Com chamada de primeira página, saiu um extenso artigo usando um estudo antigo (pré-troika) para fazer vingar uma tese moderna... O tal estudo "data de 2010, ano em que José Sócrates governava e António Dornelas, do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do ISCTE e ex-secretário de Estado de António Guterres (e, insuspeito, participa agora em tribunais arbitrais sobre pré-avisos de greve), dizia "que "não há uma causa única" para este declínio da participação nos movimentos colectivos de protesto". (todo este texto foi + ou - copiado daqui)
Não havendo uma causa única há uma que se destaca, a "chantagem" dos patrões e os apertados orçamentos familiares: "Uma sondagem da Universidade Católica Portuguesa, divulgada no início do mês, indica que 59% dos portugueses apoiam a greve geral marcada para a próxima quarta-feira, embora apenas um terço tenha afirmado que vai aderir. A indisponibilidade em fazer greve é menor nos funcionários públicos (26%) do que entre os trabalhadores precários (só 7% admitiram aderir)." - a sondagem referia-se a uma greve geral realizada em Novembro de 2010.
Claro que o artigo antigo e o destaque agora dado pelo Expresso não é inocente e alimenta argumentos de certa gente, e até de um meu amigo que, de pronto, se põe a discorrer sobre os malefícios do sindicalismo. E cismo...
Cismo no que lhe responderam e no que eu lhe disse (mais ou menos isto):
Desligar a evolução do sindicalismo da hecatombe que ocorreu no aparelho produtivo é ser pouco sério na análise das questões sindicais. Ignorar que a terciarização da economia colocou a precariedade num lugar em que a entidade patronal passa a ter poderes ilimitados, é querer ser cego e cegar quem queira pensar. Ignorar que a grande malha de empresas é constituída por unidades em que o patrão é também empregado, é um erro deliberado... O afundamento da economia retrai a luta mas não a mata. O medo será ultrapassado. Tarde ou cedo. Mais cedo que meu amigo espera e o Expresso deseja...
(imagens com dados da pordata)
Rogério,
ResponderEliminarnão vou discutir a validade das tuas teses quanto às causas da "hecatombe sindical". Até nem discordo totalmente embora me pareça redutor pôr o ênfase no medo.
Antes de me reformar fui, como sabes, responsável por uma empresa com cerca de 50 jovens licenciados. O que mais me espantava é que era eu, durante almoços ou convívios, o único que referia a existência de sindicatos e mesmo o dia-a-dia da política.
E não era por medo pois, no caso em apreço, todos sabiam que eu tinha sido dirigente e militante sindical e, portanto, que nunca exerceria qualquer perseguição (poderiam até pensar o inverso).
Ou seja, a vida é muito mais complicada do que esta lógica de de "os bons"e "os maus". Mas adiante...
Mesmo que admitamos que tens toda a razão, eu também tenho. Se tudo mudou como dizes e os resultados foram os conhecidos prova-se, como eu digo, que o sindicalismo não foi capaz de encontrar respostas.
Fernando
ResponderEliminarO meu texto não reduz a questão ao medo...
É tão válido o estudo feito pelo Dornelas como a sondagem da Universidade Católica (ou se calhar não)... a (minha) grande tese é a profunda alteração no tecido económico onde as cinturas industriais deram lugar às catedrais do consumo e ao desenvolvimento do sector terciário... ouve uma alteração profunda na estrutura social da sociedade portuguesa a par das práticas de precarização do trabalho... se os sindicatos podiam fazer alguma coisa para evitar isso? Ó meu caro amigo... nem sei o que te diga...
Rogerio,
ResponderEliminarAchei bem colocada a sua visão! Eu não o faria tão bem...
bjsMeus
Catita
Meu amigo...sabes que há jornalismo...e Jornalismo!
ResponderEliminarConcordo contigo
Rogério,
ResponderEliminarGostei muito do artigo e considero que os sindicatos foram fundamentais na aquisição progressiva dos direitos dos trabalhadores que eram há algumas dezenas de anos atrás praticamente inexistentes.
Abraço
A Luta pela conquista e consolidação dos direitos dos trabalhadores, foi dura e extremamente difícil.
ResponderEliminarTal como está a ser dura e difícil a manutenção desses direitos.
Mas Sindicalismo é isso mesmo: Luta permanente!
O jornalismo , tal como diz a nossa amiga Blue Shell, divide-se em bom e nem por isso.
ResponderEliminarHá muito medo , principalmente no privado; há muita falta do dinheiro...e, francamente, pensso que o sindicalismo (eu fui dirigente sindical) deveria repensar( -se) certas questões.
Se a quem faz greve , o respectivo sindicato pagasse o vencimento, talvez uma greve de vários dias conseguisse fazer tremer a sério o Governo de tirno.
Fica bem
Tudo se move
ResponderEliminarmas sem sindicatos seríamos
um deserto
a arremessar calhaus
assim e porque tudo se move
seremos nós organizados
a decidir àcerca das pedras
e das suas alternativas
Fiz todas as greves. Tornei-me dirigente sindical.
ResponderEliminarDou-te razão!
Independentemente de concordar ou discordar do que aqui escreve ( e na generalidade concordo...) a verdade é que o sindicalismo tem de se adaptar aos tempos actuais e isso não está a ser fácil.
ResponderEliminarQuanto à notícia do "Expresso", não me pereceu que tivesse a intenção que lhe atribui, mas admito que seja eu a estar enganado. De qq modo, nos números ninguém de bom senso pode acreditar.