14 outubro, 2018

Sessão evocativa dos 20 anos da atribuição do Prémio Nobel da Literatura a SARAMAGO (no seu Centro de Trabalho) - I




A sala era pequena para tanta gente, mas percebe-se a opção, há 20 anos foi ali que Saramago se dirigiu antes de ir para outro lado. Fez questão disso.

E foi, à porta, com uma multidão à minha frente, que ouvi a  Paula Oliveira cantar alguns dos "Poemas Possíveis". Escolhi este:
Circo

Poeta não é gente, é bicho coiso
Que da jaula ou gaiola vadiou
E anda pelo mundo às cambalhotas,
Recordadas do circo que inventou.

Estende no chão a capa que o destapa,
Faz do peito tambor, e rufa, salta,
É urso bailarino, mono sábio,
Ave torta de bico e pernalta

Ao fim toca a charanga do poema,
Caixa, fagote, notas arranhadas,
E porque bicho é, bicho lá fica,
A cantar às estrelas apagadas.

José Saramago

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