inimigo
    mas ele combinava a guerra toda
    comigo

    Nada mais pacifista, portanto!

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  5. Ai estes avós!... Por mim estou sempre a «levar na cabeça» das minhas filhas porque sou maleável de mais com os meus netos...

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  6. Ai os avòs, os avós! São o terror dos filhos :-)

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  7. Nem dá para acreditar um jogo entre inimigos. Se fosse entre adversários sempre era melhor, ou mesmo entre amigos.

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  8. é preciso que ambos percebam às claras para onde atirar...não com jogo escondido manhoso...

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