28 novembro, 2012

Poesia (uma por dia) - 5

  Vladimir Kush

ÁRIA BREVE PARA ALUMIAMENTO DE SOMBRAS
Semeio-te, sonho, nas sílabas solares
desta sala iluminada onde o tempo
dobrado ao lado da manta, no sofá
nos propõe depor canseiras
e cansaços.

Torna-se lúcida a imaginação
E por isso o meu poema é
tecido nas linhas certas
de talhar desacertos e
inseguridades.

Em breve
nada compensará
o anseio da terra
no inconformismo
das mãos.

Sabemo-lo.
Colhemos assim
os últimos frutos do verão e
enganamo-nos deliberadamente
quanto à doçura ressequida da polpa,
uns procurando poupar os outros
porque somos folhas
de um só ramo às portas
do inverno.

Aprendemos juntos a não chamar brisa
ao vento destruidor que nos varre
nos derruba, nos divide,
nos engole.

Criamos um plano de invencibilidades
como um mapa de incontornáveis
afectos sem fronteiras
no qual poderemos
viajar sem nunca
nos perdermos.
Lídia Borges / Seara de Versos 

10 comentários:

  1. O que seria de nós se perdêssemos a capacidade de sonhar!?
    É no sonho que traçamos objectivos, é nele que encontramos o conforto nas adversidades, é nele que encontramos de volta o caminho de casa.

    Não só o poema é belo e de uma enorme lucidez, como a forma de o apresentar é muito interessante.


    Um beijinho para Ti... e outro para a Lídia Borges.

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  2. E eu a tentar perceber onde tinha lido isto ontem... já estava a ficar baralhada!

    ;)

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  3. Obrigada, Rogério!...

    Escrito assim, do outro lado, para mostrar que há lados diversos de olhar.

    Um beijo

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  4. Gostei deste texto poético, nascido sob o aconchego de uma manta, onde se depõem canseiras e cansaços!
    Há que dar tréguas à insegurança do futuro e aos ventos destruidores, levando em frente a esperança de dias de viagens com rumo!
    Termino, como sempre, parabenizando a autora e agradecendo-lhe a si, Rogério, esta iniciativa tão do meu agrado.

    Beijinhos a ambos.

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  5. .

    .

    . a poesia . em parte ou no todo . tem esta vertente assertiva .

    .

    .

    . amanhã . dia 29 . o intemporal faz anos . caso queira comparecer .

    .

    .

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  6. Um poema belíssimo.
    Mas quero acreditar que chegará o dia, em que será o vento a "segar" o sonho e a anunciar a esperança de uma nova realidade.

    Abraço

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  7. já tinha lido este poema noutro palco.

    a Lídia escreve muito bem.

    um beijo
    :)

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  8. Já comentei ontem o poema no blogue da autora, por isso me limito a deixar-te desejos de boa noite, rrss

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  9. excelente escolha. gostei muito de ler aqui...

    um belo poema de uma grande Poetisa...

    abraços

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  10. Bem à maneira da nossa querida Lídia! MUITO BOM!

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