23 novembro, 2012

Poesia (uma por dia) - 1

IMAGEM - The Charnel House - Pablo Picasso 1944/45

NAVALHA OBLÍQUA EM BECO SEM SAÍDA 
 (Em soneto de nove sílabas métricas)
É tão crua esta oblíqua navalha
Que apunhala os sentidos da gente,
É tão suja, é tão vil que não falha;
Assassina e… disfarça, inocente!

Se debalde lhe foge a canalha
Que afinal lhe foi sempre indiferente,
Ela fixa, encurrala e estraçalha
Cada um dos que em fuga pressente…

Mas que importa a navalha cruenta
Do poder que nos quer degolar
Se outra força imperiosa argumenta

Numa voz que até mortos sustenta
E nos diz que é morrer ou lutar
Se, à traidora, nem sangue a contenta?

Maria João Brito de Sousa  /  PekenasUtopias

9 comentários:

  1. Sinto-me sinceramente honrada, Rogério! Muito obrigada!

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  2. Não conhecia nem a poetisa nem o belo e forte soneto!
    Uma força demolidora essa navalha oblíqua, que me deixou um nó na garganta...
    Parabéns à autora e obrigada a si, Rogério, pela partilha desta maravilhosa poesia.

    Um abraço.

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  3. Nem sabes o bem que me faz!
    Gosto da poesia da Maria João. O livro dela é lindo!

    Obrigada.

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  4. Iniciou esta abordagem à poesia com um soneto forte.

    Parabéns à autora e a si.

    " ... é morrer ou lutar" neste ' beco sem saída'

    Beijo

    Laura

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  5. Belíssimo!
    A partir desse objeto agudo e sibilante que temos sobre as nossas cabeças.

    Lídia

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  6. um poema muito actual da Maria João Brito de Sousa.

    parabéns pela escolha.

    bom fim de semana.

    beijo

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  7. Palavras cortantes e ditas com mestria. Imagem a condizer.

    E está inaugurada esta nova rubrica...
    Ficamos à espera de mais.


    Beijinho e bom fim de semana
    (^^)

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  8. Belíssimo.
    "Eu hei-de morrer um dia na ponta de uma navalha..."

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  9. Muito bom! Muito adequado ao momento. Obrigada por me apresentar a autora. Vou bisbilhotar-lhe o blog...

    Começa bem a maratona de poesia, uma por dia!

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