06 novembro, 2012

Sophia

Clique na imagem
Esta Gente
Esta gente cujo rosto
Às vezes luminoso
E outras vezes tosco

Ora me lembra escravos
Ora me lembra reis

Faz renascer meu gosto
De luta e de combate
Contra o abutre e a cobra
O porco e o milhafre

Pois a gente que tem
O rosto desenhado
Por paciência e fome
É a gente em quem
Um país ocupado
Escreve o seu nome

E em frente desta gente
Ignorada e pisada
Como a pedra do chão
E mais do que a pedra
Humilhada e calcada

Meu canto se renova
E recomeço a busca
De um país liberto
De uma vida limpa
E de um tempo justo

Sophia de Mello Breyner Andresen, in "Geografia" 

11 comentários:

  1. Meu caro
    Quase sem tempo para blogar, passo aqui para beber as palavras da Sophia e ler os posts atrasados.
    Até breve

    ResponderEliminar
  2. Caro Rogério
    Escolha certeira!
    Abraço
    Rodrigo

    ResponderEliminar
  3. Tão verdadeiro!!!
    Sofia, sempre actuale com um olhar cirurgico sobre a sociedade.

    Abraço

    ResponderEliminar
  4. Deixou-nos Sophia, Obrigada.

    Dou-lhe esta frase:

    "Ter escravos não é nada, mas o que se torna intolerável é ter escravos chamando-lhes cidadãos.", Denis Diderot

    Beijo

    Laura

    ResponderEliminar
  5. Como eu gosto de Sophia!
    Faria hoje anos...
    A minha mãe tê-los-ia feito ontem!

    Abraço

    ResponderEliminar
  6. Bonita homenagem, hoje que seria o seu aniversário! E sempre pela sua genialidade.
    Agradeço o carinho lá pelo Sentidos.
    Beijo

    ResponderEliminar
  7. bonita homenagem e um poema muito belo.

    obrigada!

    beij

    ResponderEliminar

  8. Lutou, tentou, insistiu, acreditou, sonhou...
    A sua obra reflecte a sua vida.

    Morreu desencantada.

    Lídia

    ResponderEliminar
  9. Uma iluminada esta Senhora.
    Tudo o que ela escreveu é perfeito!

    beijinhos

    ResponderEliminar