07 junho, 2014

Teatrinho - encenação de uma obra de ficção (ou talvez não)


1º Acto
Cenário - O palco está às escuras, o pano está levantado e a cena passa-se na sala do Palácio onde reúne normalmente o plenário. No escuro, pelas silhuetas, percebe-se que todos os juízes estão presentes e debruçados sobre uma comprida mesa. Uma réstia de luz vai se intensificando até mostrar um plenário adormecido. Em cima da mesa pilhas de jornais e dezenas de garrafas de água vazias à mistura com caixas de pizzas.  Ouvem-se as pancadas de Molière e, ao seu ritmo, os juízes vão acordado
Uma juíza (bocejando) -  Há quanto tempo estamos aqui? Há quanto?
Vice-presidente (pegando no telefone) - Há quanto tempo estamos aqui? (virando-se para a juíza) Dizem ser há três dias!
Presidente (consultando um pequeno bloco) - Pelo aqui registado, análises, argumentos, vantagens e contratempos, o assunto está esgotado! (olhando a todos, de frente) Temos de decidir, caso não, ainda dizem que continuamos a dormir!... 
1º Juiz (esfregando o nariz) - Renuncio! 
Juízes (todos em coro) - Renunciamos todos!
Presidente (conclusivo) - Está assente (levanta-se e incide sobre ele um foco) O Tribunal Constitucional renuncia em bloco!
(cai o pano)

2º Acto
Cenário - Levanta-se o pano a mostrar os Jardins do Palácio de Belém e o Presidente a olhar duas borboletas a voar
Presidente - Se tivesse aqui uma rede não me iriam escapar!
Maria (aparece correndo) - Aníbal, Aníbal, tens uma chamada do Ratton
Presidente - Diz-lhes que não estou!
(cai o pano e surge o narrador)

Estimado público o terceiro acto é inenarrável
  Adivinhem, se puderem, o ambiente do Conselho de Estado depois da Assembleia ter bloqueado!

8 comentários:

  1. Um teatro onde todos estamos metidos numa assistência silênciosa e muda.

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  2. Uma peça realista... muito realista.

    O meu abraço!

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  3. Uma peça que não permite ensaios.

    beijinho

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  4. Uma peça que não permite ensaios.

    beijinho

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  5. O que acabaram de ver é pura ficção.
    Qualquer semelhança com igual equivalência, é simples coincidência!!

    Aplausos para o encenador!

    Não ouvi as pancadas de Molière...?!?

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  6. Rogerito, que mauzito!! Não gosto que trate assim o senhog pgesidente!....

    (Oxalá não se demitam!!! São os que ainda nos vão dando alguma segurança!!)

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  7. Aníbal no país das borboletas, poderia ser o título da peça. Indigente, o pingente sem rede.

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