01 julho, 2014

Carlos, eu gramo o teu grammy

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UM HOMEM NA CIDADE

Agarro a madrugada
como se fosse uma criança
uma roseira entrelaçada
uma videira de esperança
tal qual o corpo da cidade
que manhã cedo ensaia a dança
de quem por força da vontade
de trabalhar nunca se cansa.

Vou pela rua
desta lua
que no meu Tejo acende o cio
vou por Lisboa maré nua
que desagua no Rossio.

Eu sou um homem na cidade
que manhã cedo acorda e canta
e por amar a liberdade
com a cidade se levanta.

Vou pela estrada
deslumbrada
da lua cheia de Lisboa
até que a lua apaixonada
cresça na vela da canoa.

Sou a gaivota
que derrota
todo o mau tempo no mar alto
eu sou o homem que transporta
a maré povo em sobressalto.

E quando agarro a madrugada
colho a manhã como uma flor
à beira mágoa desfolhada
um malmequer azul na cor.

O malmequer da liberdade
que bem me quer como ninguém
o malmequer desta cidade
que me quer bem que me quer bem!

Nas minhas mãos a madrugada
abriu a flor de Abril também
a flor sem medo perfumada
com o aroma que o mar tem
flor de Lisboa bem amada
que mal me quis que me quer bem!
                
José Carlos Ary dos Santos (1937-1984)


9 comentários:


  1. Gramamos todos! :D
    Parabéns Carlos do Carmo!

    (^^)

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  2. Um excelente fadista, sem dúvida nenhuma!

    Abraço!

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  3. Até que enfim reconheceram o seu valor, também gramei ! :)

    Excelentes as suas escolhas musicais, embora fosse difícil pois tudo o que ele canta é bom.

    beijinho

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  4. gramo e gramo o poema tão maravilhoso como a canção...

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  5. Um grande senhor que canta outros grandes senhores e despreza os senhores medíocres.

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