31 janeiro, 2010

Haiti, Haiti! Ai de ti se mexes no teu petróleo...
















Esta imagem, retirada do site de Marguerite Laurent, ilustra que o Haiti não é tão pobre em recursos como se quer fazer crer ...

Este site dá conta de muitos aspectos, omissos pela imprensa de referencia, designadamente pelos semanários. O Expresso, por exemplo, na edição de ontem, deixa cair o Haiti como tema de notícia. Por falta de assunto? Claro que não! É que não existe apenas aquele site a abrir perspectivas de análise à realidade do marterizado Haiti. Existem outras fontes, designadamente as que se encontram referenciadas num bem documentado artigo editado neste outro site http://pakalert.wordpress.com/ .

Destaco, desse artigo, os parágrafos iniciais (transcrevo) "Há prova de que os Estados Unidos descobriram petróleo no Haiti décadas atrás e que devido a circunstâncias geopolíticas e a interesses do big business foi tomada a decisão de manter o petróleo haitiano na reserva para quando o do Médio Oriente escasseasse. Isto é pormenorizado pelo dr. Georges Michel num artigo datado de 27/Março/2004 em que esboça a história das explorações e das reservas de petróleo no Haiti, bem como na investigação do dr. Ginette e Daniel Mathurin. Também há boa evidência de que estas mesmas grandes companhias de petróleo estado-unidenses e seus monopólios inter-relacionados de engenharia e empreiteiros da defesa fez planos, décadas atrás, para utilizar portos de águas profundas do Haiti tanto para refinarias de petróleo como para desenvolver parques de tancagem ou reservatórios onde o petróleo bruto pudesse ser armazenado e posteriormente transferido para pequenos petroleiros a fim de atender portos dos EUA e do Caribe. Isto é pormenorizado num documento acerca da Dunn Plantation em Fort Liberté , no Haiti.. "

O artigo alerta ainda para o facto de não se entenderem quais as razões económicas e estratégicas que justificam a razão para que os EUA tenham construído a sua quinta maior embaixada do mundo a quinta, após a embaixada na China, no Iraque, no Irão e na Alemanha — no minúsculo Haiti, após a mudança do regime haitiano pelo governo Bush.

Nota: Este post é editado ao abrigo do §4 da minha declaração de princípios "Trarei para o meu blog todos os temas que julgo serem omitidos por razões que a razão desconhece ou me parecerem arredados da agenda das redacções da imprensa semanal"

O meu blog faz hoje um mês, ainda não gatinha...mas vai crescer!


Faz hoje um mês que iniciei este blog. Reafirmo o objectivo que publiquei no meu primeiro post, de continuar a escrutinar a imprensa semanal. Acrescento agora uma

declaração de princípios
  1. Não entrarei no jogo político, por isso, não comentarei discursos ou posições de qualquer partido;
  2. Trarei para a minha agenda discursos ou posições partidárias sempre que a imprensa semanal deles faça omissão ou distorção;
  3. Denunciarei todas as notícias ou opiniões que, em meu juízo, colocam em causa a reputação e o bom nome das pessoas sem a devida prova e fundamentação do interesse público.
  4. Trarei para o meu blog todos os temas que julgo serem omitidos por razões que a razão desconhece ou me parecerem arredados da agenda das redacções da imprensa semanal;
  5. Tentarei suprir a ausência da actividade da ERC na análise a estes jornais.

Para quem não se lembre: ERC (Entidade Reguladora da Comunicação Social) tem como principais atribuições e competências a regulação e supervisão dos meios de comunicação social. No exercício das suas funções, compete à ERC assegurar o respeito pelos direitos e deveres constitucional e legalmente consagrados, entre outros, a liberdade de imprensa, o direito à informação, a independência face aos poderes político e económico e o confronto das diversas correntes de opinião, fiscalizando o cumprimento das normas aplicáveis aos órgãos de comunicação social e conteúdos difundidos e promovendo o regular e eficaz funcionamento do mercado em que se inserem. A ERC figura, portanto, como um dos garantes do respeito e protecção do público, em particular o mais jovem e sensível, dos direitos, liberdades e garantias pessoais e do rigor, isenção e transparência na área da comunicação social.

30 janeiro, 2010

O Expresso esconde emoções causadas pelo Orçamento


Em 21 de Novembro passado, escrevia eu “Não só os títulos e textos são escolhidos para causar depressão, insegurança e outras emoções aos leitores. Na imprensa, a ilustração e a expressão dos rostos são formas complementares, mais indirectas e subliminares, para causarem uma sensação ou fazer passar mensagens. Veja-se, na imagem de baixo (Expresso de 5 de Dezembro), quanto é forte a impressão que fica de que Cavaco estará a passar severa reprimenda a Sócrates. Veja-se o reforço, feito com a paginação, ao se colocar um título que, não tendo nada a ver com a foto, sugere-se como sendo a sua legenda. Chega a ser genial, esta forma de “estruturar a opinião pública”.

Curiosamente, o Expresso de hoje, escondendo a cara a Teixeira dos Santos, tapa-lhe as emoções e dá prioridade às mãos. Mãos deste, daquele e da outra. Os rostos que aparecem, porque o Expresso também os publica, são de um modo geral, calmos ou em reflexão. Na verdade, temos que aceitar este orçamento… Na verdade, não temos que aumentar a raiva ou o desânimo dos que vão ter de pagar o défice, pondo caras sorridentes ou a deitar a lingua de fora... (ver o meu post de ontem),

"O orçamento que o país precisa..." e as emoções que vai ter!


Segunda feira passada, dia 25, escrevi ir esperar pela divulgação do orçamento para perceber qual o país que não ia ter o orçamento que precisava. Dei, na altura, a minha previsão. Dou agora o resultado, com imagens das emoções respectivas.
A classe A, cerca de 5,5% da população, vai ter o orçamento que precisa. Parte dela reage com alguma irritação (gestores da banca) mas na generalidade bate palmas. Vai poder continuar a colocar dinheiro nos paraísos fiscais, não pagará as mais-valias do negócio bolsista e os lucros dos seus bancos não terão agravamento fiscal significativo.
A classe B, 11,9 % da população, partilha da mesma satisfação e sem qualquer irritação (não me parece que sejam significativamente penalizados) Irão fazer contas e mais contas … as privatizações são uma oportunidade.
A classe C1, 24,9% de mortais, ainda não percebem bem o que se vai passar. Não sabem ainda se seria este o orçamento que precisavam. Lêem e relêem os programas do PS, PSD e CDS para tentarem alinhar-se. Quando perceberem, tenderão a ter emoções semelhantes às da classe C2.
As classes C2 e D, que somadas dão 57,7% da malta toda, já perceberam que terão de pagar, a sério, para a redução do défice. Contudo, só uma minoria irá ficar séria e miseravelmente zangada. Precisavam de outro orçamento. Não deste.
NOTA 1- Não espero que os semanários confirmem estas emoções.
NOTA 2 - Espero que a Marktest não se tenha enganado a dimensionar os países que existem dentro deste país.

29 janeiro, 2010

O SOL: notícias por um dia


Ultrapassei as dúvidas, que exprimi ontem, relativamente ao significado que deveria dar à expressão de Belmiro de Azevedo quando afirmou que a informação produzida pelos jornalistas “não é estruturante da opinião pública”. Vou municiar-me com aquilo que me pareceu claro nas considerações de BA, exemplo: Vou passar a identificar, nos semanários de referência, as notícias “fogo-fátuo” (aquelas que duram um dia).

Veja-se a primeira página do SOL.



28 janeiro, 2010

Belmiro e o serviço cívico

A entrevista de Belmiro de Azevedo, hoje na "Visão", foi objecto de inúmeras citações e análises. Foi notícia nas TVs sublinhada por passagens de vídeo. Fez percurso intenso na blogosfera, a ponto de me quase impor o afastamento dos meus objectivos. Estes são, como é sabido, a denúncia da informação golpista na imprensa semanal de referência. Contudo, não posso deixar de destacar esta passagem onde Belmiro até parece que se terá colocado na minha posição denunciante:
Jornalista – O Governo controla a comunicação social?
Belmiro – Você é que deve saber (risos)
Jornalista – Estamos mais moles?
Belmiro – Podiam ser mais agressivo. Fale-me de dez questões importantes que tenha visto nos jornais, no último mês. Que vão influenciar a sua vida. Consegue? Eu não, são tantas notícias! Tudo aquilo é fogo-fátuo. Dura um dia. É informação a mais e repetida, não é estruturante da opinião pública. A informação tem de obrigar à reflexão. Os jornais não estão a melhorar.
Jornalista - Na guerra entre Cavaco e Sócrates, o pano de fundo foi o seu jornal. O então director do Público tinha uma agenda escondida?
Belmiro (silêncio) – Não sei… Para nós, ter um jornal é serviço cívico. Não para influenciar, que fique claro. (…) E há jornalistas que abusam. Deveria haver directores mais fortes para que, de facto, se passasse uma imagem de independência.
Se eu soubesse o que é "informação estruturante da opinião pública" e tivesse a certeza de que haveria preocupações de independência, para além da imagem, teria arrolado Belmiro de Azevedo para testemunhar a existência do PiG.

27 janeiro, 2010

Ai! Quem me ajuda?

Hoje, perante muitas dúvidas, fui por essa blogosfera fora a pedir ajuda, nestes termos:

Prometi no meu blog que comentaria o que Nicolau Santos escreveu no último Expresso “Orçamento de que o país precisa…mas que não vai ter”. Podem ajudar? Escreveu o Nicolau: que o pais precisaria que fosse fixado “um plafond mínimo para os lucros da banca (há bancos que pagam taxas de IRC entre 8 e 10%).” Vamos ter isto ou não? A medida, que o Nicolau diz não ser a aspirina para o doente grave, está inscrita no orçamento?"
Outra questão: veja se desempata? O Nicolau diz uma coisa e a Associação Portuguesa de Bancos diz
outra. (em declarações à Agência Lusa, a porta-voz da APB diz que "o sector bancário paga 25% de IRC, tal como todos os outros sectores" e rejeitou qualquer tratamento de favor). Alguém me dá uma dica ou esclarecimento?

Aproveito para pedir um comentário seu: Qual a sua opinião?

26 janeiro, 2010

Mário Soares elegeu o meu blog como fonte privilegiada dos seus textos no DN


Análises que o inspiraram

Hoje no DN, na sua coluna “O tempo e a memória”, Mário Soares reafirma (quase) tudo do que recentemente tenho vindo a escrever neste blog. Não me aborrece tal facto. A única coisa que (moderadamente) me irrita é que não me comente ou me cite como fonte. Ele chega, acede ao blog, tira a ideia e vai despejá-la no DN como se fosse (inteiramente) sua. Pior ainda. Ele anda a escutar-me. Escuta pelo menos as minhas conversas com a a Maria José Morgado e com o Bruce Springsteen. Não acreditam? Ora Vejam:
  • Escreve ele, referindo-se a Obama: “Depois, reagiu - e de que maneira! - aos grandes interesses que os bancos voltaram a receber, no último trimestre de 2009, utilizando fundos especulativos e paraísos fiscais, que foram os causadores da actual crise global.” Bom, com esta análise, não só me rouba a ideia (ver post de 02 Janeiro, “As perguntas que o Expresso não fez – III”, na área da justiça) como omite o facto de Obama estar a seguir as sugestões da Maria José Morgado.
  • Escreve ele, a propósito do FMI e das agências de rating que aconselham “o Governo de Sócrates a reduzir o deficit, a aumentar o IVA, a reduzir os salários e a fazer novas privatizações. Não tem autoridade para o fazer, uma vez que não previu a crise global, mesmo quando ela estava bem à vista,”. Digam lá se isto não é inspirado pelo meu post “Morte lenta ou eutanásia?” de 19 Janeiro, 2010?
  • Escreve ele, continuando a questionar aqueles conselhos: “Os que recomendam a redução dos salários, esquecem, curiosamente, os lucros milionários que os bancos voltaram a ter e os vencimentos extraordinários dos respectivos gestores. Isso, para eles, não tem qualquer importância. Nem tão-pouco a impunidade dos responsáveis da crise, que atirou para o desemprego milhões de seres humanos, em todos os continentes, e continuam a viver como nababos à custa da miséria alheia. Sem que ninguém lhes toque.”. Então, isto não é, por outras palavras, o que eu escrevi ontem? E em vez de escrever, como ele escreve “Em Portugal parece tudo parado aguardando o orçamento” não deveria ter escrito “Até o Rogério está parado à espera da divulgação do orçamento para perceber qual o país que não vai ter o orçamento que precisa”?

As escutas que anda a fazer às minhas conversas com o Bruce…

Não tenho dúvidas, ele escuta-me. Não tem mal, está na moda. É pena que me responda desta forma tão indirecta às dúvidas que coloquei ao Bruce sobre o real desempenho que os EUA têm tido na ajuda a outros povos…

25 janeiro, 2010

"O orçamento que o país precisa..."

Na análise publicada no Expresso de sábado passado “O orçamento de que o país precisa…mas que não vai ter” o Nicolau Santos propõe medidas. Pelo título depreende-se que as medidas do Nicolau não vão constar no orçamento. É pena? Sei lá. Se o gajo salta do suplemento Economia para vir escrever isto no primeiro caderno é porque o Expresso, ele todo, subscreve aquelas medidas e considera-as indispensáveis ao país.
Sinceramente, gostava que o país tivesse o orçamento necessário. Só que tenho uma dúvida primária: Qual país? É que, do ponto de vista económico e social existem vários. Tantos quantas as classes sociais que reclamam coisas diferentes. Não, não tem nada a ver com marxismos nem luta de classes, longe disso. Tem a ver, isso sim, com a definição que a wikipédia faz, e que é seguida, mais ou menos, pela Marketest que é, como sabemos, a empresa que permite ao Expresso afirmar que tem 4 leitores por cada um dos 150 mil exemplares que saem da impressora.
Dimensão das Classes Sociais
Vou esperar pela divulgação do orçamento para perceber qual o país que não vai ter o orçamento que precisava. Mas as classes A e B podem ficar desde já tranquilas. Nem as offshore acabam, nem as mais valias do negócio bolsista irá ser taxado, nem os bancos deixarão de ter lucros chorudos. Vai haver privatizações. Atenção classe C1, muito provavelmente estás dispensada de pagar o salário mínimo nacional! Mas vais pagar outras coisas... É que a C2 e a D já estão depenadas. Já faliram. A União Europeia não deixa que um dos seus membros entre em falência mas está-se nas tintas para vocês...

24 janeiro, 2010

Obama tenta que eu tenha outra leitura da história?


Expressão do Bruce depois da nossa conversa de há pouco. A sua preocupação é visivel... Imagine porquê, depois de ler este post.




Bruce prometeu que ligaria… Ti-ló-li! Ti-nó-ni! É meu telemóvel a tocar. Tem toque de ambulância do INEM… Atendo. È o Bruce Springsteen! Cá estou, desculpa de só ligar agora… Aceito as desculpas e dou inicio ao diálogo: Antes de começar quero te transmitir os cumprimentos do nosso amigo Campos. Bruce: Quem, do Correia de Campos, o que foi Ministro da Saúde? Não, pá (respondo eu)! O Campos, aquele que tem um casalito de putos…(sou cortado pela exclamação do Bruce): Ahhh! Já sei! O miúdo dele até canta muita bem… ouvi-o no you tube. Mas conta lá Rogério. Fui-me ao tema:
  • Eu: Sabes Bruce, ontem o Expresso publica meia página de um texto do Obama.
  • Bruce: E depois? Eu também li esse artigo. A única coisa que me irritou foi o facto do Expresso ter paginado o artigo por cima de um outro com o título “A semana negra de Hugo Chaves”. Está a sugerir que o Chaves tem o negro à perna?
  • Eu: Pois, do Expresso é de esperar tudo. Mas voltemos ao artigo do Obama. O gajo parece querer dar uma imagem positiva do que tem sido a intervenção dos EUA no mundo. Não precisava de o fazer… até parece que está a impor uma outra visão da história recente! Chega a dizer: “A liderança da América assenta no facto de não utilizarmos o nosso poder para subjugar outros, mas para os socorrer”. Depois, fala na colaboração com a ONU e que, depois do Haiti deixar de ser a abertura dos noticiários, a missão deles será ajudar o povo haitiano a prosseguir o caminho para um futuro mais risonho.
  • Bruce:-------------- (silêncio, não se ouve nada…desligou-se a chamada)
  • Eu, para mim próprio: Não acredito que me tenha desligado a chamada! Terá caído, ou será que deixei o Bruce sem resposta? Vou mandar-lhe um SMS para ele ler um artigo que descobri sobre os antecedentes dos EUA no Haiti.

Texto do meu SMS: Bruce, a nossa chamada foi ao ar. Enquanto não falamos lê este artigo, para depois comentarmos. Abraço. Rogério (se os meus caros leitores quiserem ler, podem faze-lo aqui)

22 janeiro, 2010

O SOL não ouve o Bruce Springsteen


A imagem e o texto da página 20 do SOL sobre o Haiti, fez sombra a tudo o resto. Até porque o resto é zero. Este semanário espera a evolução das negociações do PS com o PSD, amanhã, para poder continuar a desenvolver a sua agenda.

Sobre a ocupação do Haiti, que o autor do artigo considera inevitável, ficam-me muitas preocupações. Tentei ligar para o Santana (o Carlos) e também para o Bruce, apoiantes entusiastas de Obama, mas só consegui falar com este. Interrompeu um ensaio para me atender. Explico o meu estado de espírito e leio-lhe partes do artigo do SOL que diz que “ao actuar de forma musculada, Obama sacode críticas internas e tira margem de manobra a Cháves e a Castro”

Resposta do Bruce Springsteen: é pá esse jornal está a preparar terreno para o que aí vem,,, Aquilo é mais complicado. Julgas que o Obama, ao fim de um ano, metia os falcões e os interesses económicos na ordem, assim sem mais nem menos? Só para teres uma ideia o papel dominante na tomada de decisões para as operações no Haiti, foi confiado ao US Southern Command (SOUTHCOM).

Mas Bruce, eu não sei o que é isso (digo eu). Bruce diz não ter tempo naquele momento. Dá-me o endereço de um site e recomenda-me a leitura atenta de um post. Promete que falaria comigo depois.

Vou seguir a recomendação do Bruce. É uma boa fonte. Leia também, caro leitor. Leia aqui.

21 janeiro, 2010

Eu não empresto o meu Expresso a nínguém

O Público de 30 de Abril, divulgando dados da APDT referentes aos dois primeiros meses de 2009, escreve que o “Expresso” goza de uma forte subida na tiragem, de 137380 exemplares para 150 mil, continuando líder destacado do segmento (o SOL fica-se pelos 66625).
Em notícia na página 3, a última edição do Expresso dá-nos conta que, com 623 mil leitores, o Expresso lidera nas classes altas (335 mil leitores). Façam contas: para uma tiragem de 150 mil (quantas sobras?) existem 623 mil leitores, significa que a cada comprador correspondem 4 leitores, mais coisa menos coisa.
Consta que cada comprador faz como fazia o poeta: Fernando Pessoa lia o Expresso na companhia de Alberto Caeiro. Depois de estes terem lido, passavam ao Alvaro de Campos e, por fim, lá chegava a vêz do Ricardo Reis.
Eu, por mim, nem aos meus heterónimos empresto o Expresso.

20 janeiro, 2010

Obama: Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Ao completar-se um ano do seu mandato
O Expresso, na sua edição em papel, omite qualquer artigo ou opinião sobre o primeiro ano do mandato de Obama. Na sua versão online edita hoje, não sei se com alguma satisfação, a derrota de Obama no estado de Massachusetts, assinalando que um ano depois de ter tomado posse, Obama está em maus lençóis. .
Muitos americanos acham o mesmo: desde que tomou posse, a sua taxa de popularidade baixou 18% - de 68 para 50 pontos percentuais. Não posso deixar de ficar apreensivo pelo facto de George H. Bush ter visto a sua popularidade bater nos 89 por cento depois da invasão do Kuwait, em 1991.
Por mim, mantenho ainda alguma esperança de que, por razões diferentes, Obama dê a volta e atinga 90%... Não é verdade que ele seguiu as recomendações da Maria José Morgado? (Ver o meu post de 02 Janeiro, 2010 As perguntas que o Expresso não fez - III, perguntas na área da justiça )



19 janeiro, 2010

Morte lenta ou eutanásia?

Daniel Bessa acredita nas agências de rating. O jornalista do Economia também.
Ambos, comentam a análise da Moody´s que considera que Portugal estará em riscos de “Morte Lenta”. Estas agências analisam o grau de risco a que um activo (seja a dívida de um país, de uma empresa, um banco, etc.) está exposto no mercado. Por outras palavras, elas atestam a confiança que merece a instituição que emite tal activo.

No entanto, a credibilidade destas agencias começa a ser questionada a partir do momento em que as empresas analisadas pagam para terem as notas e, ainda mais, financiam tais agências criando assim, um conflito de interesses no processo. O reflexo disto é claro na recente crise mundial. Até ao dia 15 de Setembro (O aniversário mórbido da falência do banco de investimento Lehman Brothers) a grande maioria deste tipo de banco, detinha a nota máxima destas Agências, o AAA. Também com a mesma nota máxima estavam os papéis do “subprime” emitidos pelos mesmos bancos. Papéis estes que contaminaram todo o sistema bancário mundial. Mas os exemplos não ficam por aqui, veja-se a incapacidade de prever a falência da Islândia nem o afundamento dos países bálticos.

Para mim, de tudo o que li no Expresso Economia só fica o titulo da coluna do Daniel Bessa: Portugal em risco de “Morte Lenta”, mas com outro diagnóstico: Que vida pode ter um país sem agricultura, sem pescas, sem indústria?
A agencia diz que temos tempo… Para quê, para fazer eutanásia?

16 janeiro, 2010

Dois semanários, a mesma cultura

Primeiras páginas - Expresso vs SOL

Haiti – No Expresso, há chamada de primeira página para a tragédia no Haiti. O SOL, reserva (como vimos ontem) todo esse nobre espaço para os temas que lhe garantem o marcar das agendas da imprensa. Fico, contudo, sem saber se o destaque dado pelo Expresso se deve ao facto de o seu formato ser maior…

Santana Lopes – Em ambos, o Santana tá, tá. No Expresso, com destacado apelo à leitura de uma extensa entrevista e na noticia da condecoração que lhe foi atribuída por Cavaco. No SOL, o anúncio da sua contratação para comentador na TVI e na tentativa de finta de Manuela, que insiste em chutar “directas” (lance que deveria merecer a melhor atenção ao Freitas Lobo). Cada semanário faz duas referências a Santana. Empate por 2-2.

Manuel Alegre – Também aqui há um empate, pois cada um dá destaque à sua candidatura, embora com intensidades e propósitos diferentes. No Expresso, diz-se que “Entrevista ao Expresso acelerou candidatura de Manuel Alegre” o que, quanto a mim, é uma forma subliminar de preanunciar a candidatura de… Santana. Não percebem? É que, cada entrevista destacada do Expresso dará, segundo o próprio, oportunidades políticas excepcionais…

Marcelo – Empate, outra vez. No SOL, Marcelo não diz, mas fica-nos na ideia, que já pode ser candidato ao PSD, pois já não é comentador. No Expresso, Marcelo não diz, mas fica-nos a ideia de que o Santana fala por ele (“É um desperdício sem limites Marcelo não se candidatar”)

Sócrates a levar nas orelhas – Empate a zero. Também o Expresso dá tréguas a Sócrates. Tal como já tinha comentado ontem, São-lhe concedidas tréguas para favorecer o entendimento com a Manela, não faz sentido que se defenda o bloco central ao mesmo tempo que se bate num dos parceiros…
Duas certezas e uma dúvida
  1. O SOL não faz sombra ao Expresso. O Expresso é o SOL, tapado com a peneira.
  2. Durante muitas edições futuras, aqueles senhores que povoam as duas primeiras páginas destes semanários, e os temas que os envolvem, irão desfilar por dezenas de artigos e fotos fazendo as delicias de uma opinião pública que se quer afastada de outros temas.

Uma dúvida – O Partido da Informação Golpista existe e sopra as mesmas orientações editoriais? Ou é uma invenção deste aprendiz de bloguista?

15 janeiro, 2010

POLITICA (quase) A SÉRIO

José António Saraiva tem hoje, no SOL, um artigo na sua página Politica a Sério sob o título "A hora de Aguiar-Branco". Trancrevo e comento, avinagradamente, algumas passagens:

Escreve ele: "Há dois meses, quando o PSD e muitos comentadores gritavam pela necessidade de o Partido Social Democrata eleger urgentemente um novo líder, escrevi que não havia pressa nenhuma."

Comento eu: Agora sim. Chegou a hora. JAS é quem comanda todas as agendas…

Escreve ele: "Daqueles quatro nomes, Marcelo Rebelo de Sousa seria, ainda assim, o mais viável. Só que, para lá da sua condição de ex-líder, tem outra limitação: é alguém que o país vê como um comentador, como uma pessoa que faz análises, que escalpeliza os comportamentos dos outros – e, de um dia para o outro, ver essa pessoa no lugar daqueles que antes analisava, sendo vítima das críticas que antes era ele a fazer, não é nada fácil."
Comento eu: Agora que saiu da RTP1 teria uma oportunidade. O pior é que o Expresso, que em matéria de agendas dá cartas, já chumbou Marcelo há… dois meses. O jornalista Deusdado fez a pergunta a 12 magnificos: "Gostaria que Marcelo fosse o novo líder do PSD?". Apuradas as respostas, escreve ele que um painel como o do Concelho dos Doze seria, em teoria, um território de apoio natural ao avanço de Marcelo à liderança do PSD. Não foi. Quem é que disse que os painéis não servem para nada?

Escreve ele à cerca de Aguiar-Branco:"... é um homem do Norte. É um homem com pronúncia do Norte. Um advogado do Porto. E isso poderá levar o PSD a um reencontro com as suas raízes. Não é bem o ressuscitar do mito Sá Carneiro – é qualquer coisa anterior a isso, de que o próprio Sá Carneiro já era expressão. É um certo espírito liberal, identificado com a livre iniciativa, com o empreendedorismo, com a não dependência do Estado – que o Porto mal ou bem corporiza. Enquanto os políticos de Lisboa são associados aos corredores do poder, às politiquices, às refeições à mesa do Orçamento, ao peso opressivo do Terreiro do Paço, os políticos do Norte não carregam consigo esse rótulo, estão mais identificados com o país não político, com a população activa e o empresariado que aceita o risco."

Comento eu: E porque não um homem do Alentejo? Advogado ou outra coisa qualquer. Com excepção do actual ministro da Agricultura, não são conhecidos muitos políticos alentejanos. Estes teriam a enorme vantagem, no que respeita a espírito liberal, de rirem das anedotas que lhes são dirigidas…

Finaliza ele: "Por tudo isto, admito que Aguiar-Branco pode ser o líder de que o PSD precisa. E sendo este palpite naturalmente falível – até porque só o conheço da televisão – o passado diz-me que, de uma forma geral, a intuição não me engana."

Meu comentário final: Tenho que perguntar ao Vasco Ribeiro se a intuição do António José Saraiva não será alguma das “Fontes Sofisticadas de Informação” que por aí andam.

SOL faz por liderar a agenda da comunicação social

O SOL avisou que continuaria a marcar a agenda da comunicação social. Quem avisa, nosso amigo é. Vejamos nesta edição como isso se faz:
Primeiro, retira-se da primeira página notícias que todos os outros jornais estão a dar, por exemplo, remete-se o tema Haiti lá pró meio e destaca-se que PS e PSD admitem congelar salários. da Função Pública. O Sócrates deixa de aparecer a levar nas orelhas, quer na primeira página como lá dentro. São-lhe concedidas tréguas para favorecer o entendimento com a Manela? Claro, então faz sentido que se defenda o bloco central ao mesmo tempo que se bate num dos parceiros?
Segundo, coloca-se na primeira página o tema PSD e as “directas”, lá dentro o SOL esforça-se por contribuir para uma solução rápida. Vários candidatos dão o seu melhor numa campanha ao SOL. Só não percebo é porque Santana tem honras de dois títulos. Será que o SOL brilhará para o bronzear? Para já, a imprensa destaca o seu enorme feito de impor um congresso…

Lembram-se da rábula “O Santana não está cá! Tá! Tá!

14 janeiro, 2010

TGV ou o que o Expresso não Vê (não dá a ver)

As omissões, outra forma de avinagrar temas

Jorge Fiel, jornalista do DN, assina hoje uma crónica cujo título me dispenso de aqui reproduzir. Do que ele aí escreve quero apenas sublinhar a passagem onde ele diz "Como todos os mentirosos incompetentes, desenvolvi uma técnica de protecção que consiste em usar a omissão da verdade como sucedâneo da mentira". Tenho-o debaixo de olho para o fazer ingressar no meu rol de testemunhas de que, de facto, existe uma imprensa golpista. Ainda não é desta. Ele afirma que é um “mentiroso incompetente”. Falemos das omissões do Expresso, onde os mentirosos me parecem mais competentes.

As omissões do Expresso de 7 de Novembro de 2009

O título do artigo “100 Mil empregos Criados até 2013”, publicado no suplemento Economia (pág. 3) destacava a importância do TGV pelo volume de emprego criado. Contudo, não associava esse volume à incorporação nacional que o projecto potencia. O autor artigo omite qualquer referência a essa incorporação. Isto é, se forem 100 mil empregos, quantas as empresas nacionais se garantem como empregadoras? Dos custos incorridos pelo projecto quais as estimativas para a parte retida na economia nacional?
O autor, que omite que o projecto pode ser entendido como o desenvolvimento do cluster de Alta Velocidade (ver estudo da Refer ), também não discorre sobre as exigências dos concursos para serem asseguradas as estimativas para a incorporação nacional que os futuros Cadernos de Encargos deveriam salvaguardar.

As omissões do Expresso de 21 de Novembro de 2009

Trata-se de uma entrevista a Ângelo Ramalho, presidente da Alstom Portugal que o suplemento Economia titulou “A estratégia para Portugal é investir em massa cinzenta”. É um texto editado poucos dias depois (12 de Novembro) a se ter publicado, no site da Agência Financeira, uma boa notícia. Diz o título dessa notícia: “Alstom cria rede nacional de empresas para concorrer ao TGV”, o subtítulo é “Fornecedores da indústria ferroviária juntam-se” e a notícia termina “A iniciativa, que conta com o apoio da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), vai reunir cerca de 50 empresas e instituições, como a Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário (EMEF) e a EFACEC, segundo um comunicado da Alstom Portugal”.

Regresso à leitura do Expresso, e percorro todo o texto da entrevista dada por Ângelo Ramalho, presidente da Alstom Portugal ao suplemento, na expectativa de encontrar desenvolvimentos da notícia anterior e… nada, népia, zero.

Fui-me ao Google pesquisar. Encontrei vários sites fazendo referência à iniciativa da Alstom. Encontrei até o texto do Press Release e encontrei ainda um fórum de discussão no Comboios.org. Aqui é mais explicita a ideia da Alstom, transcrevo: “Apesar da iniciativa ter um âmbito local, a Alstom pretende que os seus resultados venham a ter um cariz internacional, de modo a que as soluções apresentadas pelas empresas portuguesas possam um dia vir a integrar os produtos e soluções ferroviárias da Alstom. «Esta é uma forma de dinamizarmos a indústria nacional», revelou Ângelo Ramalho, adiantando que «a integração de parceiros nacionais nas nossas ofertas» é uma componente bastante importante nas políticas empresariais da Alstom.”

Voltei novamente ao texto da notícia do Expresso e a mesma pessoa responde desta maneira à pergunta”Qual vai ser a vossa presença na Alta Velocidade em Portugal” Resposta: “Temos competência para…bla… bla…bla”. É que o gajo não disse nada. Ou melhor, disse. Disse que ainda é cedo para pensar nisso (Alta Velocidade).
Nessa altura tirei uma conclusão: Um bom jornalista (bom para o PiG) não deve questionar uma multinacional sobre o porquê desta silenciar o que noticiou dias antes. A bota não bate com a perdigota, de facto existem razões para pensar que a Alstom tenha alterado o eixo do seu discurso: Vejamos, ainda que especulativamente, possíveis razões:
1. O presidente da Alstom poderá ter fortes sintomas da doença de Alzheimer e por isso esqueceu tudo o que tinha dito e feito antes
2. O presidente levou um puxão de orelhas da casa-mãe por ter antecipado a estratégia;
3. Sendo uma multinacional, as estratégias mudam. Ponto final;
4. A estratégia não mudou, só que os cadernos de encargos não incluem cláusulas de exigência de garantias para a incorporação nacional e, sendo assim, não vale a pena oferecer algo que não será valorizado nos futuros concursos.

As omissões do Expresso online de 12 de Dezembro

Com esta data, existem vários textos sobre o TGV mas detenho-me no título “ Ernâni Lopes: TGV não deve arrancar no quadro actual”. Este senhor argumenta "Quanto ao TGV, devo dizer que não consigo explicar dentro da minha cabeça uma opção para arrancar no futuro próximo. (...) Essa ideia de que as obras públicas são o sustentáculo da vida política portuguesa, eu não a aceito. As obras públicas são obras para efeitos públicos. Pagas pelos contribuintes ainda por cima. Temos de ter respeito por isso"…

O jornal regista isto e cala-se. Omite-se a ele próprio como tem vindo a fazer ao longo do tempo. Quanto a mim, agora que se aproxima a discussão do Orçamento, as omissões vão continuar. Omissões que são uma forma de mentira. Lembro a crónica do Jorge Fiel.

13 janeiro, 2010

Quero continuar a ser o seu "Yoda"

Por vezes sou desastrado na relação. Com a família, com os amigos e até comigo mesmo. Eu conto o que se passou recentemente. Ainda antes de ter visto o último Prós e Contras, na edição do passado dia 11 de Janeiro, entrei na intimidade de um amigo que tem demonstrado, até aqui, sentimentos que rondam a veneração. Tem insistido, até aqui, em considerar-me o seu “Yoda”. Eu que fiz? Depois de franqueadas as suas portas, olhei seu filhote e ouvi dele lindas e belas canções que andam por aí. Não é que disse, em alta voz, que o pequenito desafinava um pouco? Diz-se uma coisa destas a um pai babado? Claro que não! Mas eu disse. Disse com uma boa intenção. Com a intenção de fazer sentir os riscos de uma educação que cedo incute a cultura dos meninos prodígios, que depois evolui para os jovens prodígios, mas que nem sempre previne a sua preparação para a vida, para lidar com pequenos insucessos.
Boa intenção? De boas intenções estará o inferno cheio. Mas, enquanto não vou para o inferno, gostaria de continuar a ser o yoda do meu amigo.

O que é que tudo isto tem a ver com os objectivos do meu blog? Vejam o que no programa Prós e Contras se diz da educação e dos valores sociais dominantes e encontrarão a resposta.

12 janeiro, 2010

Paineis, paineis, para que vos quereis?

Painel do Expresso - Economia
O chamado “Exame do conselho dos doze” resulta de uma encomenda feita pelo Expresso a uma agencia de comunicação "Farol de Ideias".
No formato deste barómetro constam: 1 texto de enquadramento e 3 perguntas dirigidas:
- ao patrão do Expresso;
- 5 ex-ministros,
- 1 representante dos empresários;
- 1 presidente da Galp; 1 vice-presidente da CGD; 1 industrial de prestigio e…Pinto de Sousa (que julgo não ser o primo do Sócrates).

Periodicamente estes doze magníficos pronunciam-se nesse espaço sobre várias questões. Mas também, por outros lados, quase todos eles lá vão debitando sentenças e respeitosos pareceres. São, de facto, o supra sumo do conhecimento que é necessário divulgar para formar uma opinião pública esclarecida. Procurar mais ou outros? Para quê? Então estes doze não são a elite esclarecida? Trazer para o painel quem?

Painel do Prós e Contras
Ontem, vi algumas caras que não tinha visto. Revi outras que vejo pouco (verdade se diga que não vi algumas que faria sentido que lá estivessem). Ouvi coisas que não tinham sido ditas. Alguns exemplos:
- Peter Villax (administrador da Hovione) falou da cultura do conflito e do papel que a comunicação social tem tido. Diz ainda que, ao viver das diferenças, a imprensa tem levado os principais agentes a gerir a opinião pública e não a Republica… (boa Peter, estou quase a arrolar-te para testemunha que que o PiG existe!)
- José Tribolet (Prof. Catedrático IST e presidente do INESC) assume a onda de que todos devem ser responsabilizados por soluções e questiona: por que não ouvir o movimento sindical, seus contributos e compromissos? (cito de cor, se ouvirem tem mais força…)

Parabéns aos publicitários.
Mas...Para escolher um lado é preciso conhecer todos...


DN, DN. Qual o teu ADN?

No DN de domingo (que só hoje li) vem publicada uma interessante entrevista a Maria José Morgado. A dada altura terá sorrido aos entrevistadores. Coisa única, comentaram estes sem dizerem porque tal terá acontecido… Mas eu sei. Foi quando lhe terão inquirido sobre se sempre era verdade que MJM tenha tido influência nas medidas tomadas por Obama ou na decisão do Papa em dedicar uma encíclica ao tema das offshores (ver o meu post de 2 de Janeiro, Nas perguntas que o Expresso não fez, "As contas offshore vão continuar a engordar?).

Para não parecer um auto elogio, passo à frente e sublinho algumas frases sem as retirar do contexto. A uma pergunta sobre a duração de um caso que, segundo o entrevistador, os jornais já falam que poderá levar sete anos, responde ela assim:

"Isso é misturar notícias com investigação criminal, que são mundos completamente diversos. Faz-se uma notícia num dia, enquanto os crimes podem ser praticados de forma prolongada. Quando falamos de criminalidade complexa e grave, as exigências processuais são máximas e de uma enorme ritualização e complexidade, mas o nosso sistema processual penal não tem condições para essa celeridade. É bom que os portugueses o saibam. E só o desconhecem porque os jornalistas têm observações superficiais a esse respeito".

Progride a entrevista:

"Porquê superficiais?
Trabalham em sistema de bolas incandescentes de mediatização e são pouco analíticos. Mas isso também não me preocupa, porque não sou jornalista falhada, estou preocupada é com a eficácia e justiça ao nível das minhas responsabilidades. E já chega.
Essas bolas incandescentes mediáticas são manipuladas?
Não! Tabloidizam é de tal forma a realidade que impedem as pessoas de as compreender, e passa a existir dois processos diferentes: o mediático e o verdadeiro!

E nunca se fundem?
O processo verdadeiro tem regras a cumprir. Temos um Código de Processo Penal… “


Eu fecho este post avinagrando a conversa: não será possível à informação do Expresso acompanhar o processo verdadeiro?

10 janeiro, 2010

O meu primeiro manguito

Ontem prometi este primeiro manguito ao “The Economist”. Perdão, à parceria que o Expresso firmou com aquela revista. À questão que ontem me preocupava (e hoje continua a preocupar) de o Expresso estar a libertar trabalho da sua equipa de redacção sem a certeza de essa carga vir a ser direccionada para trabalho de investigação, junta-se agora outra. Esta tem a ver já com algumas percepções que me assaltaram com a leitura do artigo “Conseguimos!”. É que parece avizinharem-se mistificações sobre a nossa realidade, de uma forma sub-reptícia mas com o carimbo da qualidade daquela revista. Trata este artigo da mudança operada nas desigualdades de género e, junto ao referido título, destaca-se “As mulheres conquistaram o mercado de trabalho e impuseram profundas alterações sociais em diversos países”. Obviamente que o texto é interessante e bem documentado mas, por alguma razão que eu não entendo, não fala de Portugal. Ou melhor, eu percebo só não entendo é porque foi o Expresso buscar este artigo sem sequer, no mínimo, acrescentar caixa (ou outro artigo, complementar) situando a situação em Portugal.

Assim, cara leitora do meu blog não embarque em triunfalismos! Os 50-50 não vão acontecer por cá tão cedo. Documente-se:
• O Expresso não deu uma linha sobre a campanha da OIT “A Igualdade de Género no Coração do Trabalho Digno”, mas você pode informar-se aqui;
• Faça algum trabalho de pesquisa: vá ao Google e coloque “UGT igualdade de género” e, em passo seguinte faça o mesmo com “CGTP igualdade de género”. Não fique espantada com o volume de informação que os jornalistas desperdiçam, leia. Leia mesmo alguma coisa;
• Pode também aceder aos estudos do Eugénio Rosa, designadamente a este: “A CONTRIBUIÇÃO DAS MULHERES PARA A CRIAÇÃO DA RIQUEZA EM PORTUGAL É CADA VEZ MAIOR MAS AS DESIGUALDADES DE GÉNERO NÃO DIMINUEM”.;
• Assuma um acto de cidadania. Intervenha. Assine a petição “No Modern European Democracy without Gender Equality!

Eu, por mim vou tratar do jantar. Isto cá em casa ainda não é 50/50, mas já anda pelos padrões do “The Economist”.

09 janeiro, 2010

Também farei os meus "manguitos"...

O director do Expresso comentou ontem na SIC e o jornal destaca hoje, com chamada de primeira página, a parceria que se pretende de colaboração progressiva com a revista “The Economist”. Para já, três artigos que apresentam excelentes traduções e ilustrações. Ainda que a tradução tenha sido, presumo, entregue a jornalistas sobrar-lhes-á tempo para outras coisas. Ao fim e ao cabo são três páginas de texto que os deixa de ocupar. Espera-se que o Expresso não cometa a maldade de dispensar ninguém e que essa desocupação seja utilizada para algum jornalismo de investigação.

A seguir à imagem da capa daquela prestigiada revista, coloquei a imagem do que seria a capa da minha, se a tivesse. Tenho este blog e desde já prometo vir a colocar aqui textos alternativos aos que o Expresso foi buscar ao "The Economist".

Os manguitos ingleses não ganharão aos do Bordalo, meu eterno inspirador...

O primo de Sócrates vai deixa-lo negociar com o PSD?


A foto de Manuel Alegre dá destaque à sua entrevista. Não comento o seu conteúdo mas sim a oportunidade. Está na hora. Na hora de pôr alguém na corrida a competir com Cavaco (que já há algum tempo que anda nessas lides).
Mais duas chamadas de primeira página. Não será por acaso que figuram lado a lado. Essa falsa coincidência deve ser entendida da seguinte forma (palavras do PiG): “Caro Sócrates, ou progrides com entendimentos com o PSD ou, em edições futuras, verás a tua prima, a tua tia, o teu tio mais o vizinho dele a depor (vamos descobrir sobre o quê). Se não for o caso destes todos, arranjaremos alguém para nos dizer umas coisas para te manter na berlinda”.

Eu, por mim, estou certo de que no dia o noivo disser o sim e o outro noivo o disser também (ver catoon de António) o Sócrates terá outra imprensa. Outra imprensa não, outras notícias escritas pelos mesmos jornalistas.

08 janeiro, 2010

SOL - “Governo faz ajuste directo à Microsoft” (pág. 14)

À boa maneira PiG, a imprensa golpista tem atacado o Magalhães pelo favorecimento ao fabricante do hardware e, daí, a pôr-se em cheque o Sócrates. Hoje o SOL denuncia o favorecimento na aquisição de software a uma multinacional e, mais uma vez, o Sócrates (governo) fica em “maus lençóis”. Contudo, neste artigo, o SOL dá ao governo (Sócrates) algumas desculpas (lá para o seu cartório) ao citar sistematicamente a Fundação para as Comunicações Móveis com algum distanciamento (embora, em caixa destacada, coloque farpas num assessor desta associação). No texto, aquela Associação afirma que não houve concurso público porque são “os operadores de comunicação que adquirem o software” e que “os equipamentos disponíveis têm, também a opção de software livre". Pessoalmente, tenho prova de que terá havido o favorecimento das multinacionais, por isso peço à equipa de jornalistas que se assumam. Defrontem a verdade, confrontem o Sócrates com o verdadeiro caso digno de ser seguido como “case study”. O Magalhães até suporta o uso de software livre…

Seria interessante que a imprensa semanal desenvolvesse este tema. O PiG deixaria?

Ai SOLidó, SOLidó!

A primeira página faz preanuncio do que acontece de facto: 56 páginas, cerca de um terço é PSD/PS. Muitas páginas sobre Cultura e Media e muitos colunistas: O Santana, o Marcelo, a Catalina Pestana, a Manuel Monteiro, a Margarida Rebelo Pinto, alguns mais e, para compor um ramalhete de inequívoca pluralidade de opinião, o Paulo Portas. Ops! Faltava-me o António Pedro de Vasconcelos. Aliás, tal esquecimento é perdoável pois a sua coluna não está inserida na página de desporto. Se estivesse, lá teríamos que ter todo o “trio de ataque” em cima…
Esmiúço o editorial. Não vou comentar mas apenas vaticinar que o seu conteúdo vaticina o que seria espectável que vaticinasse: Sócrates, vais continuar na berlinda. Só espanto que este editorial partilhasse a paginação da entrevista a Ricardo Gonçalves que foi acusado de palhaço pela Maria José Nogueira Pinto e que aqui, nesta entrevista, diz coisas de… verdadeiro palhaço. Tudo palhaçada? Não, por ventura serão erros de paginação.

06 janeiro, 2010

Ainda assim, parabéns ao Expresso


Parabéns ao Expresso, que continua a merecer a minha leitura atenta desde que nasceu, há 37 anos. Se faço das suas edições objecto constante de avaliação de indícios de informação golpista não é para denegrir a sua imagem de marca, é por razões de prevenção. Pior, muito pior que a gripe A e outras funestas pandemias é o contágio da “cultura golpista” que por aí anda e à qual os jornalistas não parecem estar imunes. Na análise que tenho vindo a fazer, tenho descoberto indícios fortes das acções que imputo serem determinadas pela mão do PiG. Disso mesmo continuarei a fazer denúncia.
Contudo, se o Expresso se mantiver nesta linha, à falta de melhor, continuará a ter-me por leitor. Acho que ainda mantém razoável imagem. Não falo da imagem que quer dar de si próprio mas sim daquela que a ERC deu, em 2007, no seu relatório de monitorização e onde compara o Expresso ao Sol. Aí, em 397 artigos analisados, escreveu-se:

• A maior parte das manchetes do Expresso no período analisado incide sobre actividades de organizações económicas. Quanto aos protagonistas das manchetes, o Expresso destaca, com frequência igual, representantes de organizações económico-financeiras, secretários-gerais e presidentes de partidos. No Sol, as manchetes analisadas dividem-se em igual número por temas da sistema judicial - em especial casos de justiça - e de política nacional – em especial escândalos/irregularidades políticas. Os protagonistas com mais visibilidade nas manchetes do Sol são pessoas envolvidas em processos judiciais e o primeiro-ministro.
• No Expresso, os principais actores da política nacional são os ministros, enquanto no Sol, além dos ministros, identificam-se com igual peso os secretários-gerais e presidentes de partidos. No Expresso, esses protagonistas têm um peso igual de artigos com valência/tom positivo e negativo. Já no Sol, os mesmos protagonistas surgem mais associados a valência/tom negativo do que positivo. Contudo, a grande maioria dos artigos dos dois semanários representa os protagonistas, quer da política nacional quer das outras áreas temáticas
• O Sol apresenta mais artigos com fontes não atribuídas e também com fontes confidenciais do que o Expresso, sendo que este apresenta uma maior diversidade de áreas de proveniência das fontes de informação.
• O tema relações laborais possui referência diminuta na primeira página do Expresso não estando presente em qualquer artigo do Sol. Também os actores desta área possuem presença reduzida nos dois semanários, sendo menor no Sol. O Sol não tem, no período analisado, artigos com fontes da categoria relações laborais. O Expresso regista quatro artigos em que recorre a estas fontes, maioritariamente, centrais sindicais, federações e sindicatos.
• Nos artigos com fontes da economia, finanças e negócios, as grandes empresas e grupos económicos constituem as fontes mais frequentes de ambos semanários, seguidas, por ordem de saliência, pelas organizações económico-financeiras. Estas duas subcategorias têm maior peso em termos proporcionais na amostra do Sol.

Pena que este tipo de monitorização se tenha deixado de fazer (ver relatório na integra). Também andará mão do PiG lá pela ERC?

05 janeiro, 2010

Expresso Economia promove venda da CP Carga?

O artigo "CP gera poupança ambiental de €137 milhões", publicado na edição de 31 de Dezembro, começa assim:
"Assumindo que cada camião de médio curso carrega cerca de 25 toneladas de mercadorias, a carga transportada em 2008 pela CP no eixo Lisboa-Porto equivaleu ao movimento de 351.600 camiões. Assim sendo, só na linha do Norte, que é o corredor de maior tráfego em Portugal, a CP Carga considera que gerou uma poupança ambiental superior a 137,5 milhões de euros..."
O texto continua, desenvolvendo vasta informação sobre o esforço continuado na redução de emissões de CO2. Aproveita esses dados para nos fornecer outros dados, igualmente detalhados, sobre volumes de carga transportada. Finaliza o artigo pondo em confronto as vantagens competitivas... não, perdão, sobre as economias de CO2 em comparação com a utilização do modo rodoviário. Nessa mesma página, sob a imagem de uma locomotiva, coloca uma legenda que nada tem a ver com CO2: "O sector foi liberalizado e a CP Carga enfrenta a concorrência privada, designadamente da Takargo Rail (Grupo Mota Engil)". Ainda na mesma página, dá conta de um caso que, por acaso (?) dá exemplo de uma tendência do mercado. Refiro-me ao artigo "Ikea troca camiões por comboio".

Penso em tudo o que li e não posso deixar de me interrogar se toda esta página não volta a colocar o estratagema da minha sogra. Sigam o raciocinio que fiz no extenso artigo em que comentei uma outra notícia. esta no >Economia de 12 de Dezembro, com o titulo "Até o CO2 já é amigo do TGV".Eis o meu texto:

Introdução – A minha sogra, senhora que já fez 89 anos, sofre de várias maleitas e mazelas. Toma vários comprimidos, drageias e xaropes. Na ânsia de prolongar a sua boa longevidade não falha. Acontece que, sofrendo (também) do estômago, encontrou uma forma engenhosa de se proteger. O que faz? Vejam só. Prepara uma papinha, envolve o agressivo comprimido na dita e, cá vai disto. Passa-lhe pelo estreito e, deixando um rasto de agradável sabor a Maizena, lá chega aos seus fluidos estomacais, sem lhes desencadear a hedionda acidez…
Ao ler “Até o CO2 já é amigo do TGV” não consegui afastar a ideia da forma engendrada pela minha sogra para tomar a sua droga mais violenta, que descrevi na introdução a estas notas. Não sei onde o autor foi buscar a ideia, mas que ela se aproxima do que aquela velhinha faz, lá isso é verdade. Vejamos:
- A papinha – O autor do artigo descreve a iniciativa ambientalista do “Expresso do Clima”, de Bruxelas a Copenhaga, em tom doce. Inicia o texto com referências a uma canção de Tom Jobim (que, tal como a “Maizena”, quase todo o mundo gosta) e termina fazendo a promoção indirecta do transporte ferroviário e a necessidade de penalizar com a “Euro-vinheta” o transporte rodoviário. De permeio fica a reportagem da sua tranquila cavaqueira com responsáveis da CP e da RENFE a propósito de isto e mais aquilo, mas tendo como fio comum: os méritos da AV ambientais e o bom entendimento entre aquelas duas empresas públicas. É de facto uma papinha doce. Azedava-se a papa caso o texto referisse o impacto que a AV terá na redução de passageiros que hoje utilizam o transporte aéreo entre as cidades que irão ser servidas (cita, lá longe, que entre Roma e Milão terão sido 50000, em 50 dias). Mais azeda ficaria ainda, se discorresse sobre esse impacto e o projecto de construção do novo aeroporto ou sobre decisões sobre auto-estradas, traçados de AV, sem se partir de um Plano Estratégico de Transportes como instrumento orientador desses investimentos e das opções estratégicas que as suportam. Com estas omissões, só se fala de emissões. Papa boa, portanto.
A droga – Assegurada a adocicada papinha, o autor do texto meteu a pílula lá dentro. Tomada assim, como vimos, evita a azia. Mas qual é, afinal de contas o fármaco em questão? Transcrevo duas partes: “Dentro de poucas semanas a ligação Lisboa-Madrid estará liberalizada” e “Mantém-se tudo em aberto” (relativamente à eventual criação de uma empresa mista CP e RENFE). Qual a substancia activa deste fármaco? É o modelo de negócio para a exploração da AV, nem mais. Ainda mal definido, é substancia para criar forte azia no estômago do contribuente. Nesta altura do campeonato ainda se colocam dúvidas na parceria com a RENFE mas já se rejeita um exemplo inovador como é o TGV Est, que liga Paris a Estrasburgo (300 quilómetros).

04 janeiro, 2010

PME, semanários e seus suplementos económicos


Se as multinacionais podiam viver sem os semanários?
Poder, podiam!... mas não era a mesma coisa!

Anda Carvalho! (não! Os carvalhos não andam!)
Anda Silva (não! As silvas, por selvagens, não vão assim...)
Então de arruaceiro e fura greves, na imagem de cima, não vens à mão, na imagem de baixo, onde até te colocamos ao lado de gente credivel?
Até te pusemos a falar sobre as PME.
Nunca (ou poucas vezes) falamos desse vasto e desinteressante universo da tua economia (não da nossa). Até te damos a hipótese de representar essa gente. Vê só a importância que te estamos a dar. Nunca (ou poucas vezes) facultamos entrevistas a dirigentes desse patronato. Não entram nos nossos painéis, papeis, entrevistas e revistas. Entras tu. Mas se fazes as pazes com o motor da tua correia de transmissão, tás feito. Nem te atrevas a desmentir o que dizemos no primeiro caderno do Expresso. Anda Carvalho Silva.

03 janeiro, 2010

Diário de Notícias hoje surpreendeu o PiG

O DN de hoje publica um artigo onde se afirma, em destaque, "A riqueza em offshores aumentou 2,5 mil milhões de euros. Banco de Portugal quer saber quem é quem".

Ontem, no post "As perguntas que o Expresso não fez-III" sugeria a importância de ser colocada uma, na área da justiça. Foi esta "Será que as contas offshore vão continuar a engordar?". Julgo que o autor do artigo não terá tido tempo para ler esse meu post e, de seguida, ter feito alguma investigação, redigir a notícia e, por fim, fazê-la entrar na edição. Por isso, o meu blog não terá induzido o jornalista a desenvolver o texto. Admito que o autor partilhará as mesmas preocupações que eu. Veja-se, na notícia, que a massa que anda por lá e que está fora da alçada do "fisco" daria para pagar dois aeroportos como o de Alcochete ou, em alternativa, anular o défice orçamental. Depois de referir a ligação entre estas coisas de meter a massa nos paraísos fiscais e as ocorrências de ilícitos, dá conta das iniciativas do Banco de Portugal para resolver alguns problemas e, também, as limitações com que se defronta para a sua efectiva resolução. Para ultrapassar estas limitações, veremos se pode contar com o governo que até tem usado “os paraísos fiscais”. Parece, que até aqui, o PS considera a existência de bons e maus offshores...

02 janeiro, 2010

As perguntas que o Expresso não fez - III

PERGUNTAS NA ÁREA POLITICA
A pergunta 2 "José Sócrates vai fazer um acordo com o CDS?" seria mais correctamente argumentada se o Expresso o tivesse considerado inevitável. É que a informação golpista não vai parar de massacrar Sócrates nas primeiras páginas dos jornais. O PiG não perdoa o facto de Sócrates não seguir a recomendação de governar com a direita

Em vez da pergunta 4 - "Passos Coelho vai tomar conta do PSD?" deveria ter perguntado: "Vai o PSD conseguir afirmar a sua identidade?". Vejamos, no DN de 30 de Dezembro, reputados comentaristas e politólogos como são Soromenho-Marques, João Cardoso Rosas e André Freire dizem que a liderança está longe de ser o principal problema do partido - que é o da definição de uma identidade distintiva face ao PS. "É um problema de não ter função". Durante as campanhas eleitorais a CDU repisava esta tese, afirmando que entre as políticas do PS e do PSD não haver significativas diferenças. Outras vozes se lhe juntaram...

PERGUNTAS NAS ÁREAS ECONOMIA & FINANÇAS
Falta a pergunta 14-A "Em consequência do agravamento do preço do petróleo, justifica-se o novo aeroporto?. Ao admitir que o preço do barril para 90 dólares, irão confirmar-se os pressupostos de aumento do tráfego aéreo? Circula por aí uma petição que coloca esta pertinente questão. Não o faz associando a conjunturas de aumento do preço mas sim à sua escassez.

Falta a pergunta 21-A "A situação do BCP não vai colocar em risco o nosso sistema financeiro?" O facto do maior banco privado português estar na mão de meia dúzia de clientes e o Banco de Portugal quer conhecer exposição do BCP à dívida da Mota-Engil que atinge quase 2 mil milhões de euros são aspectos preocupantes? Acresce outro facto: o “BCP foi inquirido, há alguns anos, pelo BdP sobre a sua exposição ao risco do grupo Teixeira Duarte, com a agravante de esta empresa ser grande accionista da instituição financeira, o que não acontece com a Mota-Engil. Em causa, estavam, os créditos dados pelo BCP à Teixeira Duarte e à Cimpor, e que era controlada, em termos de gestão, pela construtora”.

Falta a pergunta 25-A "Que semanário irá analisar os problemas das PME?". Isso mesmo, a seguir à grande pergunta 25. Nesta, questiona-se se as privatizações vão continuar. O Expresso quer ter as Grandes, Muito Grandes e Enormissimas Empresas, atentas ao que se vai passar. Quanto às Nano,Mini,Micro,Pequenas e Médias Empresas o Expresso... zero, nada,nicles. Será que vão existir em 2011? Que raio! São muitas (255 Mil empresas = 99,6% das empresas nacionais.2 Milhões de postos de trabalho = 3/4 do emprego criado).

PERGUNTAS NA ÁREA SOCIEDADE
Falta a pergunta 31-A "Vai haver avaliação dos jornalistas?" ou, com outra formulação: "O que vai passar a ERC a fazer para assegurar uma comunicação condizente com a sua Missão?" ou ainda "Será que vai actualizar o seu site para eu poder cumprir melhor os objectivos do meu blog?" (ver monitorização da imprensa)

PERGUNTAS NA ÁREA DA JUSTIÇA
Falta a pergunta 47-A "As contas offshore vão continuar a engordar?". Esta pergunta esperava que constasse. Isto porque o Expresso publicou, na sua edição de 28 de Novembro o artigo “Fuga recorde para offshores” dando conta da "pipa de massa" que andam por lá. Eu, na altura, comentei para o meu painel de juízes. Brinquei com o facto do autor do artigo não ter contextualizado o tema nas sua diversas vertentes. Dei àquelas notas o subtítulo "O capital não tem Pátria! Nem Mátria! Coitado, é órfão…". Passo a transcrever partes desse meu escrito trocista:
Maria José Morgado escreve à assessora de Obama e ao Papa Bento XVI, sobre o ranking dos crimes mais rentáveis que recorrem às offshore (ver aqui). Obama, após ouvir atentamente a missiva e troca de impressões com a assessora, escreve e divulga comunicado sobre as medidas para limitar os benefícios das contas offshore nos EUA (veja notícia no blog do Times). Ainda segundo o Times o Papa Bento XVI está preparando uma nova encíclica que terá um capítulo especial intitulado "Fraude e Fisco" onde fará condenação moral dos actos fraudulentos e dos paraísos fiscais que se abrem à ocultação de patrimónios. Algumas fontes afirmam que a nova encíclica se inspira nos textos que Maria José Morgado fez chegar ao Vaticano.

As perguntas que o Expresso não fez - II

Vão ser branqueadas as responsabilidades que os países ricos têm sobre a situação da fome?

01 janeiro, 2010

As perguntas que o Expresso não fez - I


Cem perguntas. Excelente ideia e bem ilustrada. O texto ocupa 6 páginas, que devorei. Contudo, não fez algumas perguntas cujas respostas incomodam todos os que aguardam que a verdade concorra para alterar este estado de coisas. Lá terei que amanhã fazer o meu exercício de identificação avinagrada. Hoje, fico-me por comentar uma única pergunta: a 86ª. A fome vai acabar? Pasmo com a parte final do texto. Lá se diz: “…os países mais ricos ou populosos, da Arábia Saudita à Índia ou Coreia, multiplicam as compras e os alugueres de terrenos agrícolas na África e na América do Sul, gerando tensões locais”. Isto não branqueia as responsabilidades que os países ricos têm sobre a situação actual? Não haveria aqui lugar a uma outra pergunta, do estilo “Regresso a novas formas de colonialismo perpetuam a fome?”

Sol de inverno não tem calor (como dizia a canção)

Abro o Sol, ao sol. Este primeiro dia de 2010 teve manhã soalheira. Depois de uma leitura distraída pelo editorial com o título “Um ano histórico” retenho o anúncio de que o Sol passará a ser mais caro. Interrogo-me: “mas o sol não era de borla?”. Retenho, também, um parágrafo “A consciência da nossa qualidade informativa, consubstanciada semana após semana pela liderança da agenda noticiosa, foi um tónico poderoso”
Com este registo, iniciei na página 2 “Uma viagem por 2009”. Percebi que o “tónico” referido no editorial não tinha nada a ver com Gin. A viagem é ilustrada por 17 primeiras páginas do Sol publicadas no ano histórico (das 52 possíveis). Pressuponho que a selecção tenha relação com a reclamada “liderança da agenda noticiosa”. Tem com certeza. Vejam só: das 17, 11 primeiras páginas colocam Sócrates pelas “ruas da amargura”; 4 andam lá perto e apenas uma dá essa mensagem de forma mais subliminar. Em destaque, o texto afirma tratar-se de jornalismo de investigação. Aguardo acesso à tese do jornalista que consta do meu rol de testemunhas de existência do PiG para subscrever a verdade dessa afirmação.

Quero continuar a minha atenta leitura e viro para a página 4. Tropeço no título “O ano do cozido à portuguesa”. Aqui paro. Depois de fritos e bolo-rei, todo o tipo de salgadinhos e camarão bem regados de bom vinho e espumoso de fazer “pum” apetecia de manhã uma boa salada avinagrada. Agora cozido? O Sol não percebe que a malta está empanturrada?

Para os meus leitores, desejo de