O último acto será a resposta justa, dos humilhados e ofendidos
PENÚLTIMO ACTO
A noite em fundo
e o desalento prostrado
à boca de cena
A acusação nos rostos
cortados em tão pouca vida...
A penumbra sobre o palco dói!
E os olhos cheios de palavras:
Não quero as roupas usadas,
os sapatos que os vossos pés desprezaram,
o gesto de lavar culpas nas vossas mãos.
De que servem as orações, as confissões
se até esta sopa quente que me dais,
esta sopa que, na noite gélida, me aquece, me salva,
tem o sabor amargo da contrição.
O que quero eu? Sabeis o que eu quero?
A vida que me roubais
a coberto da mentira,
das vossas pseudo-filosofias
das vossas fomes e iras...
Sabeis o que quero?
Romper as vossas leis de uma só face
A vossa hipocrisia que castra
o meu legítimo direito à decência.
Porque fingis querer agora salvar-me
esquecidos que sois do motivo
por que devo ser salvo.
No teatro diário, no palco ou na plateia
todos são actores. O texto é a vida.
É bom que se leia.
Gosto... mesmo muito!
ResponderEliminarNão quer ler a minha resposta ao seu comentário, Rogério, antes do corte das nossas relações diplomáticas?
ResponderEliminarNão sabia, que a Lidia Borges também era poetisa, pensei sempre que ela só escrevia prosa.
É um poema que tudo diz!
ResponderEliminar«O que quero eu? Sabeis o que eu quero?
A vida que me roubais»
Extraordinário.
Beijo grande
Muito, muito bom! Só mesmo a Lídia para escrever assim!
ResponderEliminarBoa escolha.
E cai o pano com estrondo. Segue-se um pequeno intervalo. Até já!
ResponderEliminarExcelente, Rogério
ResponderEliminar"Sabeis o que quero?
Romper as vossas leis de uma só face
A vossa hipocrisia que castra
o meu legítimo direito à decência."
Abraço
José Luís
ResponderEliminarA imagem que escolheu deu ao texto a força que lhe faltava.
Obrigada!
Lídia
Um poema arrancado da alma! Perfeito!
ResponderEliminarbeijinhos aos dois
nos versos escorrem as dores e as ânsias...
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