23 outubro, 2012

Medina Carreira, de comentador encartado a palhaço-sério...


De comentador encartado a palhaço-sério...

Ouvi atentamente Medina Carreira com um colega seu, a seu lado (tipo eco), a malhar forte e feio naquela coisa que se prepara para ser obrada. E porque não cortar na despesa, assim? E porque não cortar na despesa, assado? Porque este governo, assim. Porque este governo, assado. E assim foi durante não sei quantos minutos a fio e de onde se conclui que o homem, o que advoga, é que não há dinheiro para macacos viciados e que isto é um circo cheio de vícios incutidos por uma constituição que está datada e que hoje já não vale nada. Diz o comentador encartado (agora palhaço-sério), mais ou menos isto: este governo vai gastar demais na saúde, no ensino e no Estado social. Ponto Final. Ponto final, pois. Porque o  este palhaço sério, que já vive há muito do circo, omite como se sai do vicioso circulo... (ver resumo)

Claro que o homem falava sem contraditório. Não parecia nada mal colocar alguém que tirasse o palhaço do sério e lhe espetasse pelos olhos dentro a realidade da despesa monstruosa que cresceu à custa do circo e que, não por acaso, o Medi(ci)na omitiu: 
"O debate sobre a despesa pública está há muito inquinado por dois grandes erros de percepção. O primeiro corresponde à imagem da administração pública como um conjunto de repartições onde nada se faz de útil, quando maioritariamente é constituído pelo conjunto de pessoas e estruturas (como escolas e centros de saúde) que asseguram muitas das funções que permitem que vivamos numa sociedade minimamente decente. O segundo erro de percepção diz respeito à distinção entre a qualidade e o volume da despesa. A melhoria da qualidade da despesa deve ser uma preocupação de todos, sobretudo a partir de uma verdadeira posição de esquerda, tendo em conta a forma como a despesa pública tem crescentemente vindo a ser determinada pela promiscuidade entre os poderes político, económico e financeiro (como ilustrado pelos casos mais flagrantes das PPP, do BPN ou da privatização de monopólios naturais). Porém, a preocupação com a qualidade da despesa não deve levar à conclusão errada segundo a qual o volume total da mesma - e sobretudo o défice - devem ser cortados de qualquer forma e em qualquer momento. 
O Orçamento de Estado para 2013 consegue o pior em todas estas frentes: é profundamente pro-cíclico (tendo em conta a carga fiscal brutal e o saldo primário visado, no contexto de uma gravíssima crise económica e social) e afecta a qualidade da despesa da pior forma (sacrificando ben públicos essenciais para o desenvolvimento e bem-estar). Onde cortar, então? Naturalmente, no mais inútil dos ministérios: o ministério do serviço da dívida. Tem um orçamento superior à Saúde e à Educação, corresponde à sangria de recursos do país numa altura crítica (aprofundando por isso a recessão) e tem como única função adiar uma reestruturação que todos sabemos já ser inevitável, dada a relação entre o volume da dívida, os juros reais e o (de)crescimento a que estamos condenados por esta via. Teria consequências? Sim. Será inevitável mais cedo ou mais tarde? Sim. Seria preferível fazê-lo já? Certamente." 
ALEXANDRE ABREU, in "Ladrões de Bicicletas"

6 comentários:

  1. O oportuno e claro artigo de A. Abreu contrasta com o disco rachado do catastrófico eco...

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  2. Esse senhor não diz o que sabe, mas pior é que não sabe o que diz!

    Cortar na saúde e na educação? E no Estado social?

    Este ex-ministro das Finanças do Governo socialista, mais tarde apoiante de Cavaco, critico do ensino que agora diz estas enormidades (sem alternativas, diz bem) devia dizer, por exemplo, as reformas que tem, os eurinhos que recebe por estes disparates e coisas assim.....

    Abraço

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  3. Não vou repetir o teor dos comentários anteriores, que disseram tudo.

    Acrescento, A RUA É NOSSA e o PAÍS TAMBÉM!

    Beijo

    Laura

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  4. Outro palhaço?!
    Então esse bateu o Marcelo? ahahah!!

    Espere o circo pegar fogo e vai ver o que vai ser feito dos palhaços!

    CRETINOS!!

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  5. De facto, agora não faltam "visionários"... Limitados no ver ou especialistas no esconder?


    Lídia




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  6. Também ouvi. Um bocado - porque não aguento estes arautos da desgraça que agora sabem tudo mas que, quando teria sido preciso, nada de jeito disseram ou fizeram. Fico doente! Para estes fulanos cortar na despesa tem de ser sempre na saúde e na educação. FDP (fãs dos popós, claro!)

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